A integração de IA generativa e agentes inteligentes nas plataformas SAP faz parte das apostas da tecnológica alemã e não faltaram novos anúncios nesta área durante o TechEd 2025, a conferência de developers que decorre em Berlim. Mas para além de integrar tecnologia de IA com outros parceiros, a SAP tem agora o seu próprio modelo fundacional, o SAP-RPT-1, preparado para as empresas e para previsão de dados de negócio com base em tabelas.
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“Este é um grande passo na nossa jornada para trazer a IA Generativa para os clientes SAP. O SAP-RPT-1 vai além de aplicar os modelos existentes aos problemas dos clientes”, explica Philipp Herzig, CTO da SAP, sublinhando que o modelo foi pensado de raiz para ser usado com dados de negócio da SAP e nesta área de conhecimento.
SAP-RTP-1 significa Relational Pretrained Transformer, e lê-se SAP Rapid One, e o modelo é apresentado como uma evolução natural da experiência da empresa em gerir dados de negócio críticos. Depois de dois anos de desenvolvimento, Philipp Herzig admite que houve altos e baixos mas que no início deste ano o modelo começou a mostrar resultados fiáveis, e por isso a SAP decidiu avançar com a disponibilização aberta para testes.
O modelo foi desenvolvido com equipas de I&D alemãs e de Palo Alto que já publicaram os resultados e os partilharam na conferência NeurIPS, mostrando as vantagens e o funcionamento do SAP-RPT-1 com dados de tabelas simples.
Tem uma arquitetura de base diferente de outros LLMs, e em vez de estar optimizado para gerir texto, fazendo a previsão da próxima palavra em sequência linear, o modelo foi pensado para identificar ligações e dependências em linhas e colunas de tabelas, com campos semânticos e tipos de dados comuns em informação empresarial.
“Tivemos um grande debate há dois anos sobre se a SAP deveria construir um Large Language Model e eu defendi que não devíamos fazer isso e agora vemos que tomámos a decisão certa”, explicou ao TEK Notícias, admitindo que a ideia era desenvolver algo que trouxesse valor com base na experiência da SAP.
Para Philipp Herzig, a análise de dados relacionais é o principal ganho, sobretudo se olharmos para a escala e volume de informação nas empresas e não precisa de treino específico para as tarefas nem de ajustes, aplicando-se a diferentes tarefas de previsão em diferentes áreas, desde os Recursos Humanos à cadeia de abastecimento, passando pela área financeira, tudo num único modelo. "Toda a gente consegue fazer um trabalho fantástico com 10 documentos, com centenas ou milhares é mais difícil", sublinha, sobretudo em várias línguas e com contextos em diversos países.
Os benefícios passam por garantir previsões em tempo real de forma mais rápida, sem necessidade de iterar modelos e com adaptação acelerada às mudanças de mercado, mas também com redução de tempo de desenvolvimento. Em vez de ter centenas de modelos separados, os clientes podem usar um modelo fundacional único integrado no ecossistema SAP. O CTO da SAP destaca ainda o desempenho elevado em problemas complexos, que gera melhores decisões e resultados.
O SAP-RPT-1 vai estar disponível em três modelos, Small, Large e Open Source, e foi pensado para interpretar tabelas e não texto, tendo sido treinado com dezenas de milhares de horas de GPU. Philipp Herzig garante que os resultados são 3,5 vezes melhores do que os obtidos com outros LLMs, com menos consumo de GPU e cerca de 50 mil vezes mais eficiente. Os resultados estão detalhados no paper publicado em julho pela equipa de desenvolvimento.
O modelo já está disponível em ambiente de testes para developers, o SAP-RPT Playground, onde é possível experimentar a ferramenta, e deverá ser disponibilizado comercialmente no final do ano. O objetivo é que possa ser integrado no hub de IA generativa SAPO AI Foundation no quarto trimestre e que evolua para níveis de tabelas mais complexos.
O CTO da SAP adianta ainda que o modelo está já a ser testado com clientes para validar os resultados e que a empresa vai aproveitar a nova tecnologia para potenciar as suas próprias aplicações, trazendo mais inovação aos clientes.
"O que queremos agora é avançar para a generalização [do modelo] em tabelas cruzadas que este modelo não resolve ainda", adiantou ao TEK notícias.
Em relação â adoção das ferramentas de Inteligência Artificial por parte dos clientes SAP, Philipp Herzig defende que este é um momento de mudança, semelhante à passagem das plataformas on premisses para a cloud, mas que deverá ser feito de forma faseada.
A SAP está a integrar de forma gradual as ferramentas de IA na plataforma e nos vários produtos, e a disponibilizar ferramentas como o Joules Studio e o novo Prompt Optimizer para que os utilizadores possam ter prompts mais eficientes para usar nos vários modelos, e o CTO da SAP lembra que isto são vantagens que os clientes já podem usar.
"Isto não é disruptivo para o cliente no final do dia, mas traz valor com cada passo que está a dar na sua jornada de transformação", afirma, explicando que é por isso que a SAP está a adotar este método de integração da tecnologia.
Nota da redação: O TEK Notícias viajou para o SAP TechEd 2025 a convite da SAP
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