Um grupo de investigadores britânico concluiu que os dados registados pelos relógios inteligentes podem ser uma ajuda preciosa no diagnóstico precoce da doença de Parkinson. Como? Pela análise dos registos da velocidade dos movimentos dos utilizadores.
O estudo, conduzido por uma equipa do Instituto de Investigação da Demência do da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, usou inteligência artificial para analisar os dados registados por 103.712 wearables. Analisando a informação de apenas uma semana, entre 2013 e 2016, foi possível prever quem ia desenvolver Parkinson até sete anos antes da doença se manifestar de forma evidente, como relata a BBC News.
No artigo publicado na revista Nature, a equipa admite que é preciso mais trabalho de validação das conclusões para confirmar o nível de precisão, nomeadamente comparando estes dados com os de outros estudos. Ainda assim, explica que parte deste trabalho já foi feito.
Entre os sintomas que denunciam a doença de Parkinson estão movimentos lentos, tremores, músculos rígidos e inflexíveis, reflexo dos danos cerebrais que a doença vai causando lentamente, antes de se tornar mais evidente. Cada um destes sinais pode estar associado também a outras doenças, mas o grupo de investigadores garante que já fez um conjunto de exercícios para despistar conclusões erradas, que parecem confirmar a precisão do modelo.
"Comparámos o nosso modelo com uma série de doenças diferentes, incluindo outros tipos de doenças neurodegenerativas, indivíduos com osteoartrite e outras doenças do movimento”, disse uma das investigadoras envolvidas no estudo à BBC, Kathryn Peall. "Os resultados dos indivíduos diagnosticados com a doença de Parkinson foram diferentes".
Na prática, e por enquanto, mesmo que a validade do modelo se confirme terá sempre uma abrangência limitada, porque boa parte da população não usa smartwatch e a esmagadora maioria desses equipamentos não estão a comunicar dados para um local que possa fazer essa análise.
Por outro lado, faltam medicamentos que possam prevenir a doença de Parkinson, mas ainda assim os investigadores acreditam que a descoberta pode ter um papel importante.
"Com estes resultados podemos desenvolver uma ferramenta de rastreio valiosa para ajudar na deteção precoce da doença de Parkinson”, defendeu a investigadora da mesma equipa, Cynthia Sando. Segundo ela, este trabalho terá "implicações tanto para a investigação, no recrutamento para ensaios clínicos, como na prática clínica, ao permitir que os doentes tenham acesso a tratamentos numa fase mais precoce, no futuro, quando esses tratamentos estiverem disponíveis".
O estudo usou dados do Biobank britânico, uma base de dados com informação na área da saúde que compila registos de mais de meio milhão de pessoas.
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