O Estado da Califórnia, um dos mais afetados dos Estados Unidos por incêndios de grandes proporções, está a usar diferentes tecnologias para melhorar a prevenção, combate e análise aos impactos dos fogos que afetam a região todos os anos. Um dos avanços mais recentes deste esforço, realizado em parceria com investigadores, é o recurso à inteligência artificial para analisar e interpretar dados registados por câmaras e outros sensores instalados nos locais de maior risco de incêndio.
O programa Alert California AI foi apresentado recentemente e põe no terreno mais de um milhar de câmaras, equipadas com infravermelhos para visão noturna. A cada dois minutos estas câmaras conseguem fornecer uma imagem a 360º da área coberta, que durante o dia pode alcançar um raio de 95 quilómetros e à noite o dobro disso.
O sistema tira ainda partido de informação recolhida por LiDAR, instalados em aviões e drones que percorrem os locais para criar mapas tridimensionais do território, que vão permitir localizar de forma precisa qualquer evento registado. Mais sensores, instalados em vários locais no âmbito do mesmo programa, recolhem dados complementares igualmente úteis. Conseguem identificar diferentes tipos de gases, medir a temperatura e a humidade, contribuindo também para a deteção precoce de incêndios, bem como para a identificação mais apurada de pontos de risco elevado.
A inteligência artificial permite tirar melhor partido dos petabytes de informação recolhidos pelas câmaras e outros sensores, ajudando a identificar falsos positivos quando as câmaras recolhem imagens que parecem fumo mas podem ser outras partículas, por exemplo. Serve também para fazer a ligação entre os dados recolhidos pelos sensores, a fauna e a flora de cada local. Isso é útil na resposta a um eventual incêndio, mas também para prever os efeitos colaterais de um fogo em determinada zona. A ferramenta de IA assenta num modelo de machine learning, desenvolvido pela equipa do projeto, que está em constante melhoria, porque vai aprendendo à medida que for analisando mais e novos dados.
O programa é gerido pelo Departamento de Silvicultura e Proteção contra Incêndios (Cal Fire) e resulta de uma parceria com a Universidade da Califórnia, em San Diego. Conta com um investimento de mais de 20 milhões de dólares nos últimos quatro anos, mais 3 milhões já previstos para os próximos anos, e está no terreno desde o mês passado. Já ajudou a evitar a propagação de incêndios.
Um exemplo citado pela Reuters refere um incêndio que começou durante a madrugada numa zona de floresta. O sistema emitiu um alerta aos bombeiros, que conseguiram enviar rapidamente equipas para o local e controlar o fogo em menos de uma hora.
O sistema de câmaras que recolhe informação ao vivo das matas e florestas da Califórnia está disponível online e pode ser seguido através do site do programa.
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