Por Ana Alves (*)
A Inteligência Artificial (IA) está a atravessar o mesmo momento que a internet viveu nos anos 90: todos querem estar dentro, mas poucos sabem exatamente o que fazer lá. Em Portugal, o novo Aviso “IA nas PME” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que oferece até 300 mil euros a fundo perdido, com 75% de apoio não reembolsável, abre uma janela rara de oportunidade. No entanto, essa oportunidade vem acompanhada de um risco silencioso: o de investir em tecnologia sem propósito.
Nos últimos meses, multiplicam-se as empresas que anunciam “usar IA”. Porém, em muitos casos, a adoção não passa de um experimento isolado ou de uma tentativa de modernização sem ligação clara ao negócio. O problema não é a tecnologia, é a falta de estratégia. A IA, por si só, não resolve nada. O que transforma é a capacidade de integrar inteligência, dados e pessoas num processo contínuo de aprendizagem e melhoria.
Reduzir o risco começa por pensar pequeno
Um dos erros mais comuns é acreditar que implementar IA exige grandes projetos, altos investimentos e resultados imediatos. Na realidade, a forma mais inteligente de adotar esta tecnologia é começar por pequenas experiências controladas, onde se possa medir o impacto e aprender rapidamente.
Danilo Santos, CEO da NUMEN, cientista de dados e especialista em inovação e automação, diz que se conseguimos eliminar até 75% do risco logo nas fases iniciais, significa que apenas 25% do investimento está realmente em jogo. E, com a expertise certa, conseguimos direcionar esse valor para os lugares corretos onde a IA efetivamente gera retorno.
Essa abordagem, aplicada com sucesso em empresas como a Natura (Brasil), consiste em criar estruturas internas de experimentação, os chamados IA Hubs. Estes núcleos permitem testar ideias, validar hipóteses e escalar apenas aquilo que funciona. É uma forma prática de transformar incerteza em conhecimento e investimento em resultado.
O PRR como catalisador, não como fim
O financiamento público é uma oportunidade, mas não deve ser visto como um fim em si mesmo. O Aviso “IA nas PME” cobre despesas com software, equipamentos, consultoria, formação e contratação de especialistas, permitindo que as empresas avancem com baixo risco financeiro.
Mas o verdadeiro valor deste apoio não está apenas nos 75% de comparticipação. Está na possibilidade de repensar processos, redefinir prioridades e construir uma cultura de experimentação que sobreviva muito além do prazo do PRR. A IA deve ser vista como uma jornada contínua, e não como um projeto com início e fim.
A era da IA não é tecnológica, é estratégica
No fundo, a transformação que a IA traz às PME portuguesas é menos tecnológica e mais cultural. A tecnologia já existe; o que falta é visão, liderança e coragem para testá-la de forma inteligente.
As empresas que compreenderem isso sairão na frente. As que confundirem “inovação” com “moda” vão apenas trocar investimentos por frustração.
O futuro não pertence a quem adota a IA primeiro, mas a quem aprende a extrair valor real dela com propósito, método e consistência.
(*) Women in Tech e Numen
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