Mais fino, mais leve e com um ecrã exterior maior, que ainda não é explorado da melhor forma, o novo Samsung Galaxy Z Flip7 ultrapassa algumas das limitações das gerações anteriores dos dobráveis em formato de concha da Samsung, aproximando-se de desenvolvimentos que a concorrência já integra.

Nas primeiras impressões que partilhámos no TEK Notícias, depois de uma curta experiência com o Samsung Galaxy Z Fold7 e o Z Flip7, na sessão de pré anúncio que decorreu em Lisboa, a ideia que ficou é de que os novos dobráveis se aproximam da perfeição. Na verdade esta será sempre a tendência de evolução. A menos que as fabricantes errem em algumas escolhas é suposto que os equipamentos sejam sempre melhores do que as versões anteriores, e este é mais um dos casos, embora não em todos os aspectos.

Apesar das melhorias no design e na qualidade dos ecrãs, assim como no design do ecrã exterior, uma experiência mais prolongada com o novo Z Flip7 mostra que há ainda vários pontos a limar no smartphone, em especial no interface da FlexWindow mas também na gestão da bateria e na escolha do processador.

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Um design refinado

À primeira vista não há muitas diferenças do novo Z Flip7 em relação ao modelo anterior, mas o telefone está mais fino e leve, com 188 gramas de peso e espessura de 13,7 mm, e a Samsung reforçou também a dobradiça Armor FlexHing e a estrutura em alumínio Armor Aluminum. É quando se liga o ecrã que as mudanças se destacam, com a utilização integral do ecrã externo “infinito” de 4,1 polegadas, abandonando a barra preta que acompanhava ainda a zona da câmara fotográfica no Z Flip6 e apresentando agora uma moldura mais fina.

Samsung Galaxy Z Flip7 e Z Flip6
Samsung Galaxy Z Flip7 e Z Flip6 créditos: TEK

A utilização do Gorilla Glass Victus 2 no ecrã e na traseira reforça o aspecto robusto e elegante, com as opções de cores mais clássicas e discretas, como o azul escuro que testámos que apela claramente a um público masculino e de escolhas mais sóbrias. Há ainda um preto e um coral, e uma opção em verde menta que só pode ser comprada online. Mas estas são escolhas que podem rapidamente ser alteradas com acessórios como as capas Wallpaper inteligentes.

De notar ainda que a dobradiça foi melhorada com a Armor FlexHinge, que está também mais fina do que no Galaxy Z Flip6, com materiais mais resistentes, e que permite manter o telefone completamente plano quando aberto, com pouco impacto visual da dobra de ecrã. Mas continua a exigir a utilização das duas mãos para abrir.

Análise Samsung Galaxy Z Flip7
Análise Samsung Galaxy Z Flip7 créditos: TEK Notícias

Experimentei todas as versões dos modelos dobráveis da Samsung mas também de outras marcas, e o Z Flip7 é sem dúvida um dos que se destaca no design, na qualidade dos materiais e no desempenho. A opção pela utilização completa do ecrã externo, que já tinha sido feita pela Motorola há mais de um ano com o razr 50 Ultra e pela Xiaomi no Mix Flip, acaba por ser a principal diferença no design deste ano, mas não a única.

Ao optar por aumentar ligeiramente a largura do telefone, a Samsung consegue um ecrã interior ligeiramente mais amplo com 6,9 polegadas Dynamic AMOLED 2X, e a mudança para um rácio de 21:9, com mais espaço de utilização e melhor “ajuste” aos conteúdos. De notar também a melhoria na taxa de atualização que é agora de 120 Hz e no brilho que é de 2.600 nits.

Análise Samsung Galaxy Z Flip7
Análise Samsung Galaxy Z Flip7 créditos: TEK Notícias

Confesso que ainda não consigo assumir os hábitos que decorrem de algumas vantagens que reconheço nos smartphones de modelo de concha. A experiência com o Samsung Galaxy Z Flip7 foi curta e provavelmente não suficiente para mudar rotinas e automatismos, ou fazer concessões a um modo mais “Flip” de usar o telemóvel.

Sinto a falta de um ecrã maior e o ecrã externo não é suficiente para cumprir a maioria das utilizações habituais do smartphone, por isso tem sido sempre mais fácil mudar de um equipamento de “barra”, tradicional, para um dobrável em formato de livro, que se abre para usar em ecrã maior. Mas admito que isso poderá decorrer de uma experiência mais curta, que não permitiu a tal mudança das rotinas.

Análise Samsung Galaxy Z Flip7
Análise Samsung Galaxy Z Flip7 créditos: TEK Notícias

Uma inteligência Gemini

O Z Flip7 é um dos primeiros smartphones da Samsung a trazer integrado o Android 16 com o One UI 8, com o Galaxy AI que inclui funcionalidades muito semelhantes às do topo de gama Galaxy S25. Apoio para escrever, resumir e traduzir informação e o Circle to Search já fazem parte do “pacote” habitual, mas agora a inteligência artificial está mais adaptada ao formato dobrável com funcionalidades adicionais na FlexWindow, para usar no ecrã exterior com controle de voz.

