O foguete Longa Marcha 5 é o veículo de lançamento mais pesado da China e foi lançado experimentalmente três vezes, mas nunca com carga. Apelidada de Tianwen-1 ("Questões para o Céu", em chinês), a primeira missão da China a Marte consiste no envio de um veículo espacial para coletar dados científicos.

O foguete deve descolar do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na província de Hainan, na próxima semana, segundo a imprensa estatal chinesa, que cita a Administração Espacial da China.

A China tem um plano ambicioso para a exploração espacial e espera construir uma plataforma orbital de investigação na órbitra da Terra, algures em 2022. Além disso, encontra-se a testar uma nave espacial tripulada, de forma a levar astronautas chineses para a Lua.

O trio de missões deste verão é o esforço mais abrangente até à data para detetar sinais de vida microscópica antiga e serve ainda para preparar futuras missões de astronautas. Cada sonda viajará mais de 480 milhões de quilómetros, antes de chegar a Marte, em fevereiro do próximo ano. No processo, vai sair da órbita da Terra e sincronizar-se com a órbita mais distante de Marte, ao redor do sol.

A última tentativa da China foi feita em colaboração com a Rússia e culminou em fracasso, em 2011. As estreitas ligações militares do programa espacial chinês e o relativo sigilo das suas operações limitam as oportunidades de cooperação com os EUA e outros países.

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Os preparativos tiveram de continuar apesar do surto do novo coronavírus, o que em parte levou a Europa e a Rússia a abandonar os seus planos de enviar um veículo espacial para Marte também.

Os Estados Unidos vão também enviar o rover Perseverance para o Planeta Vermelho em breve. Desde que começou a ser desenvolvido, o veículo já ganhou pernas e rodasum braço até um helicóptero. Depois de ter treinado os “moves” para a futura viagem de exploração, o veículo robótico passou no seu primeiro teste de condução no Jet Propulsion Lab Laboratory em Passadena, Califórnia e, mais recentemente, já aprendeu a manter-se equilibrado.

Em fevereiro, a NASA revelou o seu plano de ação para trazer amostras de Marte para a Terra. A “empreitada histórica” que contará com a parceria da Agência Espacial Europeia começará com o lançamento do rover Perseverance.

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Graças a uma perfuradora na extremidade do braço robótico, o veículo vai perfurar o solo marciano e obter amostras que serão armazenadas em tubos no seu interior. Após recolhê-las, o rover vai colocá-las na superfície para recolha.

É aqui que entra em ação o lander que, através do Sample Fetch Rover e Transfer Arm, fará a transferência das amostras para um foguetão e para o Mars Ascent Vehicle, utilizado para transportá-las do planeta para o espaço. A fase final ocorrerá em 2026, altura em que será lançado um Orbiter em direção a Marte. Ao chegar ao Planeta Vermelho, receberá a carga de amostras e projetá-la-á em direção à Terra, onde se prevê que chegue em 2031.

Já a sonda dos Emirados Árabes Unidos, chamada Amal ("Esperança", em árabe), é uma nave orbital, construída em parceria com a Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, e cujo lançamento está programado para a próxima segunda-feira, a partir do Japão. Trata-se da primeira missão interplanetária por um país árabe.

Os cientistas querem perceber como era Marte há milhares de milhões de anos, quando existiam fontes de água que podem ter suportado pequenas formas de vida, antes de se transformar no mundo congelado que é hoje.

Até à data, os Estados Unidos foram o único país a colocar uma sonda em Marte com sucesso, por oito vezes. Duas sondas enviadas pela NASA estão a operar no planeta. Seis outras naves espaciais estão a explorar Marte a partir da sua órbita: três dos EUA, duas europeias e uma da Índia.