Depois de ter realizado uma primeira aproximação do Solar Orbiter em junho, a sonda que a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) enviou para o espaço em fevereiro para captar as primeiras imagens dos polos do Sol, concluiu com sucesso quatro meses de verificação técnica “minuciosa”. Apesar dos desafios impostos pela COVID-19 o sistema está a trabalhar na sua missão e já em julho serão publicadas as primeiras imagens compiladas.
Em fevereiro a equipa da ESA não poderia prever a crise de saúde pública que o mundo iria enfrentar. A pandemia levou a que os cientistas não tivessem acesso à sala de controlo com a tecnologia adequada, dificultando ainda mais o processo designado por comissionamento.
Em circunstâncias normais, muitos dos cientistas e engenheiros do projeto reuniam-se no Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC, na sigla em inglês) em Darmstadt, Alemanha. Juntos trabalhavam em estreita cooperação com os operadores, para "dar vida" à spacecraft e aos seus instrumentos científicos. Foi isso mesmo que aconteceu, mas apenas durante as primeiras semanas mais desafiadoras da órbitra do Solar Orbiter. Em março, com o surto da COVID-19 a emergir na Europa, a estratégia teve de mudar.
Veja o vídeo da ESA sobre a primeira aproximação do Solar Orbiter.
Cada uma das dez equipas precisava de bastantes representantes no local. Durante a pandemia, foram permitidas até três pessoas numa sala de controlo da sonda, quando anteriormente não seria de estranhar estarem 15 colaboradores. Os restantes membros trabalhavam numa “área de suporte dedicada", explica Sylvain Lodiot, gerente de operações do Solar Orbiter da ESA.
A situação ficou ainda mais grave quando vários funcionários do ESOC testaram positivo para a COVID-19. Como consequência, as instalações foram encerradas. "Tivemos que proteger as pessoas", garante Sylvain, cuja última tarefa antes de voltar para casa foi desligar todos os componentes do Solar Orbiter.
Só passado uma semana é que mais membros da equipa voltaram ao ESOC, com medidas de distanciamento físico e trabalhando com cientistas que estavam a trabalhar de forma remota. “Tínhamos sérias dúvidas sobre se poderíamos trabalhar desta forma”, explica Sylvain, fazendo referência ao processo em geral. “Mas adaptámo-nos e, no final, funcionou muito bem porque todos se conheciam na equipa".
Nestes quatro meses desde o lançamento, os 10 instrumentos científicos a bordo foram cuidadosamente verificados e calibrados um por um, como se tratasse de uma afinação de instrumentos musicais individuais. E agora é hora de se apresentarem juntos.
Atualmente a mais de 160 milhões de quilómetros, a nave está a fazer o seu trabalho. O processo de recolha de imagens será concluído nos próximos dias.
“Pela primeira vez, poderemos reunir as imagens de todos os nossos telescópios e ver como coletam dados complementares das várias partes do Sol”, explica Daniel Müller, Solar Orbiter project scientist da sonda da ESA. Isto inclui a superfície, a parte mais externa da atmosfera e a região periférica do Sol.
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