Estão os CEOs a fazer o suficiente para promover a sustentabilidade nas suas empresas? A pergunta deu mote a uma das sessões do Digital with Purpose Global Summit que decorre em Cascais. Quem assistiu percebeu que não e também viu sublinhada a ideia de que estamos a chegar ao ponto sem retorno. Sem alinhar negócio e sustentabilidade vai deixar de haver negócio e a única forma de promover este encontro é através da inovação e com tecnologia.

“A sustentabilidade já não é uma buzzword e é a única forma de avançar” defendeu Nizar Kammourie, CEO, Sawaco Water Group. Estamos a chegar a um ponto em que “sem sustentabilidade não há negócio”, frisou o responsável, que veio partilhar a visão de quem trabalha numa indústria tradicional. Garantiu que na sua área não tem sido difícil fazer valer os argumentos que sustentam os investimentos necessários para reorientar os negócios para uma pegada de carbono mais leve, sobretudo quando o retorno dos investimentos é óbvio e rápido.

As maiores dificuldades estão nos projetos mais estruturais, que requerem volumes de investimento maiores e têm um retorno mais demorado, mas que são igualmente indispensáveis. As dificuldades estão também em mudar o mindset dentro das próprias organizações.

Inovar e apostar em tecnologia é fundamental para alinhar o negócio com metas de sustentabilidade e isso exige colaboração entre diferentes áreas dentro da organização ou mesmo com parceiros externos, como startups. “Exige que se quebrem silos, que durante anos prevaleceram e essa é uma barreira difícil de ultrapassar”, admitiu o gestor.

Outra lacuna apontada no debate está na distância entre o que se diz e o que verdadeiramente se faz, não necessariamente com intenção de enganar clientes ou investidores (Greenwashing), mas porque falta implementar a estratégia e as ferramentas indispensáveis para converter intenção em resultados.

“As empresas menos pressionadas pela regulação levam a cabo iniciativas mas não estão ainda verdadeiramente empenhadas em atingir metas, não medem os seus progressos”, destacou Fernando Reino da Costa, CEO da Unipartner.

Os “CEOs das empresas estão comprometidos [com o tema da sustentabilidade] mas não têm processos nem ferramentas implementadas”. Faltam roadmaps claros e, principalmente, processos para medir os progressos alcançados, admitiu o responsável.

“Principalmente entre as grandes empresas há, agora como nos últimos anos, uma preocupação de devolver valor à sociedade”, mas poucos progressos na avaliação do caminho feito nas áreas ESG. Um exemplo: sendo claro que a digitalização acelera o alcance de metas nestes domínios, "muitas empresas ainda não medem a pegada de carbono do seu próprio IT", ilustrou Fernando Costa.

Todo o futuro passa pelo digital e a sustentabilidade mas sempre colocando o humano no centro
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O tema da digitalização/inovação e a sua importância no reposicionamento dos negócios e no alinhamento com práticas mais sustentáveis também foi sublinhado por Radoslaw Kedzia, vice-presidente sénior da Huawei na Europa, mas na sua perspetiva a evangelização para o valor da digitalização neste caminho já deixou de fazer sentido. “As empresas que ainda não começaram a fazer essa aposta já têm o futuro comprometido”.

O responsável também partilhou alguns exemplos de como uma empresa com a dimensão da Huawei pode ajudar a promover a mudança, dentro e fora de portas. Revelou que nos últimos 10 anos a tecnológica reduziu em 2,7 vezes o consumo energético das suas soluções. Chegou aqui com uma combinação de design inteligente, I&D aplicada aos materiais, redesenho de componentes e analisando padrões de utilização dos clientes. Na oferta para clientes tem vindo a lançar soluções mais eficientes, mas também ferramentas que ajudam a alinhar estratégias de inovação com sustentabilidade.

Luísa Ribeiro Lopes, presidente do conselho diretivo do .PT, que funciona num edifício com certificação sustentável, destacou a importância de abordar a sustentabilidade em todas as vertentes e deixou o desafio às empresas de seguirem a prática da associação que gere o domínio de topo português. “As empresas devem procurar certificar as suas práticas sustentáveis. Ter alguém de fora que possa avaliar e confirmar” que estão no caminho certo.

Veja as imagens dos primeiros dias da conferência

O SAPO TEK é Media Partner do Digital with Purpose Global Summit 2024 e pode acompanhar tudo no dossier que criámos.