
Por Paulo Veiga (*)
Fala-se muito de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, mas raramente se diz a verdade: o trabalho é a nossa vida. Pelo menos, é aquilo que deixamos ao mundo. A família é uma herança, nasce connosco, acompanha-nos até ao fim. Os amigos são uma escolha. Mas o trabalho é o que fica.
Escolhemos amigos com quem queremos estar nos bons e maus momentos. Porque não fazemos o mesmo com o trabalho? Porque aceitamos estar cinco dias infelizes à espera de dois em que, com sorte, conseguimos respirar? Ninguém aguenta viver assim nas sociedades desenvolvidas. Nem deve.
O trabalho devia ser escolhido como se escolhe um legado: com propósito. É onde passamos grande parte da nossa vida. É onde aprendemos, ensinamos e, no limite, inspiramos. É onde crescemos e ajudamos outros a crescer. É onde, se for bem escolhido, deixamos marca.
Começamos por aprender. Procuramos empresas que nos desafiem, líderes que nos ensinem, causas com as quais nos identificamos. Mais tarde, devolvemos isso em forma de ensino. A certa altura, o trabalho passa a ser um ato de partilha. De influência. E aí começa o verdadeiro legado.
O que fazemos é, aliás, a primeira pergunta que alguém nos faz. “O que é que você faz na vida?” Ninguém pergunta “quem é a sua mãe?” ou “tem muitos filhos?” Perguntam “o que faz?”. Porque aquilo que fazemos, ou dizemos que fazemos, define-nos. É o nosso cartão de visita. A nossa identidade social.
É claro que nem todos têm o privilégio de escolher. Mas todos deviam poder ambicionar por mais do que sobreviver ao horário.
E há algo mais: quem quer deixar um legado, quem gosta do que faz, quem o faz com paixão e ambição, não vive obcecado com esse equilíbrio — nem o entende como desequilíbrio. Isso não significa ausência de cansaço, de frustração ou de vontade de parar. Claro que há dias difíceis, como em tudo. Mas quando se trabalha com propósito, com garra e com brilho nos olhos, a motivação sobrepõe-se à rotina. A paixão supera a insatisfação. O sentido da missão anula o peso do relógio.
As novas gerações falam muito de equilíbrio. Mas olhemos para quem tem impacto real: Belmiro de Azevedo, Paula Amorim, Rui Nabeiro, Elon Musk, Jeff Bezos, Jack Ma. Acreditam mesmo que esses líderes vivem obcecados com horários equilibrados? Claro que não. Eles vivem para o que acreditam. O seu impacto é tão grande que transcende o relógio.
Também eu, há alguns anos, recebi uma proposta para vender a EAD. Recusei. Não porque o negócio não fosse tentador, mas porque eu não sou vendedor. Sou construtor. Sou comprador. E porque quando tudo terminar, o que quero que fique escrito na minha lápide não é que tive um bom equilíbrio entre vida e trabalho. O que eu quero é que digam:
“Este era um tipo do caraças. Fez uma empresa espetacular.”
Esse é o meu work-life balance.
E você? Está a construir um legado… ou apenas a cumprir horários?
(*) Economista, Fundador & CEO do Grupo EAD
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