A pandemia de COVID-19 obrigou a uma rápida adaptação das escolas ao ensino à distância, trazendo consigo vários desafios de cibersegurança e os mais recentes dados de um inquérito do Observatório de Cibersegurança do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) com o apoio da Direção Geral de Educação mostram a importância desta área para as necessidades de digitalização do ensino.

Ao todo, o inquérito, que contou com questões acerca dos aspetos ligados à cibersegurança vividos pela comunidade docente durante o segundo semestre do ano letivo 2019/2020, foi respondido por cerca de 21 mil professores.

Quanto a políticas de cibersegurança nas escolas, 46% dos professores não sabe se a instituição onde leciona tem alguma em prática. Por outro lado, 11% dão a conhecer que não. Além disso, 32% dos docentes indicam que a Escola ou agrupamento onde dão aulas não desenvolveu estratégias de apoio relacionados com cibersegurança.

No que toca às experiências de ciberameaças vividas durante o período em análise, a maioria dos professores afirma que não passou por qualquer uma das ameaças apresentadas. No entanto, 11% destacam a intrusão de terceiros nas aulas por videoconferência (em práticas como “zoombombing”).

A descoberta de software malicioso num dispositivo (5%) ou a gravação não autorizada de uma aula e posterior partilha (3%) são também situações relatadas, além de esquemas de phishing/smishing (3%) e de intrusão de terceiros nas contas de email profissional ou de plataforma de videoconferência e/ou de partilha de conteúdos didáticos (2%).

Embora sejam menos apontadas, os professores detalham ainda situações de bullying online ou de discurso de ódio direcionado a si ou a outros. Menos frequentes são ainda os ciberataques impediram o acesso a serviços online, ataques de ransomware, roubo de identidade ou casos de aliciamento.

Que medidas é que tomam os professores para se manterem protegidos? A atualização do software utilizado e do antivírus são o método usado por 81% dos docentes. Já 69% dos inquiridos indicam que não partilham dados sensíveis ou pessoais online e 64% afirmam que não abrem emails e SMS desconhecidos nem clicam em links e anexos suspeitos ou desconhecidos.

Os 39% recorrem a palavras-passe profissionais complexas e 28% não usam redes Wi-Fi públicas a não ser através de VPN. Ainda menos frequentes são práticas como fazer backups regulares para um dispositivo externo (25%), a alteração das palavras-passe pelo menos uma vez (14%), a utilização de uma VPN (3%).

De um modo mais geral, a maioria dos professores inquiridos descreve a adaptação ao ensino a distância em termos de cibersegurança como “razoável”. Já 16% descrevem-na como “difícil” e 5% como “muito difícil”. O relatório indica também que quase metade dos docentes inquiridos consideram que a suspensão das aulas presenciais permitiu que conhecessem de uma melhor forma boas práticas de cibersegurança no ensino.

Ao todo, 53% dos questionados indicam que estão informados acerca dos riscos do mundo online. Por outro lado, 59% julgam que os alunos estão pouco informados em relação a esses riscos. Entre as dificuldades colocadas à cibersegurança nas aulas a distância, os professores sublinham a carência de meios tecnológicos (37%), a falta de consciência dos alunos (20%), a ausência de uma orientação estratégica (16%) ou de informação disponível (12%), assim como a falta de consciência da comunidade docente (4%).