Autoridades recuperam 5,5 milhões de reais em criptomoedas ligado ao “golpe mais grave” do Brasil

Rui Parreira

17 jul 2025 17:30

Estima-se que a quantia total do ciberataque às instituições financeiras foi de até 800 milhões de reais, naquela que é considerada uma das mais graves de sempre registadas no Brasil.

No dia 2 de julho, o Banco Central do Brasil anunciou ter sido vítima de um ataque hacker devido a falhas no sistema de segurança, sendo afetados pelo menos seis bancos. É considerado o maior golpe de sempre sofrido por instituições financeiras pela internet no Brasil, estimando-se que tenham sido roubados cerca de 800 milhões de reais (124 milhões de euros).

A Polícia Civil de São Paulo afirmou que os valores foram desviados por transferências através do PIX (sistema de transferência e pagamentos bancários semelhante ao MB Net). Nesta terça-feira, as autoridades iniciaram a Operação Magna Fraus, uma investigação que procura esquemas de fraudes milionárias envolvendo criptoativos, assim como o sistema que liga as instituições financeiras ao PIX.

A operação permitiu à polícia localizar e recuperar 5,5 milhões de reais (850 mil euros), naquele que diz estar ligado ao caso do início do mês. As autoridades encontraram a chave privada de acesso às criptomoedas numa das moradas onde foram realizadas buscas, garantindo a custódia dos valores.

As autoridades já tinham detido um homem no dia 3 de julho, alegadamente ligado ao golpe, sendo um funcionário de uma empresa que interliga o sistema de bancos menores aos sistemas do Banco Central. O suspeito-confesso chama-se João Nazareno Roque, operador de TI na C&M Software, disse que tinha vendido a sua senha de acesso ao grupo de hackers.

Segundo explica a Globo, a fraude aconteceu ma madrugada de 30 de junho e apenas a BMP reportou ter sido alvo de ciberataque. Os desvios dos valores terão acontecido até às 7 da manhã. Para cometer os crimes, os hackers emitiram ordens falsas de transferência pelo PIX, fazendo-se passar por bancos clientes da C&M Software, obtendo assim os elevados valores na fraude.

O que dificulta a investigação é que os cibercriminosos desviaram a quantia dos fundos roubados para diversas outras contas, tornando o respetivo rastreamento mais difícil. A C&M Software tem uma importância no golpe por ser uma empresa que serve como ponte entre os bancos e sistemas de pagamentos, como o PIX.

Apesar dos elevados valores roubados, as entidades bancárias afirmam que não houve danos às contas dos seus clientes e as suas informações não foram acedidas. Os analistas financeiros deixaram o alerta que o sistema financeiro sofreu impactos significativos.