A União Europeia está a ultimar o regulamento da inteligência artificial, depois da AI Act ter sido aprovada em maio, com previsão de aplicação em dois anos. Mas os profissionais da indústria do sexo não parecem satisfeitos por terem ficado de fora das discussões em terno do assunto.

Um grupo de profissionais e apoiantes da indústria, incluindo fabricantes de tecnologia sexual, cinema erótico, indústria e educadores de sexologia, escreveu uma carta aberta a Bruxelas onde aponta que o seu ponto de vista está a ser ignorado nas discussões das políticas de IA e pede que sejam incluídos no futuro.

Na carta, que a Wired teve acesso, a iniciativa Open Mind AI é assinada pela produtora de filmes eróticos de Erika Lust, assim como pela Aliança dos Direitos dos Trabalhadores do Sexo. O documento aponta que quem está a discutir os riscos da IA estão a excluir as perspetivas nos conteúdos adultos e a sobrecarregar com o regulamento uma comunidade que já é marginalizada.

Representantes deste grupo aponta que será natural que as pessoas se voltem para esta tecnologia para satisfazer as suas fantasias, uma vez que a IA está a evoluir numa base diária. Mas aponta que as deepfakes são a principal maior ameaça de IA. Salienta que 96% são focados em porno não consensual, sobretudo mulheres e raparigas. E acredita que tanto é prejudicial para as vítimas das imitações, mas também para as atrizes porno. “É uma ameaça para a sua integridade e os seus meios de subsistência”, refere Ana Ornelas, em nome da iniciativa.

Na perspetiva do grupo, a forma como o cenário está a ser pintado, todos os criadores de conteúdos adultos, trabalhadores do sexo e educadores ficam com a ponta dos dois lados do espectro. Na sua perspetiva, ao banir o conteúdo adulto, se misture aquele que é criado de forma legítima com o material não consensual, empurrando as pessoas para modelos de IA sem qualquer filtro.

A Open Mind AI aponta que os reguladores de Bruxelas não compreendem a indústria do sexo, arriscando censura, medidas draconianas e falta de compreensão. Dessa forma, a sua perspetiva deve ser considerada para que os reguladores criem as salvaguardas necessárias, libertada e um ambiente online sexual mais positivo.

Além de enfrentar a descriminação, o grupo aponta que a indústria já está em desvantagem com a utilização da IA, uma vez que as principais plataformas de IA generativa geralmente não permitem a criação de conteúdos adultos. A Wired aponta que a OpenAI já está a considerar como permitir de forma responsável a criação deste tipo de conteúdos em contextos etários apropriados.