A startup portuguesa Neurospace vai receber um investimento de 2,5 milhões de euros para acelerar a comercialização da sua plataforma de inteligência artificial proprietária, assente num sistema avançado de monitorização de detritos espaciais e prevenção de colisão entre satélites.

Criada por Nuno Sebastião em 2020, um dos cofundadores da Feedzai, a startup é liderada por Chiara Manfletti, que já foi também presidente da Agência Espacial Portuguesa. O investimento angariado é feito pela Armilar Venture Partners.

A tecnologia desenvolvida pela empresa permite prever o risco de colisão entre satélites de forma mais precisa. Os testes feitos até à data apontaram 22% menos falsos positivos que os devolvidos por soluções mais antigas.

Outro dos factores distintivos da solução da Neuraspace está no facto de combinar diferentes tipos de dados de várias fontes, que aumentam a robustez e resiliência do resultado, ou no facto de automatizar vários processos e comunicações que até agora eram manuais. Esta automação suporta uma solução escalável e integrada, que permite responder simultaneamente a vários operadores de satélites e que também fornece recomendações de manobras orbitais acionáveis ​​para evitar colisões, explica a empresa.

A economia espacial aproxima-se de uma valorização de um bilião de dólares, um crescimento que tira partido da descida no custo do acesso ao espaço e da proliferação de serviços que usam informação espacial. Transportes, logística, bancos, seguros, agricultura ou segurança são apenas algumas das áreas que não podiam operar da mesma forma, sem tirar partido dos dados e serviços baseados em satélites que usam.

Toda esta evolução aumentou exponencialmente a quantidade e ritmo de lançamento de novos satélites para o espaço. Estima-se que existam já cerca de um milhão de detritos, com tamanhos entre um e 10 centímetros, em órbita terrestre. A probabilidade de colisões de satélites tem vindo a aumentar e continuará a aumentar, porque o ritmo de lançamento de novos satélites também continuará a crescer.

“A isso, acrescem os recentes trágicos testes de mísseis anti-satélite realizados por alguns
Estados, que ajudam a explicar porque a segurança, a proteção e a sustentabilidade do espaço se tornaram numa necessidade urgente e crítica para a economia global em geral”, lembra a Neuraspace.

Nuno Sebastião explica ambições da Neuraspace

Estes desafios e as suas semelhanças com aqueles que se colocam ao sector financeiro terão dado o mote para que Nuno Sebastião criasse a Neurospace e reunisse uma equipa profissional para a gerir. O empreendedor português começou a carreira a trabalhar no Centro de Operações da Agência Espacial Internacional, uma experiência que o aproximou dos desafios do espaço e o manteve atento ao sector nos anos seguintes, até decidir avançar com o projeto.

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“Acredito que muitos dos desafios enfrentados pela segurança e proteção do espaço hoje podem ser abordados aplicando muitas das lições que aprendemos ao transformar a Feedzai numa empresa avaliada em mais de um milhar de milhão de dólares num setor
bastante conservador, onde dados e automação precisam de escalar e operar em tempo real”, refere Nuno Sebastião.

“A Neuraspace fará pelo Espaço o que a Feedzai está a fazer pelo setor financeiro: utilizar IA avançada e uma plataforma de operações de risco totalmente automatizada para fornecer insights acionáveis ​​e gerir riscos”, continua o responsável.

Chiara Manfletti, que está a dirigir as operações da Neuraspace desde novembro do ano passado, sublinha que há dois grandes factores a acelerar o crescimento da economia do espaço, a propulsão avançada e o acesso de baixo custo ao espaço, por um lado, e a operação segura e sustentável em órbita.

“Isto não está resolvido, de todo, e continua a ser a maior ameaça ao desenvolvimento das atividades espaciais comerciais e institucionais”, sublinha a responsável lembrando que a ESA definiu recentemente a Proteção de Ativos Espaciais como um dos três pilares estratégicos da sua visão.

A Neuraspace está incubada no Instituto Pedro Nunes, na Universidade de
Coimbra) e faz também parte da iniciativa Business Incubator da Agência Espacial Europeia
(ESA-BIC),

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