O mercado de consolas portáteis baseado no ecossistema de PC está a passar por um bom momento. Tudo começou quando a Valve se inspirou no formato da Nintendo Switch para oferecer toda a biblioteca de jogos da sua plataforma digital Steam em formato portátil através da Steam Deck. E outras fabricantes de computadores foram atrás, expandindo este conceito para o ambiente Windows. A Asus estreou-se com a ROG Ally e a Lenovo com a Legion Go, entre outras fabricantes, como a MSI, com uma visão semelhante.
O público tem vindo a demonstrar-se recetível à experiência de jogar PC em modo portátil, e depois de testar o conceito, é tempo de começar a pensar em futuras melhorias aos equipamentos. Foi exatamente isso que a Asus fez com a nova ROG Ally X. Não se trata de uma segunda geração da portátil, mas antes uma extensão do modelo original, uma espécie de “versão Pro”.
Veja na galeria fotos do Asus ROG Ally X
A nova consola apresenta o mesmo ecrã IPS de 7 polegadas, com uma resolução de 1080p e uma taxa de atualização de 120 Hz com suporte a AMD FreeSync Premium. E o processador também é o mesmo, o poderoso AMD Ryzen Z1 Extreme. Mas tudo o resto na consola sofreu uma restruturação, tendo sido melhorada e otimizada. Um sinal claro de que a Asus recolheu o feedback dos utilizadores e aplicou na versão X, quase um ano depois do lançamento do original, que o SAPO TEK também teve oportunidade de analisar.
Interface Armoury Crate atualizada com mais opções
O seu formato de consola portátil esconde um poderoso computador, mantendo o Windows 11 totalmente funcional. E esta é uma das queixas que os utilizadores mais apontam a todas as consolas portáteis. O facto da Microsoft ainda não ter olhado para este nicho de mercado e preparado o sistema operativo para ser funcional em ecrãs pequenos.
Para ultrapassar isso, a Asus trabalhou numa nova versão da sua interface Armoury Crate Special Edition. Trata-se de um menu onde o utilizador tem acesso a todos os serviços de gaming instalados, como o Steam, o Game Pass, Epic Store, Ubisoft Connect, GOG, etc. E cada jogo instalado vai sendo arrumado na área própria, independentemente da plataforma instalada e organizar os favoritos. Também pode criar uma conta e aceder a uma loja digital com descontos exclusivos para os membros ROG VIP.
Veja o vídeo:
Todas as ferramentas que necessita para mexer nas definições da consola estão aqui, a calibração dos componentes, a escolha das cores das luzes RGB que adornam os analógicos do sistema Aura Sync, a performance e o áudio, entre outras opções. Mesmo as gravações em vídeo do que está a jogar e capturas de ecrã podem ser facilmente encontrados neste espaço.
E os jogadores avançados podem criar definições especificas para os jogos, como os controlos mais adequados e outras opções, permitindo partilhar com a comunidade ou importar definições de outros utilizadores. Este foi um dos segredos do Steam Deck, na possibilidade de os utilizadores terem acesso às melhores configurações para os seus jogos favoritos e contribuir para a comunidade.
A consola mais poderosa do mercado
Apesar da Asus não ter mexido no processador, que continua a mostrar ser bastante capaz de correr jogos com uma fluidez razoável, tudo o resto foi atualizado. Começando com a memória, a consola passou a ter 24 GB de RAM, contra os 16 GB da versão anterior (e qualquer outra proposta no mercado). Além disso, trocou a RAM LPDDR5X de 6.400 MT/s para 7500 MT/s, ou seja, as novas são mais rápidas. A consola consegue desta forma, à boleia da atualização da memória ter uma performance melhor.
Durante a análise foram testados novos títulos no mercado, como The First Descendant, a beta de Concord e Marvel Rivals. Jogos com alguma exigência gráfica e multijogador, com uma performance bastante boa, com definições em médio a bater facilmente os 35-40 FPS. Também foi testado Flintlock: The Siege of Dawn e Lies of P, jogos a solo, mas igualmente exigentes a nível gráfico e mais uma vez a pequena Ally X deu conta do recado.
Obviamente que é um disparate comparar a um portátil de gaming em termos de performance, mas pelo menos a experiência tradicional de jogar num sofá, sem aparatos adicionais, em modo portátil qualquer título da biblioteca de PC é um luxo que só estas plataformas conseguem. E caso necessite de ligar periféricos como um rato ou teclado, para jogos como MOBAs ou um MMO, também pode. Até porque a Asus adicionou uma porta adicional USB-C 4 compatível com Thunderbolt, caso necessite ligar um acessório por fio enquanto carrega. Pena que as duas entradas estejam lado a lado, na parte superior da consola, não facilitando a possibilidade de a colocar numa dockstation e aqui seria melhor alocar o USB na base da consola.
A performance otimizada da consola também se deve ao novo sistema de refrigeração. No modelo anterior apontámos a temperatura excessiva que o ecrã atingia durante a sessão de jogo, sobretudo quando ligada à corrente. A fabricante redesenhou as entradas e saídas de ar, melhorou as ventoinhas, resultando numa diminuição de sobreaquecimento. Durante o teste, mesmo em sessões prolongadas, a consola nunca aqueceu e também nunca se ouviu a ventoinha a rodar.
O interessante é que a Asus mostrou alguma confiança nesta nova arquitetura de refrigeração e aumentou a potencia de 15 W do modelo original para 25 W, o que faz a diferença quando ligamos as turbinas do modo Turbo. Mesmo as velocidades anteriores foram aumentadas, de 10 W para 13 W no modo Silencioso e de 15 W para 17 W no modo Performance.
