A Digi apresentou esta segunda-feira os seus planos de negócio para o mercado português. A operadora romena promete uma oferta de acesso a preços a começar nos 5 euros para tarifários de dados móveis ilimitados e ainda abolir os habituais períodos de fidelização. Apenas tem fidelização para um dos serviços, por um período máximo de três meses. O website com as ofertas aos clientes ficou hoje disponível, com os diferentes pacotes de telecomunicações.

E até dia 31 de dezembro, os clientes podem experimentar os serviços da nova operadora sem qualquer compromisso. A operadora já conta com 3 mil clientes a experimentar a rede fixa e 6 mil em rede móvel.

A empresa já é a marca mais pesquisada pelos consumidores no Portal da Queixa. Segundo o portal, tem o quarto melhor índice de satisfação na categoria de Operadoras de TV, Net e Telefone. No entanto, as reclamações já somam 119, sendo a instalação o principal motivo.

DIGI entra oficialmente no mercado para desafiar MEO, NOS e Vodafone
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As reclamações não correspondem à entrada oficial no mercado, mas sim aos períodos anteriores de teste. A primeira reclamação entrou em janeiro de 2023, sendo que 71 foram publicadas em 2024. Em outubro a operadora somou o maior número de casos, ou seja, 33.

O portal avança que os problemas de instalação correspondem a 93,4% dos casos, seguindo-se falhas no serviço para 3,3%, referindo que após a instalação do router o serviço não funciona. Por fim, o apoio ao cliente, igualmente reportado por 3,3% das queixas. Lisboa é o distrito mais referenciado nas reclamações com 37,8%, seguindo-se Setúbal (22,7%), Porto (16%), Braga (5%) e Aveiro (4,2%). A marca tem atualmente 64,1 pontos em 100.

De recordar que a oferta tem um valor bem abaixo aos que são praticados pelos três maiores operadores em Portugal, levantando dúvidas sobre a validade das ofertas. A empresa vai cumprir com aquilo que promove nos seus tarifários? São dúvidas que qualquer consumidor pode ter antes de arriscar decidir optar pelo serviço mais barato. Para responder a essas questões, a Deco (Defesa do Consumidor) acredita que a entrada da Digi no mercado é positiva e que o mercado vai funcionar positivamente. Afirma estar atenta às operações da nova operadora.

Em entrevista à TSF, Ana Sofia Ferreira, coordenadora do gabinete de apoio ao consumidor da Deco, acredita que não existem motivos para desconfiar à partida das vantagens que apresenta no seu tarifário. Destaca que é possível de oferecer estes preços e mostrar que o mercado funciona de forma positiva para os consumidores. Ainda assim, deixa o alerta de que ainda é necessário perceber se a empresa está apta para prestar serviços com a qualidade exigível. É preciso perceber se tem apoio ao cliente e apoio técnico compatível com o que é necessário para os clientes.

Preços da DIGI começam nos 5 euros para dados móveis ilimitados
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A concorrência do novo operador poderá também ter reflexos diretos nas ofertas dos outros fornecedores de serviços de comunicação, nomeadamente a MEO, NOS e Vodafone. A Deco Proteste sempre foi vocal sobre as obrigações impostas pelos operadores no que diz respeito aos períodos de fidelização, apontando ao governo a falta de ambição nas propostas de lei do sector, sobretudo na transposição da Lei das Comunicações Eletrónicas apresentada no verão de 2022.

A Deco acredita que o período de fidelização não é necessário para que o mercado possa funcionar. O teto máximo de 24 meses, quando foi introduzido, não registou o disparo de aumento de preços ou a perda de qualidade dos serviços.

Apesar da euforia que a nova proposta possa trazer ao mercado, os consumidores devem verificar o seu contrato e perceber as obrigações que ainda têm com o atual operador. Deve verificar o período de fidelidade que ainda lhe resta no atual contrato. E antes de fechar um contrato com a Digi, verificar todas as cláusulas da oferta correspondem às suas necessidades.

Nota de redação: o Sapo TEK colocou algumas perguntas adicionais à Deco Proteste e aguarda respostas no fecho desta notícia.

(em atualização)