O ISTSat-1 é um dos satélites de nova geração desenvolvidos com cunho português que foram colocados em órbita no ano passado, aproveitando a viagem inaugural do foguetão Ariane 6, mas depois de ter "dado sinais de vida" pouco se sabia da sua atividade. Agora a equipa de desenvolvimento do projeto, assinalou o primeiro aniversário do lançamento e partilhou informação sobre o estado operacional do pequeno satélite.  

Segundo a informação revelada, o ISTSat-1  já orbitou a Terra "aproximadamente 5500 vezes" e continua operacional, mas encontrou alguns desafios para cumprir a sua missão. Mesmo assim a expectativa é positiva. "Depois de um ano a resolver problemas de comunicação, está quase pronto para começar a recolher sinais dos aviões", refere a equipa em comunicado.

Rui Rocha, professor do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores (DEEC) do Técnico, investigador no Instituto de Telecomunicações (IT) e diretor e um dos fundadores do IST NanosatLab diz que o lançamento "foi um marco importante para o IST, para a Academia Portuguesa, para Oeiras e, seguramente, para o sector do Espaço em Portugal", mas explica que "por problemas inerentes à ligação do rádio às antenas de transmissão de telemetria, a receção de sinais a partir de órbita revelou-se problemática".

Por isso a equipa teve de procurar soluções que permitissem, em Terra, melhorar as condições de operação do ISTSat-1, onde contou com a comunidade de rádio-amadores.

Veja as imagens da equipa de desenvolvimento o ISTSat-1

"Contando com a colaboração da comunidade radio-amadorística, vários foram os esforços desenvolvidos pela equipa e por radioamadores amigos. Em resultado destes esforços, e assim que o tempo o permitiu, a equipa teve sucesso em ligar todos os sub-sistemas a bordo e verificar que se conseguia atingir o modo nominal de funcionamento”, afirma o professor.

O ISTSat-1 está em órbita a 580 km de altitude, uma órbita baixa, e a missão que foi definida é de descodificar mensagens enviadas por aviões, de modo a testar a capacidade de deteção da presença de aviões, em zonas remotas. Mesmo sem conseguir ainda executar o plano inicial, já deu cerca de 5500 voltas à Terra, e passou quase 1.500 vezes por cima de Oeiras, onde foi criado.

O vídeo mostra alguns dos marcos do projeto:

https://videos.sapo.pt/ek7Bi8oZDzVQtqD8bz3I

A equipa adianta que as baterias do satélite mantêm-se também operacionais e que os dados transmitidos permite assegurar que "não está a rodopiar de forma descontrolada no Espaço". Esta comunicação é garantida com recurso a "um agregado de antenas yagi (antenas direcionais para captação de ondas electromagnéticas) instalado no campus Oeiras".

No dia 9 de julho o IST organizou um evento para assinalar o aniversário e o professor Rui Rocha destaca que a data também marca "o atingir da situação porque todos esperávamos há muito: as condições para testar o descodificador de mensagens ADS-B, estando cada vez mais próximos do início da execução da missão para que o satélite foi desenhado: a programação das zonas de recolha de sinais de ADS-B dos aviões e a recolha desses dados que serão posteriormente analisados em Terra”.