Mais uma vez, os jogadores podem com um toque definir o modo de funcionamento mediante as exigências dos jogos. Por exemplo, o jogo indie Gelstat: Steam & Cinder, um metroidvania 2D que chegou recentemente ao mercado, correu na perfeição na potência mínima, o que resultou numa duração de bateria mais longa. Já The First Descendant, numa sessão contínua em modo Turbo durou duas horas certinhas. Jogos online, obrigando o modem constantemente ligado ajuda a derreter a bateria, como se deve calcular.
E por falar em bateria, esta também foi um dos calcanhares de Aquiles da primeira ROG Ally e qualquer outra plataforma de gaming portátil. A Asus decidiu duplicar a capacidade da bateria. A primeira consola tinha 40 WH e a nova tem 80 WH. A diferença é notável, mas a autonomia depende sempre do tipo de jogo, das suas exigências técnicas. Obviamente que utilizar a portátil para navegar na internet ou assistir a vídeos no YouTube vai conseguir várias horas.
Veja na galeria imagens oficiais da consola:
De notar ainda que a consola suporta agora carregamento rápido a 100 W, embora o carregador na caixa seja o mesmo da versão anterior a 65 W. Para jogadores que preferem tirar maior partido do carregamento rápido podem adquirir um mais potente à parte, que seja compatível.
Mas ficou a referência do teste de choque de duas horas, que na primeira consola provavelmente não conseguiria uma hora e alguns minutos na mesma circunstância. As comunidades ajudam a escolher as melhores definições, resoluções e modo de performance para que a bateria dure mais tempo, mas não deixa de ser sempre algo relativo em qualquer equipamento.
Considerando que se trata de uma consola para consumo 100% de conteúdos digitais, a Asus também duplicou o espaço de armazenamento interno. A original tinha 512 GB de memória, esta segunda tem 1 TB PCI-e Gen 4 NVMe 2280 (na consola anterior era 2230). Este detalhe é importante, uma vez que agora passa a ser possível os utilizadores abrirem a consola pela traseira e trocarem mais facilmente o armazenamento para mais capacidade.
Considerando que os jogos de PC, sobretudo os AAA mais conhecidos ocupam várias centenas de GB, o espaço é bem-vindo. Até porque foi lançado recentemente no Game Pass o Call of Duty: Modern Warfare III que ocupa qualquer coisa como 217 GB, que na primeira consola, somando o sistema operativo, ocuparia praticamente metade do armazenamento.
Leve e mais confortável de utilizar
De um modo geral, a ROG Ally X é esteticamente semelhante ao primeiro modelo, destacando-se a cor preta exclusiva. Uma das alterações visíveis é a mudança do leitor de cartão SD, que na primeira versão estava colocado num local que sobreaquecia e deixava de funcionar. Os altifalantes estão colocados na mesma parte frontal, oferecendo um som bastante nítido.
Os botões é que foram submetidos a uma cirurgia cosmética para melhorar a experiência de utilização. Considerando que os botões traseiros não são utilizados pela maioria dos jogadores, mas sim os mais hardcore, que podem configurar livremente a sua utilização, a Asus diminuiu o seu tamanho. Se necessitar deles é fácil de os utilizar, mas caso não sejam necessários, ao menos os dedos não pressionam inadvertidamente esses botões.
Estes botões funcionam como os FN dos computadores portáteis, permitindo configurar atalhos de funções. Na lista de predefinições podem captar imagens dos jogos, começar a gravar o ecrã, mostrar o teclado, entre outras tarefas sem ter de ir ao Windows.
Na primeira versão, a Asus não prestou bem atenção ao d-pad, essencial para jogos de combate como o Mortal Kombat ou Street Fighter. Assim, antes o d-pad apenas atuava nas quatro direções básicas, mas com a atualização da consola, já pode também utilizar as diagonais, ou seja, oito direções.
Mesmo a nível de analógicos, que são agora mais firmes e resistentes, segundo a fabricante, assim como botões e gatilhos, as novas texturas das pegas ajudam a manter mais firme a consola. No primeiro modelo, havia uma rugosidade, mas por vezes as mãos suadas poderiam fazer com que escorregasse das mãos.
Ao aumentar a capacidade do armazenamento interno, seria de esperar que o peso da consola aumentasse, o que não foi o caso. A consola pesa 650 gramas, sendo leve de utilizar em qualquer lugar.
A ROG Ally X é assim uma consola bastante melhor que o primeiro modelo, mas não pretende substituí-lo. Trata-se de uma versão premium que está à venda juntamente com a primeira. A diferença de preços entre ambas é de 200 euros e é aqui que os jogadores devem verificar as diferenças nas suas preferências antes do investimento inicial.
O modelo anterior custa 699 euros e o novo está a ser vendido por 899,99 euros. Mas a diferença entre ambas é bastante saliente, com a ROG Ally X a mostrar-se na mais poderosa atualmente no mercado. Bastou um pouco mais de ambição à Asus para aumentar um pouco mais o ecrã para competir com a Lenovo Legion Go, mas isso iria obrigar a outras transformações no chassis e arquitetura. Talvez na verdadeira nova geração da ROG Ally isso aconteça. Se tem a primeira versão e conseguir fazer um bom negócio de retoma ou vender a um preço compensador, esta atualização vale a pena.
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