O recurso aos drones tornou-se uma arma central na guerra da Ucrânia, de acordo com dois relatórios recentes, onde também se destaca a importância do uso da inteligência artificial (IA) na redefinição da estratégia de combate.

Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, terão morrido mais de 12 mil pessoas e ficado feridas acima de 28 mil. Além disso, 10,6 milhões abandonaram as suas casas. A observação sempre atenta dos satélites testemunhou a expansão do conflito com a Rússia ao longo dos últimos três anos.

Veja na galeria alguma das imagens de satélite

Operando em distâncias relativamente curtas, os chamados drones táticos são atulamente responsáveis por cerca de 60 a 70% dos danos e destruição dos sistemas russos, aponta o Royal United Services Institute (RUSI), no Reino Unido. Muitos deles estão agora equipados com IA, permitindo que sigam alvos mesmo que o controlo remoto seja interrompido, revela por sua vez o estudo do Center for Strategic and International Studies (CSIS), nos EUA.

Esta autonomia aumenta significativamente a precisão: drones guiados manualmente têm uma taxa de sucesso de 10 a 20%, enquanto os que usam IA alcançam valores entre 70 a 80%. Isto significa que um ou dois drones podem substituir a eficácia de oito ou nove dos “anteriores”.

A Ucrânia também está a ampliar o uso de sistemas autónomos em terra e no mar, nota o CSIS no seu relatório. No final de 2022, o país realizou a primeira operação totalmente autónoma, em que veículos robóticos dispararam armas e limparam minas.

Estará igualmente a adotar armas “definidas por software”, que podem ser facilmente atualizadas para realizar tarefas como reconhecimento de alvos, usando módulos pequenos e versáteis.

Invasão da Ucrânia: 3 anos depois as imagens de satélite mostram uma guerra longe de acabar
Invasão da Ucrânia: 3 anos depois as imagens de satélite mostram uma guerra longe de acabar
Ver artigo

Apesar destas inovações, os drones enfrentam limitações significativas: 60 a 80% das unidades de ataque falham os alvos devido a interferências ou dificuldades de navegação, especialmente em missões remotas.

Ainda assim, desempenham um papel crucial no apoio a outras armas, como a artilharia. Um drone pode desativar um veículo inimigo, permitindo que outros armamentos eliminem a infantaria. No entanto, as operações com drones muitas vezes requerem uma preparação meticulosa e podem ser demoradas.

A introdução da IA também não eliminou a necessidade de intervenção humana. Os operadores ucranianos mantêm a capacidade de anular funções autónomas, especialmente em sistemas terrestres, que enfrentam desafios mais complexos do que os aéreos. Além disso, a escassez de artilharia e recursos obriga os soldados a recorrerem a métodos tradicionais, como escavar trincheiras manualmente, menciona o The Economist, que teve acesso aos estudos.