O gelo do mar Ártico atingiu este ano uma das suas extensões mais baixas, reforçando uma tendência de décadas de redução e afinamento. De acordo com os investigadores da NASA e do National Snow and Ice Data Center (NSIDC), o valor mínimo foi registado a 11 de setembro, com a área coberta por gelo no Hemisfério Norte reduzida a 4,28 milhões de quilómetros quadrados. A medida está cerca de 1,94 milhões de quilómetros quadrados abaixo da média de 1981 a 2010.
Esse volume de gelo, que oscila ao longo do ano devido ao derretimento no Verão e à formação de novas camadas no Inverno, é monitorizado por cientistas para entender a resposta do Ártico à subida das temperaturas. As observações feitas desde o fim da década de 1970 mostram que o gelo está a derreter de forma cada vez mais acentuada e a formar-se em menor volume nessas duas alturas.
Este ano, a extensão mínima de gelo no Ártico foi a sétima mais baixa desde o início dos registos por satélite, embora acima do recorde mínimo de 3,39 milhões de quilómetros quadrados em 2012. Contudo, o declínio contínuo é inegável: desde o início das medições por satélite, a região perde, em média, cerca de 77.800 quilómetros quadrados de gelo por ano.
Veja o vídeo preparado pela NASA
Além da diminuição, o gelo ártico também está a ficar mais “jovem” e fino. Segundo Nathan Kurtz, chefe do Laboratório de Ciências Criosféricas da NASA, a maior parte do gelo atual é de primeiro ano, sendo muito menos capaz de sobreviver aos meses mais quentes.
"Hoje, há muito menos gelo com três anos ou mais", disse Nathan Kurtz. Dados recolhidos por altímetros em satélites da NASA revelam que o gelo mais antigo e espesso já foi perdido. Longe das costas, a espessura média do gelo no ártico central caiu de 2,7 metros em 1980 para 1,3 metros em 2024.
No outro extremo do planeta, o gelo do mar antártico também registou níveis preocupantemente baixos. Durante o inverno do Hemisfério Sul, época em que o gelo deveria estar a crescer, a extensão máxima está projetada para pouco mais de 16,96 milhões de quilómetros quadrados, abaixo da média de 18,71 milhões de quilómetros quadrados registada entre 1981 e 2010.
Antes de 2014, o gelo na Antártida estava em ligeira ascensão, crescendo cerca de 1% por década. Contudo, após um pico naquele ano, o crescimento entrou em declínio acentuado, sugerindo uma mudança nas condições do Oceano Austral, provavelmente devido ao aquecimento global.
"Embora as mudanças no gelo marinho no Ártico tenham sido drásticas ao longo de várias décadas, o gelo marinho da Antártida era relativamente estável. Mas isso mudou", disse Walt Meier, cientista de gelo marinho do NSIDC. "Parece que o aquecimento global chegou ao Oceano Antártico".
O desgelo em ambas as regiões amplifica o aquecimento global, já que a água do oceano, mais escura, absorve mais calor do que o gelo branco e brilhante. Esse fenómeno, conhecido como feedback albedo do gelo, intensifica o aquecimento e atrasa o crescimento de novas camadas de gelo, escreve a NASA.
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