Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, Luís Santana, CEO da Medialivre, Nicolau Santos, presidente da RTP e Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital estiveram de acordo em quase tudo no painel do Estado da Nação dos Media no 34º Congresso da APDC que decorre em Lisboa. Afinal, a grande concorrência está noutras plataformas digitais e no streaming das plataformas globais.

Mesmo assim há uma confiança no futuro, e na capacidade que os media têm na informação e entretenimento, avançando com novas iniciativas e parcerias para dinamizar as receitas e atrair novos públicos.

Com a visão de “copo meio cheio ou meio vazio”, Francisco Pedro Balsemão admite que em Portugal o broadcasting mantém um vigor maior do que noutros países, fruto da qualidade de informação, no entretenimento e ficção, mas avisa que “ainda ninguém conseguiu libertar-se do peso da publicidade” e que a substituição das receitas é mais lenta do que esperaria. Adicionalmente “estamos cada vez mais rodeados de concorrentes que são desleais”.

Do lado de Luís Santana, da Medialivre, a rentabilidade da estrutura está assegurada. “Não temos marcas que não tenham margem de contribuição positivas”, afirma, mas reconhece que a maior dificuldade é ter as receitas estabilizadas.

Para além da preocupação com a rentabilidade, Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital, mostrou a sua preocupação com algumas tendências, como a normalização da produção de conteúdos por IA. E “a Google está a apresentar resultados completos”, usando os conteúdos produzidos pelos media.

“Temos dificuldade em concorrer neste espaço [da publicidade digital]”, admite, dizendo que as plataformas não conseguem recuperar este valor e isso faz com que o futuro esteja ameaçado. “É uma guerra que não afeta Portugal em concreto mas todo o mundo da comunicação social”, justifica o CEO da Media Capital. Por isso mesmo insiste que é importante que o Governo esteja atento na regulação desta área “para não termos de fazer o caminho das pedras”.

Pedro Morais Leitão faz mesmo o paralelo entre o início da Internet nos anos 2000 – com a bolha da internet – e o atual momento de avanço da Inteligência Artificial, com a necessidade de proteção do direito de autor. “Mas a evolução é mais rápida pede a atenção do regulador e do governo para agir […] não pode esperar 20 anos”.

Plataformas de streaming podem ser parceiras

À semelhança do que acontece com algumas parcerias internacionais, como a da TF1 com a Netflix, os “patrões” dos media consideram que a associação a grandes plataformas como o Netflix pode ser positiva. “Identificamo-nos mais com o Netflix e outras plataformas semelhantes do que com o YouTube ou Spotify, que investem pouco ou nada em conteúdos próprios, profissionalmente produzidos”, refere Francisco Pedro Balsemão, lembrando que as marcas têm de perceber que a aposta em publicidade é diferente em plataformas de “brand safe” do que em redes mais viradas para os cliques e onde os dados são geridos pelos próprios algoritmos.

O responsável pela Impresa adiantou ainda que está a preparar “duas parcerias” novas mas sem querer dar mais detalhes.

A expectativa em relação a novas medidas do plano do Governo de Ação para a Comunicação, apresentado pelo anterior Governo em outubro do ano passado. Nicolau Santos, presidente da RTP defendeu que é preciso atualizar a legislação para o sector e que isso ia “ajudar o sector a arrumar-se e organizar-se melhor”. Em termos gerais as medidas foram apontadas pelos quatro oradores como positivas.