A sonda Cassini da agência espacial norte-americana pode ter mergulhado para sempre na atmosfera de Saturno em 2017, mas as informações que a que teve acesso ao longo de duas décadas de exploração espacial continuam a intrigar os cientistas.

Uma nova investigação revela que a missão recolheu nos géiseres de Enceladus um novo tipo de matéria orgânica, algo que os especialistas determinaram como um percursor aos aminoácidos, um dos elementos necessários para a existência de vida.

De acordo com os investigadores que levaram a cabo o estudo a sonda Cassini entrou em contacto com partículas geladas emitidas pelos géiseres de Enceladus quando estava de passagem pelo anel E de Saturno. Os espectrómetros de massa da sonda conseguiram identificar os diferentes elementos da amostra recolhida.

Os astrónomos acreditam que a matéria orgânica encontrada nas partículas de gelo teve origem nas profundas fendas hidrotermais que existem no oceano de Enceladus. As fissuras expelem material do núcleo do satélite natural que se mistura com a água, sendo depois emitido pelos géiseres.

“Ainda não sabemos se os aminoácidos são necessários à vida para além do planeta Terra, mas o encontrar destas moléculas é já uma peça importante do puzzle”, afirmou Nozair Khawaja, um dos investigadores que liderou o estudo em comunicado à imprensa.

À volta de Saturno orbitam cerca de 79 satélites naturais reconhecidos. Alguns deles apresentam características semelhantes a um planeta autêntico, tal como é o caso de Enceladus. Em 2015 os cientistas da agência espacial norte-americana descobriram fortes indícios de que existe um oceano líquido debaixo da crosta de gelo do astro.

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A análise dos dados recolhidos pela sonda Cassini deu também a conhecer outro indicador que aponta neste sentido: a existência de géiseres no polo sul de Enceladus. Estes emanam grandes quantidades de água para a atmosfera, a qual cai depois como neve nas luas ao ser redor.