Ver notificações, responder a mensagens de texto e controlar a música são algumas das possibilidades para tirar mais partido do ecrã exterior e há uma série de aplicações que podem ser usadas sem abrir o smartphone, como o WhatsApp ou mesmo o Youtube (se quiser mesmo ver vídeos num ecrã de 4,1 polegadas). Para as apps que ainda não serão adaptadas a este modelo de ecrã precisa de instalar um plugin da loja da Samsung para ajustar o modo, o que não deveria ser necessário.  

Análise Samsung Galaxy Z Flip7
Análise Samsung Galaxy Z Flip7 créditos: TEK Notícias

A Now Bar e o Now Briefing são também boas ideias para usar a informação de forma mais personalizada, com um resumo do dia no ecrã exterior, fotos e dados sobre a saúde, como a pontuação de energia, mas o tempo do teste do Z Flip7 pode não ter sido suficiente para que a IA aprendesse o suficiente sobre os meus hábitos para ser verdadeiramente útil.

Muita da inteligência adicionada ao Galaxy Z Flip7 reflete-se também na área da fotografia, onde o novo modelo tem algumas melhorias no software que reduzem a desvantagem face a outros smartphones da marca, mas ainda continuam a ser um dos pontos fracos nos formatos de concha. Com um sistema de câmara dupla, o Z Flip7 tem um sensor principal de 50 MP com uma grande angular e zoom 2X, e uma ultra wide de 12 MP. Soma-se ainda uma câmara de selfie no ecrã interior de 10 MP, que é rapidamente acessível se abrir o telefone, mas que com a experiência é rapidamente substituída pelo modo de selfie do ecrã exterior, e a melhor qualidade das câmaras.

A combinação do pouco tempo para os testes e uma semana complicada de trabalho não permitiu fazer grandes experiências de exterior, mas as poucas fotos captadas em interior, e com luz reduzida, mostram resultados bastante razoáveis.

Análise Samsung Galaxy Z Flip7
Análise Samsung Galaxy Z Flip7 créditos: TEK Notícias

O ProVisual Engine dá uma ajuda importante para melhorar a cor e os detalhes das imagens e realçar tons e texturas. Conte ainda com as ferramentas de assistência para edição de fotografia, como o Photo Assist. Portrait Studio, Suggest Edit e Drawing Assist, assim como o Audio Eraser que a Samsung já adicionou noutros telefones e que apaga elementos indesejados no som dos vídeos.

Bateria e desempenho a precisar de melhorias

A Samsung não partilha muitos dados do processador, mas o Galaxy Z Flip7 troca o processador Snapdragon por um Exynos 2500. Apesar de dizer que este é 9% mais rápido em comparação com o Z Flip6, com melhorias de 23% no GPU e 22% no NPU, há diferenças na performance, e também na dissipação térmica. O Z Flip7 aqueceu bastante durante o carregamento, e nota-se a diferença entre dois dos carregadores que usei, nenhum dos quais da Samsung mas ambos rápidos mas com potências diferentes.

O suporte para carregamento rápido de 68W com fios e 30W sem fios faz parte das especificações mas não consegui replicar com carregadores de outras marcas.

Análise Samsung Galaxy Z Flip7
Análise Samsung Galaxy Z Flip7 créditos: TEK Notícias

O aquecimento também se nota numa utilização prolongada, sobretudo em dias mais quentes como os que registámos nas últimas semanas, e isso torna-se desagradável à utilização.

A bateria acabou por ser ainda um ponto negativo no Z Flip7. Mesmo com maior capacidade, de 4.300 mAh e tecnologia mDNIe, o smartphone não durou as prometidas 31 horas de reprodução de vídeo e vários benchmarks apontam para cerca de 17 horas, ainda assim uma melhoria face ao Z Flip6, mas atrás da concorrência do Motorola Razr.

Numa visão geral, e apesar dos pontos a melhorar, o Galaxy Z Flip7 é um smartphone elegante, robusto e equilibrado para quem se quer converter a um modo “flip”. Com um preço a partir de 1.249 euros, merecia algum investimento adicional na melhoria do interface do ecrã externo para ser mais útil, o que a Samsung pode fazer rapidamente com atualizações de software. Na capacidade de processamento e bateria valerá também a pena rever as opções para os próximos modelos, apesar de haver melhorias face às gerações anteriores.

De notar que testámos apenas o Z Flip7 e não o modelo FE, mais barato mas com algumas diferenças, em especial na opção do ecrã externo mas também na bateria, câmaras e processador. O Z Flip7 FE é cerca de 150 euros mais barato mas diria que não justifica o investimento face ao mais completo e artilhado Z Flip7.