Começou hoje o segundo confinamento obrigatório devido à pandemia de COVID-19 e os números de infetados não têm dado tréguas às autoridades de saúde. É um déjà-vu do que aconteceu no ano passado, mas com maior agravante, numa altura em que há mais conhecimento e ferramentas à disposição. Uma delas é a app de rastreio STAYAWAY COVID, que foi lançada em setembro para ajudar os portugueses a controlarem os contactos com eventuais pessoas infetadas.

Mas os números da aplicação são agora bastante desanimadores. O Público avança que 60% dos portugueses já apagaram a aplicação, ou seja, 1,8 milhões de utilizadores deixaram de usar a ferramenta. E segundo números da INESC TEC, apenas foram utilizados os códigos de alertas por 2.708 vezes, números de 13 de janeiro. A INESC TEC aponta a falta de organização e formação dos médicos, assim como a burocracia na dispensa da aplicação.

Entre 1 de setembro e 5 de janeiro os utilizadores da app STAYAWAY COVID introduziram na aplicação menos de 25% dos códigos gerados pelos médicos, que permitem identificar possíveis infeções pelo novo coronavírus. A informação indica ainda que os médicos geraram códigos para apenas 2,7% do total de casos confirmados desde o lançamento da app, até ao passado dia 5 de janeiro.

“A aplicação STAYAWAY COVID teve mais de 2,8 milhões de downloads e vários códigos inseridos, mas não tantos quanto gostaríamos”, disse Marta Temido em dezembro.  No mesmo período tinham sido feitos 2.921.162 downloads da app em smartphones Android e iOS, e ainda da marca Huawei, através da Huawei AppGallery.

O pico da utilização da aplicação foi em outubro, no rescaldo da intervenção do Primeiro-ministro António Costa em torno da polémica proposta de lei apresentada e chumbada no Parlamento sobre a obrigatoriedade do uso da app. Desde então, os números têm vindo a descer. Números de janeiro indicam que dos quase 3 milhões de utilizadores, apenas 39% continuam a utilizar a aplicação.

Em declarações ao jornal, o presidente do INESC TEC, José Manuel Mendonça, afirma que a falta de códigos fez com que as pessoas perdessem a confiança na app, salientando que os médicos estão mal informados sobre a forma como a STAYAWAY COVID funciona e onde se encontram os códigos. “Desde que a aplicação foi lançada que há médicos que nos contactam a pedir ajuda. Não deveria ser assim”, remata.

O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência disse que atualizou a app, de forma aos códigos serem enviados diretamente para os equipamentos dos utilizadores, mas a medida ainda está “pendurada” na CNPD para avaliação do impacto das modificações feitas. Um processo, indica, está há semanas por concluir. O Instituto afirma que esta medida diminui o tempo de aviso aos contactos de risco, assim como o trabalho dos médicos a gerar os códigos. Mas há oito semanas que a INESC TEC aguarda uma resposta.

Os especialistas apontam alguns problemas, tais como as pessoas esquecerem de pedir os códigos na altura do diagnóstico, ou por considerarem que como vão ficar isoladas não servem de nada, segundo médico Rui Nogueira em entrevista ao Público, destacando que seria mais fácil se não houvesse a necessidade de pedir códigos, e estes fossem diretamente à app.

Dados apontam que 87% das pessoas que foram infetados durante a época natalícia e fim de ano não sabe a origem do contágio. A INESC TEC sublinha que, na Suíça, 22% da população utiliza a equivalente SwissCovid e que a aplicação ajudou a travar 30 cadeias de transmissão ativas. E a aplicação teve o mesmo problema inicial na entrega dos códigos, mas ao autorizar mais profissionais a emitir códigos e ao oferecer um teste grátis a todos os que recebessem um alerta de contágio, a confiança restabeleceu-se.

Nota de redação: notícia atualizada com mais informação. Última atualização 9h53.

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