A organização de defesa dos direitos humanos sem fins lucrativos, SumOfUs, partilhou um relatório de investigação sobre a violência que ocorre nos espaços virtuais do metaverso, incluindo violação em grupo, comentários sexuais, homofóbicos e racistas, entre outros comportamentos inadequados contra os utilizadores.

O relatório, com o nome “Metaverse: another cesspool of toxic content” salienta a incapacidade da Meta, a casa-mãe do Facebook, em moderar os conteúdos nas suas diversas plataformas, tendo entrado com o pé esquerdo na moderação do seu metaverso. E destaca que com apenas 300 mil utilizadores, o metaverso Horizon Worlds já é palco de conteúdos prejudiciais e perigosos.

“Sem uma ação urgente, isto vai tornar-se pior. Até os reguladores obrigarem a Meta a responsabilizar-se pelos perigos encontrados nas suas plataformas, diminuir a sua influência nas indústrias tecnológicas e o seu reinado de práticas de recolha de dados sem escrúpulos, o metaverso vai tornar-se uma espiral para um ambiente tóxico e negro”, lê-se no relatório.

Metaverso: Os mesmos comportamentos da vida real devem ser adotados no mundo virtual
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A SumOfUs salienta que sem o mínimo de moderação, o metaverso permite que os comportamentos tóxicos surjam, numa normalização de assédio sexual direcionado a avatares femininas. Na sua investigação, uma investigadora entrou no metaverso Horizon Worlds e ficou surpreendida com a rapidez com que encontrou comportamentos de assédio sexual.

Cerca de uma hora depois de entrar no metaverso, a investigadora foi conduzida a uma sala privada numa festa, onde foi "violada" por outro utilizadorque continuava a dizer-lhe para se virar, para fazê-lo por trás, enquanto outros utilizadores de fora pudessem ver pela janela”. Outro utilizador no quarto observava, passeando com uma garrafa de vodka na mão. A organização refere que o ato sexual não foi consensual, levando a investigadora a descrever a experiência como “desorientadora” e confusa.

Existe uma definição do sistema que cria barreiras pessoais a outros utilizadores. A investigadora foi incentivada a desligar essa definição, notando que quando outro utilizador tocava no seu avatar era transmitida uma vibração para os comandos da mão, “criando uma experiência física muito desorientadora e perturbante durante este assédio sexual virtual”. A investigadora diz que tudo aconteceu tão rápido que ficou um pouco “baralhada”. “Parte do meu cérebro estava a tentar perceber o que raio estava a acontecer, a outra parte dizia-me que este não é o meu corpo real e outra parte apontava que era uma investigação importante”, salientou a investigadora no relatório.

O documento lista o testemunho de outras vítimas de abusos em diferentes plataformas de metaverso, umas pertencentes à Meta, outras disponíveis em aplicações na loja do Oculus Quest. Um dos relatos queixou-se que tinha sido encostada por um estranho, sugerindo melhores mecanismos de prevenção e para reportar assédio. A vítima refere que a Meta não só falhou em tomar ação contra o agressor, como culpou a utilizadora por uso inadequado das funcionalidades de segurança.

Ainda no Horizon Worlds, a utilizadora Nina Jane Patel relatou que foi violada virtualmente por um grupo de 3 ou 4 avatares masculinos cerca de 60 segundos depois de ter entrado no metaverso. Outras utilizadoras reportaram outras queixas de comportamentos sexuais inapropriados, sobretudo sentidos quando utilizavam equipamento de sensações hápticas.

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O discurso de ódio, incluindo descriminação, homofobia, racismo e questões sexuais são apontados como comportamentos frequentes nas plataformas de metaverso, que afetam pessoas de cor, membros da comunidade LGBTQ+, mulheres e crianças, “tornando estes espaços perigosos e inacessíveis”. Os investigadores também anotaram a propensão do metaverso a albergar conteúdos extremistas. “Em vez de aprender com os seus erros passados, a Meta está a avançar com o metaverso sem um plano claro de como lidar com o conteúdo perigoso e comportamentos prejudiciais, desinformação e discurso de ódio.

Nick Clegg, presidente para os assuntos globais das plataformas Meta, referiu no seu blog que as regras e funcionalidades do metaverso não são idênticas às que estão atualmente a ser usadas nas redes sociais e que nem deveriam ser. “No mundo real, assim como na internet, as pessoas gritam e praguejam, e fazem todas as coisas desagradáveis que não são proibidas pela lei, e depois maltratam e atacam pessoas em formas que são. E no metaverso não será diferente. As pessoas que querem continuar a utilizar as tecnologias para tal, vão encontrar sempre formas de o fazer”.

Este tipo de conduta por vezes inapropriada foi também tocado num painel dedicado ao metaverso do evento Teleperformance PXP, em que se referia que os mesmos comportamentos de bom senso da vida real devem ser adotados no mundo virtual.

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