Três empresas representaram Portugal na grande feira de tecnologia CES, que encerra hoje em Las Vegas depois de quatro dias de apresentações, lançamento de produtos e serviços e a participação de cerca de 100 mil pessoas. A Noras Performance, BestHealth4U e Omniflow estiveram na feira pela primeira vez e apresentaram as suas inovações em busca da expansão no mercado norte-americano.

“Tem sido uma boa surpresa e é fácil perceber porque é que os Estados Unidos são o país que são”, disse à Lusa Jorge Noras, CEO da Noras Performance, que levou à feira a boia salva-vidas U SAFE criada e produzida em Torres Vedras. “Ainda não tínhamos posto o pé nos Estados Unidos com este produto. O constrangimento da COVID impossibilitou-nos de viajar e este produto é preciso ir demonstrar”, explicou o responsável.

“A recetividade tem sido impecável”, continuou, referindo que o espaço da Noras Performance na feira foi visitado por responsáveis do exército norte-americano interessados na boia, além de potenciais parceiros e compradores. A boia foi distinguida pela associação que organiza a feira, Consumer Technology Association (CTA), com um CES 2023 Innovation Award na categoria “Human Security for All” (Segurança Humana para Todos).

“Entrámos nos Estados Unidos, eu acredito, da melhor maneira”, considerou Jorge Noras. “Ser reconhecido como um dos melhores produtos para a segurança humana é importante”, acrescentou.

A boia patenteada é feita de material resistente e depois de ser atirada à água pode ser guiada remotamente para ir buscar a pessoa que se está a afogar. A empresa já vendeu unidades a várias guardas costeiras na Europa, incluindo Itália, França, Noruega e Suécia, e está agora a apostar no mercado norte-americano.

O interesse, segundo Jorge Noras, vem não apenas do governo, mas também de outras áreas, como o segmento dos super iates de luxo e concessões de praia.

“Este ano não tenho dúvidas que vai ser exponencial”, afirmou o responsável. “Nos Estados Unidos estamos a falar de dimensões completamente diferentes”, salientou.

É também do tamanho do mercado que fala Sónia Ferreira, fundadora e CEO da BestHealth4U, que esteve na CES 2023 integrada no Pavilhão Europeu. A empresa mostrou o Bio2Skin, um adesivo biomédico sem cola que não danifica a pele, e o adhesiv.AI, um adesivo biomédico com sensores que permite monitorizar à distância o processo de recuperação das feridas.

“A dimensão do mercado americano é muito maior e o investimento que fazem na área da saúde também é muito maior que na Europa”, disse a responsável à Lusa. “Na nossa área estamos a falar de várias empresas que trabalham na área do cuidado de feridas, e também de clínicas e hospitais que usam este tipo de tecnologia”, explicou.

A BestHealth4U venceu um desafio da Johnson & Johnson, concretizou uma ronda de investimento semente em Portugal e recebeu ainda apoio europeu para ajudar a desenvolver a empresa, baseada na inovação por detrás destes adesivos que se ligam à pele sem colar.

“Estamos também à procura de investidores nos Estados Unidos para a próxima ronda, porque startups na área da saúde precisam de capital”, explicou Sónia Ferreira. “Estamos a tentar trabalhar isto no sentido de nos implementarmos no mercado americano, porque a internacionalização da BestHealth passa por se instalar cá”, sublinhou.

O Bio2Skin, que é um material para ser usado em produtos finais como pensos, emplastros, sacos de ostomia e outros, deverá estar no mercado já em 2023. O adhesiv.AI, por precisar de estudos clínicos e aprovação do regulador FDA (Food and Drug Administration), deverá chegar em 2024.

No caso da Omniflow, os produtos já estão estabelecidos no mercado. A empresa portuguesa criou uma luminária inteligente alimentada por sol e vento e esteve na CES, também no Pavilhão Europeu, à procura de parceiros e clientes, com o intuito de alargar o seu mercado internacional.

Nós temos particular interesse na Califórnia, Nevada, Texas, Florida e também Nova Iorque”, disse à Lusa o fundador e CEO Pedro Ruão. “O mercado é enorme. Só Los Angeles tem 400 mil luminárias que pretende substituir”, exemplificou. “Eles instalaram a primeira geração de LED que agora já é obsoleta e vão ter de trocar. É uma oportunidade gigantesca”, acrescentou.

A luminária Omniled não só é alimentada por energia solar e eólica como também tem armazenamento de energia e pode fornecer Wi-Fi, 5G, ter câmaras e captação de áudio, sensores de qualidade do ar. “É uma plataforma de serviços inteligente completamente aberta”, resumiu Pedro Ruão.

Com projetos-piloto a decorrer em paragens de autocarro de Los Angeles, outra área de interesse nos Estados Unidos será a educação, já que a luminária pode conter, por exemplo, um botão de alerta para campus universitários ou análise de som para detetar riscos em escolas.

“Este ano tudo indica que vamos crescer cinco vezes em relação ao ano passado”, revelou Pedro Ruão. A produção é feita no Porto e a maioria do material é​fabricado em Portugal.

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