
Prevista para maio, a Ax-4 é a quarta missão da Axiom Space. Depois da estreia comercial de astronautas da Agência Espacial Europeia (ESA) no Espaço, no início do ano passado, a missão vai levar para a Estação Espacial Internacional uma nova tripulação, incluindo astronautas da Índia, Polónia e Hungria, marcando a primeira missão de cada uma destas nações à ISS.
A liderar a preparação da tripulação está o fisiologista português Emiliano Ventura, fundador e diretor da MSI Bioperformance, que, anteriormente, já tinha apoiado a terceira missão espacial privada da Axiom Space.
Ao SAPO TEK, Emiliano Ventura explica que a preparação de astronautas surge na sequência do trabalho que tem vindo a desenvolver com atletas de elite na área do automobilismo, em particular na Fórmula 1 e provas de Endurance.
“As similaridades entre o acompanhamento desses atletas e o acompanhamento a um astronauta são imensas, da questão do jet lag, das viagens, da adaptação a ambientes extremos, a questão do perigo e o facto de ambos serem atletas cognitivos”, afirma.
Emiliano Ventura é responsável por toda a preparação dos astronautas, dos programas personalizados de exercício e monitorização do desempenho ao apoio físico e psicológico nas diferentes fases da missão.
Além de coordenar os treinos e a adaptação ao ambiente de microgravidade da ISS, o fisiologista português também assegura que as entidades envolvidas, entre a Axiom Space e as agências espaciais representadas na tripulação, estão alinhadas nos objetivos e nas metodologias necessárias para o lançamento da missão.
“Eu diria que enquanto fisiologista o que me fascina é a performance humana em ambientes extremos e a capacidade que nós temos de alcançar níveis impensáveis para nós”, realça.
“Aquilo que nós somos capazes de nos submetermos, de tolerarmos e de ultrapassarmos enquanto humanos é fascinante. Poder ajudar, compreender e contribuir para que nós consigamos ultrapassar estes patamares em termos de performance é algo incrível”, afirma Emiliano Ventura.
Como é a preparação para uma missão espacial?
A preparação para o Espaço exige uma abordagem específica, que permita colmatar desafios que não encontramos na Terra. Como explica o fisiologista, “a exposição à microgravidade é algo completamente oposto àquilo que qualquer humano está preparado”.
“Todos os nossos órgãos, toda a nossa parte muscular e fisiológica está orientada para estar de acordo com a exposição a uma gravidade”. “Quando vamos para um ambiente de microgravidade existe toda uma adaptação do organismo”, que não é livre de consequências.
A primeira fase da preparação para uma missão espacial passa por assegurar que os astronautas estão saudáveis, “para que não haja qualquer transporte de algum vírus ou bactéria”, detalha Emiliano Ventura.
A partir daí, as fases seguintes envolvem preparar “o melhor possível” a condição muscular e óssea, permitindo chegar a um patamar que “possa minimizar os efeitos da microgravidade”.
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“O treino físico é, realmente, um dos componentes que temos de elevar ao máximo possível para que [os astronautas] estejam com a maior massa muscular possível e com as estruturas articulares mais bem protegidas, para que isso realmente possa ajudar nesta adaptação”, explica o fisiologista.
Além da estrutura músculo-esquelética, os treinos envolvem a preparação dos sistemas neurovestibulares, responsáveis pelo equilíbrio e orientação espacial, assim como a adaptação ao uso dos aparelhos que existem na Estação Espacial Internacional, e a simulação de condições de emergência, em que o corpo tem de estar preparado para condições ainda mais extremas.
A recuperação após as missões também é da responsabilidade de Emiliano Ventura. No caso da Ax-4, apenas Sławosz Uznański-Wiśniewski, astronauta polaco da ESA, fará a sua recuperação na Alemanha, junto da agência espacial. “Os outros três fazem a recuperação comigo nos Estados Unidos”, indica o fisiologista.
Como conta Emiliano Ventura, é necessário entre 15 a 40 dias para conseguir recuperar todos os sistemas. Os astronautas acabam por perder momentaneamente muitas das adaptações à gravidade que o nosso corpo tem, num impacto que se traduz em dificuldades em termos musculares e neurovestibulares, mas também em alterações em vários sistemas.
O processo “depende muito do astronauta, da sua adaptação e da forma como ele pode recuperar todas as funções. É sempre algo muito individualizado de astronauta para astronauta”, explica.
A caminho da ISS com três estreias
Na tripulação da Ax-4 contam-se Peggy Whitson, astronauta veterana da NASA e diretora dos voos espaciais tripulados da Axiom Space, como comandante, mas também três estreias: Shubhanshu Shukla da Organização de Investigação Espacial Indiana; Sławosz Uznański-Wiśniewski, da ESA; e Tibor Kapu, que representa o programa húngaro de astronautas Hungarian to Orbit (HUNOR).
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Segundo os planos partilhados pela Axiom Space, a missão vai seguir rumo ao Espaço à “boleia” de um foguetão Falcon 9, com a tripulação no interior de uma cápsula Dragon, num lançamento que se realizará na Flórida. Ao chegarem à ISS, os astronautas vão passar 14 dias numa série de atividades que incluem várias experiências científicas e demonstrações tecnológicas.
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Recorde-se que, na missão anterior, a Ax-3, seguiram Marcus Wandt, astronauta sueco da ESA; Michael López-Alegría, ex-astronauta da NASA com nacionalidade espanhola e norte-americana; o italiano Walter Villadei, que esteve no voo Galactic 01 em 2023, e o estreante Alper Gezeravcı, da Turquia.
O primeiro voo da Axiom Space partiu para a ISS em abril de 2022, depois de alguns atrasos e adiamentos, fazendo história como a primeira missão totalmente privada à estação espacial. A missão AX-1 deveria ter durado apenas 10 dias, mas a tripulação de quatro turistas espaciais acabour por desfrutar de quase o dobro do tempo.
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