Também a área dos seguros automóveis se rendeu às capacidades oferecidas pela tecnologia, nomeadamente à possibilidade de perceber o que os condutores fazem ao volante. Os benefícios do conceito Pay As You Drive (PAYD) servem as duas partes diretamente envolvidas, garante-se. Seguradoras e clientes.
São soluções que permitem conhecer o perfil dos clientes relativamente ao comportamento que têm na estrada, a forma como cuidam dos seus veículos e outros aspetos relacionados com as regras de segurança rodoviária. “Informações úteis para podermos adequar melhor a nossa solução em ternos de garantias e um preço mais justo”, refere Paula Mendonça, da Direção de Produto, Seguros Property & Casualty Retail, da Allianz Portugal.
O Grupo Allianz já disponibiliza uma app deste género em Itália, mercado onde costumam ser testadas soluções inovadoras da empresa, estando em análise a viabilidade de implementação de uma solução semelhante em Portugal, acrescentou a responsável.
Algo que na OK! teleseguros já é uma realidade. A seguradora assume-se como pioneira em acompanhar as novas tendências que assentam em PAYD, lançando em 2010 o OK! GPS, um seguro automóvel que pressupõe a instalação, no veículo, de um recetor de sinal, que funciona através da tecnologia telemática e de georreferenciação, e que permite a localização em caso de furto ou roubo e/ou acidente, bem como a recolha de dados estatísticos sobre os comportamentos de condução.
“Tal permite à seguradora criar condições para devolver parte do prémio pago aos ‘bons condutores’, o qual é convertido em desconto na renovação da apólice”, diz Sandra Santos, diretora de Marketing e Inovação da OK! teleseguros.
Mais recentemente, em janeiro de 2015, ficou tudo mais facilitado com o lançamento da app OK! drive you, que recolhe padrões comportamentais do condutor, através das variáveis velocidade, travagens, e acelerações e ambiente.
Mediantes estas avaliações, associam-se descontos adequados ao perfil de condução dos utilizadores da aplicação na subscrição de um novo seguro automóvel OK! teleseguros. “De referir que, em nenhum dos casos, penalizamos os condutores pelos seus comportamentos de condução; apenas premiamos os bons condutores”, garante Sandra Santos.
A Ageas em Portugal ainda não tem nenhum seguro automóvel em que o preço seja ajustado em função do padrão de condução. “Ponderados os fatores preço e maturidade da tecnologia face ao que dela se extrai como informação (...) consideramos que não é ainda o momento certo para a adoção massificada”, justifica o Head of Digital do Grupo Ageas Portugal, Ângelo Vilela. Mas o valor do serviço é reconhecido.
“Há benefícios mútuos, para o consumidor e para a seguradora com este tipo de soluções , materializáveis sobretudo no longo prazo”, acrescenta o responsável. “Quanto mais alargada a base de conhecimento que a seguradora tenha, melhor pode ajustar os preços aos padrões comportamentais dos condutores, idealmente de uma forma dinâmica”.
Os consumidores beneficiam em duas linhas: porque têm preços mais ajustados, e porque o reflexo dos padrões comportamentais no custo do seguro acaba por induzir uma melhoria dos padrões de condução, defende Ângelo Vilela. O importante é que cliente e seguradora percebam claramente que há valor na informação, e que esse valor é partilhado.
“O que temos visto é sobretudo conceder descontos, relativamente limitados e conhecidos à partida, se os condutores cumprirem determinados parâmetros básicos de condução”.
Para o responsável da Ageas Portugal, a indústria ainda está longe de ter uma base de conhecimento que permita transpor para o preço, de uma forma relevante, os padrões comportamentais dos condutores.
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