O Huawei Pura 70 Ultra é a prova de que para muito bom que seja o hardware, quando não tem um software à altura torna-se quase obsoleto. Foi isso que se sente ao testar este incrível modelo da fabricante chinesa. Tem a melhor câmara do mercado, segundo o rigoroso benchmark da DXoMark, deixando para trás o Google Pixel 9 Pro XL, o Honor Magic6 Pro e o iPhone 16 Pro Max, com alguma margem.
Mas a sua utilização fora do mercado chinês continua a ser um desafio. Continuamos a esbarrar na forma como se acede às aplicações que mais utilizamos, algumas empurradas para APKs acedidos diretamente através do browser (em atalhos disponíveis no próprio smartphone) e a loja oficial AppGallery também demonstra as suas limitações. Somos forçados a utilizar aplicações proprietárias da empresa, o que certamente afasta um grande potencial de utilizadores interessados no equipamento.
Na nossa experiência, nas definições iniciais do equipamento, uma simples atualização do sistema foi impedida de instalar, com mensagens relacionadas com a falta de autenticação. E o smartphone entrou num loop constante a fazer o download e a falhar a instalação destas atualizações, e desisti à terceira vez de instalar este ficheiro de 1,5 GB.
Veja na galeria imagens do Huawei Pura 70 Ultra:
O agora chamado Pura (antes era apenas série P) mantém o objetivo de introduzir no mercado as mais recentes tecnologias de fotografia da Huawei. Mas o smartphone destaca-se também pelas suas linhas agradáveis, num design bonito, mas ao mesmo tempo robusto. O módulo fotográfico destaca-se sempre pelo design excêntrico, contrariando qualquer tendência da indústria que se divide entre “bolachas” redondas ou retangulares para albergar as câmaras. O equipamento tem um formato semelhante a uma meia lua, onde esconde três sensores com tamanhos e formatos diferentes, composto pela tecnologia XMAGE proprietária da fabricante chinesa.
O rei da fotografia nos smartphones
O destaque vai obviamente para o seu sensor principal que se estende alguns milímetros mal se aperta o botão da câmara fotográfica. Percebe-se de imediato a categoria de engenharia deste pequeno movimento, acompanhando de um zunido do mecanismo a estender a lente. A partir daqui abre-se o melhor que se pode obter de momento a nível de fotografia, seja para utilizadores menos experientes com as ajudas e automatismos ou as diversas opções manuais para quem procura captar imagens com o melhor detalhe possível, em diferentes cenários.
De notar que o alinhamento de câmaras é bastante semelhante entre os quatro modelos da família, que incluem ainda o standard, Pro e Pro+. O Pura 70 Ultra tem algumas melhorias, mas o sensor de 50 MP é semelhante, mudando as margens do obturador para f/1.6 e ainda uma tecnologia de Sensor Shift para o estabilizador ótico de imagem (OIS). Onde esta versão se destaca face aos seus irmãos é no sensor ultra grande angular de 40 MP, enquanto que os restantes modelos é de 12,5 MP. A câmara de telemacro tem 50 MP e 95 mm com OIS, para captar imagens com zoom sem desfocar. À frente, a câmara de selfie é igual em todos os modelos, um sensor de 13 MP e autofoco.
Veja alguns exemplos de fotografias captadas pelo smartphone:
Com este modelo a Huawei continua a mostrar que é a rainha do zoom, apresentando uma capacidade de 100X, com resultados impressionantes. Uma foto captada a uma paisagem com o sensor normal já apresenta uma imagem nítida e detalhada e se fizermos um zoom à imagem notamos alguns detalhes ligeiros ao longe. Mas a magia acontece quando se brinca com as ferramentas de zoom antes de premir o obturador. Mesmo que fique desfocado e seja improprio para consumo uma foto captada a 100X, pelo meio vai descobrir elementos que nunca conseguirá ver a olho nu. Funciona como um verdadeiro telescópio.
Os utilizadores que desejem maior controlo da câmara podem optar pelo modo Pro, abrindo-se as habituais ferramentas para controlar todos os aspetos do ambiente para captar a foto, desde o ISO para a entrada de luz, o controlo do autofoco, o balanceamento dos brancos, entre outras opções.
As opções de macro também garantem imagens de pormenor impressionantes. Provavelmente nunca vimos detalhes e texturas de folhas e insetos em grande plano. Mas a nível de opções, desde o óbvio modo retrato, que também tem sido trabalhado pelas restantes fabricantes, está bem servido no campo fotográfico. E o mesmo para a gravação de vídeo, igualmente com muito detalhe nas imagens, coloridas e fluidas, mesmo quando registadas em ultra grande definição.
Hardware poderoso para alimentar o smartphone
O smartphone conta com um ecrã OLED de 6,8 polegadas, com uma resolução de 2844x1260 e uma taxa de refrescamento dinâmica 1-120 Hz e pico de brilho de 2.500 nits. São especificações ideais para ver filmes e séries de TV com excelente qualidade e sobretudo com maior fluidez e suavidade, tanto no interior, como em ambientes solarengos.
A experiência de navegação pelas páginas é bastante agradável, assim como pelos menus que é bastante rápida. Obviamente que ajuda ter um telemóvel com pouco tempo de utilização e a sua otimização ainda estar fresca.
Se prefere assistir a conteúdos ou a jogar utilizando os altifalantes do equipamento, este modelo oferece uma boa qualidade de som, mesmo sem a necessidade de colocar o volume no máximo.
No interior encontra-se o processador Kirin 9010, um SoC rápido, não apenas para ajudar no processamento das fotografias, mas no desempenho em geral. Tem ainda 16 GB de RAM e a versão que testamos tem 1 TB de armazenamento interno UFS, o que permite espaço para incontáveis conteúdos e aplicações.
O equipamento conta uma bateria generosa de 5.200 mAh e suporta carregamento rápido de 100 W ou wireless a 80 W. O adaptador incluído na caixa suporta cabos com entrada USB-C e USB-A, o que pode ser útil para carregar outros equipamentos.
O smartphone tem um aspeto robusto, assim como certificação IP68 que o torna à prova de pó e água. A acompanhar o equipamento encontra-se uma capa traseira rígida que promete proteger o smartphone, alinhado ao seu design. O ecrã está protegido por vidro Kunlun, que a fabricante diz ser mais resistente a riscos e danos por quedas.
Se a Huawei não tivesse sido banida pelos Estados Unidos, levando à proibição de instalação das aplicações da Google e outras essenciais, o Pura 70 Ultra entraria para o lote dos melhores smartphones do mercado. Em termos de hardware e câmara não há dúvida, trata-se de um modelo capaz de ombrear com a qualidade do iPhone e na China até já ultrapassou a empresa da maçã. As proibições afastam também este modelo das opções de quem procura um smartphone com suporte a 5G, já que este modelo não suporta. E tudo isto a pagar 1.500 euros no seu preço original, um modelo super premium mas limitado.
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