O confinamento devido à pandemia alterou os hábitos dos portugueses no que diz respeito aos jogos de fortuna e azar. Os casinos e salas de máquinas e de bingo registaram no quarto trimestre de 2020 uma quebra acentuada de receitas acima dos 50%, face ao mesmo período homólogo de 2020. A redução de horários dos espaços, a limitação da lotação e distanciamento físico, como medidas de combate à pandemia, são as explicações para as quebras das receitas.

Nesse sentido, o jogo online registou um crescimento acentuado no quarto trimestre, com uma subida de 25% do volume apostas, em relação ao trimestre anterior. Quando comparado com o mesmo período de 2019, esse crescimento é bastante superior, de 74,7%, traduzindo-se em 113,2 milhões de euros na atividade de jogos e apostas online, contra os 48,4 milhões de euros de receitas de 2019, no período homólogo. O Imposto Especial do Jogo Online (EIJO) do quarto trimestre de 2020 foi de 39,9 milhões de euros, superior em 11% o de 2019, mais 4,1 milhões de euros.

O jogo online viu um aumento significativo nas apostas desportivas à cota, que registou um crescimento de 56,6% face ao trimestre anterior, já os montantes das apostas nos jogos de fortuna e azar, o seu crescimento não atingiu os 20%. O primeiro gerou receitas brutas de 64,1 milhões de euros, e o segundo de 49,1 milhões de euros.

Quanto ao volume de apostas desportivas à Cota, durante o quarto trimestre de 2020, o valor foi de 345,4 milhões de euros, superior em 159,7 milhões, dos 122,6 milhões registados no período homólogo de 2019. Já o volume de apostas em jogos de fortuna e azar foi de 1.409,5 milhões de euros, sendo superior em cerca de 555,3 milhões de euros face ao quarto trimestre de 2019 e mais 227,6 comparado ao trimestre anterior de 2020.

tek jogo online 4º trimestre 2020

O Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ) explica a evolução do aumento das apostas desportivas pelo adiamento ou reinício durante este período de diversas competições, como o futebol, ténis e basquetebol, principais modalidades que fomentam as apostas. Muitas das modalidades que, normalmente, acabam no verão, foram adiadas e coincidiram com este período das apostas.

Só o futebol representou 86,72% do total das apostas desportivas que foram feitas. O basquetebol e ténis representaram cerca de 10%, com 5,21% e 4,86%, respetivamente. A Premier League inglesa representou 9,8% do volume das apostas, seguindo-se a Primeira Liga portuguesa com 9,1%, a Liga dos Campeões com 9%, a Liga Europa com 6,5% e a La Liga espanhola com 6,3%. Ainda assim, no basquetebol, os portugueses investiram na NBA, sendo um quarto das apostas efetuadas.

Há cada vez mais portuguesas registados para apostar

Durante o quarto trimestre de 2020 foram feitos 293,8 mil novos registos, com maior incidência em apostadores com idade inferior a 35 anos. Por outro lado, a SRIJ refere que também houve um aumento de jogadores que se autoexcluíram das apostas online, ou seja 72,4 mil até ao final do ano, quando comparados com os 62,1 mil no final do trimestre anterior. O crescimento significativo do jogo em Portugal segue a mesma tendência observada nos outros países europeus, sobretudo depois do Verão, num contexto de apostas desportivas à cota.

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O SRIJ destaca que os resultados apresentam um crescimento sustentado e equilibrado do mercado legal do jogo online no país, com a captação de novos jogadores e a sua preferência por um mercado regulado e controlado, e claro seguro.

Relativamente à distribuição dos jogadores por grupo etário, os apostadores com idades entre os 25 e 44 anos representaram 61,4% do total de registos. Os jogadores entre os 18 e 24 anos somaram 22,9% dos registos. No entanto, quanto a novos registos, 65,7% tinham idade inferior a 35 anos.

A entidade reguladora procedeu ainda durante o quarto trimestre de 2020 ao bloqueio de 49 websites de operadores ilegais de jogo. No total, desde o início da atividade do jogo online em mercado regulado em 2015, já foram encerrados 675 websites.