Previsto para começarem os testes em 2026, Portugal vai tornar-se num centro mundial de telecomunicações ópticas. Vai ser instalado um testbed no Metropolitano de Lisboa para testar a nova geração de fibras óticas com quatro e sete núcleos. Espera-se que este teste atraia grandes empresas de telecomunicações mundiais, tais como a AT&T, a Deutsche Telekom ou a Vodafone. O NICT (Instituto Nacional de Tecnologia de Informação e Comunicação do Japão) é considerado o primeiro gigante mundial a formalizar os testes conjuntos com o ISCTE.

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O banco de testes de fibra óptica é considerado o maior multi-núcleo do mundo, que vai ser instalado na Linha Amarela do Metropolitano de Lisboa. A inauguração está marcada para o dia 3 de novembro, estando presentes os ministros da Economia e Coesão Territorial, Castro Almeida e das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.

O NICT tem um bom tracking de parcerias com a Europa para fomentar o desenvolvimento da tecnologia das telecomunicações. Em 2022 foi responsável pelos primeiros testes de 5G por satélite, ligando o Japão e a Europa. Em 2025, o NICT foi responsável por quebrar o recorde mundial de velocidade de internet usando fibras óticas, atingindo 1,02 petabits por segundo, o equivalente ao download de todo o catálogo da Netflix em menos de um segundo.

Fibra ótica ISCTE
Fibra ótica ISCTE

“As fibras que vamos testar e que vão estar à disposição de todas as grandes tecnológicas mundiais são concebidas e fabricadas pelo parceiro industrial do projeto, o grupo alemão Heraeus Covantics, líder global em produtos de quartzo de alta pureza para a produção de fibra ótica”, explica Jorge Costa, vice-reitor do ISCTE para a Investigação.

O diretor-geral do centro de investigação do NICT, Yoshinari Awaji, diz que o banco de testes do Iscte oferece uma oportunidade única para testar fibras óticas multinúcleo em larga escala num ambiente subterrâneo realista como o do Metropolitano de Lisboa. Acredita ainda que estes testes vão acelerar a descoberta de novos conhecimentos científicos, desenvolvimento de novas fibras e respectivos equipamentos para aplicações práticas relevantes.

Contrariando a tendência da transmissão de dados feitas por fibras óticas submarinas, que cruzam continentes e oceanos, o testbed que está a ser instalado no metro de Lisboa tem um cabo com 74 fibras óticas multi-núcleo, sendo que 64 delas com quatro núcleos e 10 fibras com sete núcleos. No total, apresenta 326 canais de transmissão de dados. As fibras estão ligadas entre si, atingindo-se 728 quilómetros com o mesmo tipo de fibra, o que representa 28 voltas completas ao longo de 26 quilómetros de anel, já que a Linha Amarela tem 13 quilómetros, de Odivelas ao Largo do Rato.

O projeto tem um valor de 2,3 milhões de euros, sendo que 588 mil euros de verbas europeias vêm do Programa Lisboa 2030, 900 mil euros da Fundação Calouste Gulbenkian e o restante de verbas próprias do ISCTE. As fibras de nova geração foram doadas pelo Heraeus Covantics. Tendo começado a instalação no dia 1 de setembro, esta fica concluída antes do final de 2025. Os testes operacionais decorrem durante todo o ano de 2026.

O ISCTE diz que os seus testes são maiores que outras instalações em funcionamento em outros locais do mundo. O banco de ensaios instalado em L’Aquila, no sul de Itália, tem cabo estendido num percurso em anel de seis quilómetros, permitindo fazer testes com extensões até 66 quilómetros. Na China o cabo estendido tem 16 quilómetros, no Japão três quilómetros. Já os testes do ISCTE vão saltar de 66 para 728 quilómetros.

O projeto pretende também satisfazer a exigência necessária para o tráfego de dados, que tem aumentado todos os anos devido ao crescimento acelerado da digitalização, sobretudo a inteligência artificial. Pode aceder ao website do projeto para mais informações.

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