É praticamente “conhecimento” geral de que quando um smartphone sofre um acidente e cai na água deve correr à dispensa e mergulhá-lo em arroz (cru) para que absorva a humidade do equipamento. É como a ideia popular de que barrar um dedo com manteiga depois de queimadura acidental na cozinha alivia. O facto é que este mito do arroz não só é falso, como o seu efeito é completamente inverso ao pretendido: ainda agrava mais o dispositivo, segundo a especialista em reparações iFixit.
A corrosão é instantânea, mal o telemóvel é molhado e tudo depende dos componentes atingidos, se são importantes ou não para manter o equipamento a trabalhar. Obviamente que manter o telemóvel desligado até se considerar que está totalmente seco é muito importante. E se este ligar, depois de ter sido mergulhado em arroz, é fácil apontar os pequenos grãos como milagrosos, mas acredite que é sorte, e ao que parece, uma sorte temporária, porque a corrosão expande-se por todo o equipamento. Mesmo a trabalhar, as suas juntas soldadas começam a oxidar e a espalhar-se no seu interior.
Mas a iFixit e a especialista em reparações de equipamentos danificados devido a água, Jessa Jones, deixam alguns conselhos vitais para tentar realmente salvar o seu equipamento, com um pouco mais de trabalho do que enterrá-lo no arroz: desligar de imediato o equipamento; sacudir e drenar o máximo de água que conseguir e no caso de equipamentos com bateria amovível retirá-la. Se a bateria tiver sido exposta à água deverá substituí-la.
E caso “não tenha nada a perder”, tente desmontá-lo, removendo a motherboard e outros componentes que pareçam corroídos, exceto a câmara e o ecrã, e mergulhá-los em álcool isopropílico. Por fim, esfregue essas partes, seque o álcool e volte a montar.
Num teste feito pela Gazelle a dispositivos molhados, foram utilizados sete materiais para tentar absorver a água dos componentes, além de simplesmente deixá-lo secar ao ar. O arroz foi o menos eficaz a absorver a água em 24 horas, entre outros como gel de sílica, areia para gatos e flocos de aveia. Nesse teste, os componentes que foram deixados ao ar secaram eficazmente.
E de onde vem então o mito de secar em arroz? Segundo o iFixit, o The Verge investigou a origem e encontrou resposta datada de 1946 quando o arroz, chá ou papel castanho eram sugeridos para manter os componentes das câmaras secas, quando não havia dessecante de sílica à mão. Mas chegou à “cultura popular” quando em 2007, um repórter do The Washington Post escreveu sobre como “salvou” o seu BlackBerry de um mergulho na sanita depois de o colocar em arroz…
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