A Primavers BSS foi a primeira empresa portuguesa adquirida pela Oakley Capital no âmbito da sua estratégia de investimento no mercado ibérico, onde contava com 8 companhias espanholas, e no último mês também a Eticadata já se juntou ao portfólio do Grupo que agora assume o nome e a marca de Grupo PRIMAVERA. “Este é um projeto de crescimento e o nome Primavera adaptava-se bem”, explicou Santiago Solanas, CEO do grupo, em entrevista ao SAPO TEK.

Com uma longa experiência no mercado da tecnologia, onde passou por empresas como a Sage e a Cisco, Santiago Solanas é muito claro no objetivo que foi definido, de criar a empresa líder em software de gestão em Espanha e Portugal, e por isso a compra da Primavera BSS foi uma decisão clara.

A Primavera BSS trazia uma posição de liderança a nível de negócio, de ecossistema e de conhecimento e tivemos conversações com os fundadores, Jorge Batista e José Dionísio, com um alinhamento grande quanto ao caminho de liderança que pretendíamos obter no mercado ibérico”, explica, adiantando que também o portfólio de produtos avançados em cloud que nos pareceram muito interessantes para o grupo.

O CEO do grupo defende que existe uma visão muito clara das áreas onde quer atuar, as verticais que fazem sentido para crescer e as tecnologias a desenvolver. “Quando fazemos uma aquisição tem de corresponder a este mapa, são muito complementares entre si, por estes motivos”, afirma, garantindo que não há aquisições dispares ou apenas por serem líderes numa determinada área. “Temos um grande potencial de desenvolvimento em todas as empresas, não criamos sobreposição mas sim complementaridade”.

Santiago Solanas destaca a importância também da rede de parceiros, uma área onde está a apostar fortemente e que quer ainda alargar. “O negócio quer estar cada vez mais orientado a parceiros e temos encontrado muito apoio a este caminho”, afirma.

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A Primavera BSS foi a maior aquisição do grupo, mas entretanto também a Eticadata se juntou ao portfólio da empresa. Atualmente mais de metade do negócio está em Espanha e um pouco menos de metade em Portugal, mas isso é visto como mais um fator de potencial crescimento, dada a dimensão 4 a 5 vezes maior do mercado espanhol.

O grupo tem uma estrutura de direção que conta com a participação das equipas das empresas adquiridas, com um mix de nacionalidades entre Espanha e Portugal e Santiago Solanas garante que não há um conceito de centro de decisão de grupo.

“Somos uma equipa de pessoas e o centro de decisão está onde estamos todos […] Hoje está em Belém, em Lisboa [onde se realizou a entrevista], amanhã em Braga ou Madrid”, justifica Santiago Solanas.

O investimento nos recursos humanos está também a crescer. O grupo já conta com mais de 800 pessoas e está a contratar, tendo anunciado a intenção de recrutar mais 50 pessoas para o centro de Braga até final do ano.

Internacionalizar por proximidade

Embora tenha definido uma meta de liderança para o mercado ibérico, a internacionalização faz parte dos objetivos. “O nosso principal foco estratégico é sermos líderes em Portugal e Espanha, essa é a nossa meta, mas estamos a olhar para os países de proximidade, em Angola, Moçambique, e na América Latina”, adianta Santiago Solanas, lembrando que algumas das empresas do grupo já tinham atividade nestes países, entre os quais a Primavera BSS.

No total o grupo deverá atingir uma faturação de 90 milhões de euros no final deste ano, com 165 mil clientes, num negócio que tem um peso importante de negócio recorrente, e a meta definida é atingir os 250 milhões de euros de faturação em 2026. “Há uma aceleração do crescimento que resulta das aquisições, de forma orgânica e não orgânica”, refere o CEO do grupo, sublinhando que nas áreas de software de gestão as marcas adquiridas já têm um peso muito importante na área de ERP e CRM mas também na aposta em novas tecnologias, como a automatização e a inteligência artificial.

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A oferta de soluções do grupo cobre atualmente as várias áreas do mercado, desde freelancers a médias e grandes empresas, e as PME representam cerca de 35% do negócio, enquanto as micro e nano empresas representam cerca de 25%.

Também aqui o potencial de crescimento percecionado é grande, em especial na cloud. “Em Portugal e Espanha a penetração da tecnologia está abaixo do mercado europeu e isso hoje em dia mede-se muito em temas cloud. Por exemplo em Portugal a percentagem de software de gestão em cloud é de 30%, em Espanha de 40% e em França é de 60% e no Reino Unido 70%”, indica Santiago Solanas, que acrescenta ainda que mesmo assim a indústria está a crescer 8%, um pouco acima dos 7% da média europeia. E a cloud cresce ainda mais rápido, cerca de 27%.

A estratégia de aposta na cloud é clara no grupo e o CEO reforça a ideia de que o Grupo PRIMAVERA é provavelmente a única empresa com 100% de “cloud de verdade”, nas várias linhas de produtos. “Ninguém tem este caminho de evolução desde o empreendedor até empresas de 500 ou mais pessoas”, explica.

Acelerar a digitalização em Portugal

A diferença de adoção de tecnologia de cloud face à Europa é explicada pelo CEO do Grupo, que lembra que há alguns estímulos dos governos que são muito importantes para que as empresas acelerem na transição, e aponta a infraestrutura de comunicações, mas também a adoção de fatura digital como elementos relevantes.

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) é visto como uma potencial alavanca da digitalização, em Portugal e em Espanha, mas Santiago Solanas identifica algumas diferenças entre as estratégias dos dois países.

“Em Espanha foi criada a figura do Agente digitalizador e o digital toolkit […] pensamos que é uma via importante para melhorar com a indústria a facilitar o acesso das empresas para a digitalização”, explica. “Em Portugal estaria muito bem também esta figura”, defende, reconhecendo que existe da parte do Governo uma aposta importante na tecnologia mas que é preciso passar à ação e assumir medidas que tragam mais competitividade às empresas.

Santiago Solanas elogia ainda a “formação extraordinária que as pessoas em Portugal têm na área da tecnologia” e iniciativas de ligação entre as universidade e as empresas que o grupo quer replicar a nível ibérico, com o exemplo da Primavera Academia que vai ser alargado a Espanha através de um projeto piloto que já está em desenvolvimento.

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