Os contrastes têm, muitas vezes, resultados fascinantes e foi precisamente o que aconteceu com uma nova imagem do Planeta Vermelho registada pela Mars Express. A sonda da ESA apontou a Planum Boreum, o terreno que rodeia o polo norte de Marte.

O registo fotográfico mostra o encontro intrigante entre vastas e voluptuosas dunas de areia com várias camadas de gelo empoeirado que cobrem a região.

O próprio polo norte de Marte está coberto por múltiplas camadas de poeira fina e gelo de água, que se amontoam com vários quilómetros de espessura, estendendo-se por cerca de 1.000 quilómetros de distância - aproximadamente a largura da França.

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Embora a maior parte da paisagem não seja visível na nova imagem, é possível ver o início de Planum Boreum à direita, com algumas rugas subtis que mostram onde as camadas de material estão a começar a acumular-se. O solo também se desenvolveu de forma mais acentuada, em níveis, como é mais claramente visível na vista topográfica da mesma região.

Na segunda imagem, as zonas de menor altitude são azuis/verdes e as de maior altitude são vermelhas/brancas/castanhas. Essas camadas formaram-se como uma mistura de poeira, água gelada e geada, depositadas no solo marciano ao longo do tempo. Cada camada contém informação valiosa sobre a história de Marte, contando como o clima do planeta mudou ao longo dos últimos milhões de anos.

No inverno marciano, as camadas são cobertas por uma fina camada de gelo seco (gelo de dióxido de carbono) com alguns metros de espessura. A calota desaparece completamente a cada verão marciano, explica a ESA.

A imagem registada pela câmara de alta resolução da Mars Express mostra duas margens íngremes, ou escarpas, que cortam verticalmente a estrutura. Tal assinala a fronteira entre os depósitos em camadas (que se estendem para fora do quadro em direção ao polo, à direita) e os vastos e extensos campos de dunas que cobrem o terreno inferior de Olympia Planum (à esquerda).