Um estudo realizado no Reino Unido, sobre o impacto das medidas que proíbem o uso de telemóveis nas escolas concluiu que, só por si, a proibição não tem um impacto direto na melhoria dos resultados escolares, nem na saúde mental dos estudantes.

A pesquisa não identificou diferenças significativas em temas como o comportamento na sala de aula, prática de exercício ou horas de sono, entre alunos que frequentam escolas onde os smartphones são banidos e as que não o fazem. No entanto, apurou piores resultados para todos estes indicadores entre os alunos que passam mais horas no telemóvel e a usar redes sociais.

Os resultados da pesquisa da Universidade de Birmingham foram comentados à BBC pela coordenadora do estudo, que explicou que as conclusões não vão no sentido de defender que a proibição de smartphones nas escolas é uma medida negativa. “O que estamos a sugerir é que estas proibições de forma isolada não são suficientes para impedir efeitos negativos”, disse.

Precisamos de fazer mais do que banir os telefones nas escolas” para conseguir lá chegar, acrescentou a investigadora responsável pela pesquisa publicada no jornal Lancet, especializado em políticas de saúde.

Em análise estiveram 1227 alunos e as políticas das 30 escolas secundárias britânicas que frequentam. Foram analisados padrões de bem-estar, níveis de ansiedade e sinais de depressão.

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No Reino Unido, como em Portugal, várias escolas restringiram já o uso de smartphones. Um estudo do regulador britânico das comunicações indica que 96% dos jovens com idades entre os 12 e os 15 anos no país têm o seu próprio smartphones.

Um relatório da Unesco sobre o mesmo tema, divulgado no início do ano, concluiu que a retirada dos telemóveis das escolas melhora os resultados da aprendizagem, especialmente para os alunos com fraco aproveitamento escolar.

Também foi demonstrado que é benéfico para combater o bullying (violência sistemática sob diversas formas), melhorar a concentração e a autoestima face aos efeitos nocivos das redes sociais, especialmente entre as raparigas.

A pesquisa tem por base estudos realizados na Bélgica, Espanha e Reino Unido e, também aqui, a ideia destacada não é bloquear totalmente o acesso, mas estabelecer condições adequadas que permitam maior equilíbrio.

"Os alunos precisam de aprender sobre os riscos e as oportunidades que acompanham a tecnologia e não estar totalmente protegidos deles. Mas os países precisam de dar melhores orientações sobre quais as tecnologias permitidas nas escolas e quais não são, e sobre a sua utilização responsável", pode ler-se no relatório da UNESCO.