Portugal é o 5º país da União Europeia com o maior número de pessoas que nunca tiveram a experiência de fazer uma compra online. Ainda assim, a percentagem de portugueses que usa a internet para fazer compras tem vindo a crescer, mesmo que a um ritmo mais lento que o verificado durante a pandemia, como seria de esperar.

De acordo com os dados compilados num estudo da Anacom, realizado com base em entrevistas realizadas entre junho e agosto, 43% dos residentes em Portugal fizeram compras online nos três meses anteriores à consulta. A percentagem sobe para 54%, se o âmbito da questão se estender aos 12 meses anteriores. Num e noutro caso, o número de compradores online cresceu face a 2021 - 2 pontos percentuais.

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Mesmo a crescer, verifica-se que Portugal continua longe da média europeia, tanto no que se refere ao número de pessoas que compram online, como à percentagem daquelas que já tiveram experiências de vender online. Em relação ao primeiro indicador, Portugal surge na 21º do ranking da UE a 27. Já nas vendas online, apenas com 9% dos portugueses a terem tido esta experiência, o país é 23º.

O que compramos?

Nos hábitos de compra, Portugal está mais alinhado com a tendência europeia. O vestuário e calçado transformaram-se na categoria mais apelativa para quem compra online - 66% dos que fizeram compras online nos últimos meses compraram roupa ou sapatos.

A segunda categoria mais popular, num hábito que ficou da pandemia, é a entrega de refeições ao domicílio (42%). Seguem-se produtos de beleza e bem-estar (28%) e só no quarto lugar da tabela (27%) vêm os tablets, telemóveis, equipamento informático complementar ou acessórios.

Mesmo estando já afastada do pódio das compras online - que outrora liderou - a compra de equipamentos informáticos online em Portugal tem uma das taxas mais elevadas da Europa. Portugal é o 5º país que mais adquire este tipo de produtos por esta via. O país destaca-se também das médias europeias na compra de livros e revistas (6º), na compra de refeições para entrega ao domicílio (7º), ou de produtos de saúde e beleza (10º).

Nos produtos digitais, Portugal está acima da média europeia (ocupa a 7ª posição) no consumo de “filmes, séries ou programas de desporto para download ou subscrição online”, categoria que também liderou as compras online de bens digitais a nível interno. Nos serviços, os mais procurados online pelos portugueses foram, no ano passado, alojamento (36%), bilhetes para eventos culturais, cinema, concertos, feiras e outros (32%) e serviços de transporte (32%).

Quem compra online?

O relatório, “O comércio eletrónico em Portugal e na União Europeia em 2022 - segmento residencial e empresarial” da Anacom permite ainda apurar que os indivíduos com níveis de escolaridade elevados, maiores rendimentos, empregados ou estudantes, são quem mais compra online e também quem mais vende.

Nas empresas verifica-se que 18% receberam encomendas através de redes eletrónicas. O número, ainda relativo a 2021 e só referente a empresas com 10 ou mais trabalhadores, traduz um crescimento de 2 pontos percentuais face ao ano anterior e deixa Portugal apenas 1 ponto percentual abaixo da média da UE a 27. Apurou-se também que estas encomendas - na maior parte dos casos recebidas através dos sites das próprias empresas - representaram 17% do volume de negócios das companhias, tanto como no ano anterior.

Mais de metade dos negócios que venderam a clientes noutros países da UE continuam a queixar-se do processo. Os principais problemas referidos foram os custos elevados de entrega e devolução de produtos (33%), ou dificuldades relacionadas com o sistema de IVA nos países (24%).

A esmagadora maioria dos compradores online não teve problemas nestas operações (93%). Quem teve, queixa-se sobretudo do tempo de entrega das encomendas (3%), ou de receber bens ou serviços danificados ou errados (3%).