Quem acompanha a indústria dos videojogos durante as diferentes gerações de consolas, sabe como a Nintendo falhou completamente na sucessora da Wii, uma das consolas mais vendidas de sempre. A fabricante estava nas graças da indústria por ter conquistado público em diferentes faixas etárias com os comandos com deteção de movimento Wiimote e como sucessora, apresentou a consola que tinha um “tablet”. A consola foi um flop de vendas, levando a Nintendo a desistir da mesma prematuramente. O problema foi o nome escolhido: Wii U, um desastre de marketing porque as pessoas ficaram confusas sobre se esta era mesmo uma sucessora, ou simplesmente um periférico para a Wii.
E a Microsoft prepara-se para cometer o mesmo erro na escolha do nome, na opinião de muitos especialistas da indústria. Batizar a sucessora da Xbox One X como Xbox Series X vai confundir os menos atentos, que vão ter dificuldade em distinguir as consolas pelo nome e não compreender que a Series X não é a mesma que a One X. Mesmo que esteticamente sejam distintas, já que o futuro modelo é, literalmente, um atraente paralelepípedo vertical, como vimos durante o Game Awards.
A “caixa negra” segue a tendência minimalista da escola da Apple, com um topo em forma de rede com um LED verde no interior, dando-lhe igualmente um ar de coluna inteligente, em ponto grande. O logotipo da Xbox está colocado no canto esquerdo do topo, e na sua dianteira apenas se vê uma ranhura de disco e respetivo botão de ejetar. Esta é a imagem oficial da consola, que esconde qualquer tipo de entradas de conectividade, para já. Apesar de apresentada na vertical, a consola vai poder ser utilizada igualmente na horizontal.
O patrão da Xbox, Phil Spencer, garante que esta torre será a consola mais poderosa do mercado, mesma sabendo de antemão as especificações da sua rival PlayStation 5, igualmente prevista para o Natal de 2020. No seu interior, a consola terá um processador baseado no chip Zen 2 da AMD e a arquitetura Radeon RDNA.
Semelhante à PS5, a Xbox Series X aposta também na introdução de SSD NVMe em substituição aos discos rígidos atuais, o que vai acelerar a leitura dos dados e tornar o carregamento dos jogos mais rápido. E isso será essencial para uma consola que quer suportar gaming com uma definição 8K e imagens até 120 FPS, assim como efeitos de luz baseado em tecnologia ray tracing. Na prática, a Microsoft promete o dobro da performance do GPU da Xbox One X (e quatro vezes mais a Xbox One), contas feitas rondará os 12 teraflops de performance gráfica.
Juntamente com a consola, a Microsoft mostrou também o novo comando que a vai acompanhar. A Microsoft explicou que o controlador icónico da consola vai manter-se esteticamente, mas o seu tamanho e forma foram refinados para que todas as pessoas possam utilizá-lo mais confortavelmente. A principal mudança é a introdução de um botão de partilha, semelhante ao que a Sony fez no atual DualShock 4, que permite aos jogadores fazerem upload de imagens e vídeos do que estiverem a jogar para as suas redes sociais. Por fim, o famoso d-pad assume agora a forma circular presente no comando Elite da Xbox One.
Let the games begin…
Um dos erros da Microsoft no passado, e que promete corrigir na próxima geração diz respeito ao fraco catálogo de jogos exclusivos, ou seja, produzidos pelos estúdios internos. Contaram-se pelos dedos de uma mão os novos exclusivos que a fabricante introduziu no mercado após ter lançado a “mais poderosa consola da atualidade”, a Xbox One X. O próprio Phil Spencer reconheceu que a empresa não tem vindo a fazer um bom trabalho neste sentido.
Mas compreendendo que a geração estava perdida para a sua rival Sony, a Microsoft tem vindo a semear nos últimos dois anos as sementes para colher no lançamento da Xbox Series X, tendo adquirido diversos estúdios, aumentando para 15 as produtoras que estão a trabalhar a todo o gás para terem novidades a acompanhar a consola. A joia da coroa continua a ser a série protagonizada por Master Chief, e Halo Infinite será um dos jogos de lançamento da nova Xbox, em produção na 343 Industries.
A maioria dos estúdios ainda não revelou os seus planos, mas a acompanhar o anúncio da consola foi revelado que a Ninja Theory está a produzir a sequela do excelente Hellblade: Senua’s Sacrifice, agora chamado Senua's Saga: Hellblade II. A Obsidian está a produzir Grounded, um jogo de sobrevivência em que os jogadores foram reduzidos ao tamanho de formigas e terão de superar os desafios do próprio jardim de casa. A Rare está a produzir dois jogos, ainda que tenham sido anunciados para já para a Xbox One: o remake de Battletoads e o novo Everwild, de que pouco se sabe. A Mojang continua a trabalhar em projetos relacionados com Minecraft, não só para a Xbox, como todas as consolas do mercado.
Nada mais se sabe o que está em produção dentro da família, mas rapidamente é possível concluir que a The Coalition vai lançar a continuação de Gears 5, uma das séries mais populares da consola; a Turn 10 Studios vai lançar um novo simulador de condução Forza Motorsports de nova geração; a Playground Games curiosamente está a fazer um RPG não anunciado, invés de um novo Forza Horizon; e a Undead Labs provavelmente irá lançar um novo State of Decay, a série de sobrevivência a um holocausto zombie.
Há mais estúdios que foram adquiridos que ainda não se sabe ao certo o que andam a “cozinhar”, incluindo a Compulsion Games conhecida pelos interessantes We Happy Few e Contrast; a Double Fine de Tim Schafer que ainda está a finalizar Psychonauts 2; a inXile Entertainment que vai lançar no início de 2020 Wasteland 3; a The Initiave que foi um estúdio montado de raiz em 2018, mas que ainda não se sabe o que está a fazer; e por fim a World’s Edge, o mais recente estúdio formado para tomar conta da série de estratégia Age of Empires.
De salientar ainda que a Microsoft vai apostar em serviços, e os bons resultados do Xbox Game Pass, que dá aos subscritores o acesso a um catálogo recheado de jogos. Praticamente todos os novos jogos produzidos internamente são lançados no primeiro dia, o que é uma poupança muito grande para os jogadores, como por exemplo, Gears 5. O cloud gaming está na mira da empresa, que continua a refinar o seu serviço Xcloud, sobretudo agora que a Google lançou o Stadia.
Com uma nova consola no final de 2020 e 15 estúdios a trabalhar exclusivamente em novos títulos, estas são as armas da estratégia de Phil Spencer para disputar o mercado dos videojogos em 2020 contra as rivais PlayStation e Nintendo.
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