Os Estados Unidos não queriam ficar para trás durante a era da corrida espacial contra a União Soviética. Depois da chegada à Lua em 1969, com a missão Apollo 11, as atenções centraram-se em objetivos ainda mais ambiciosos, sobretudo, após o lançamento da soviética Salyut 1, a primeira estação espacial, em 1971.

A Skylab, concebida para ser o primeiro laboratório espacial americano, nasceu através do Apollo Applications Program, uma iniciativa concebida para reaproveitar componentes das missões americanas à Lua. Aliás, a estrutura principal da estação foi construída a partir do estágio superior de um foguetão Saturn.

NASA | Skylab
NASA | Skylab Estrutura da estação espacial Skylab créditos: NASA

A 14 de maio de 1973, a Skylab partia para o Espaço, ainda sem tripulação, à boleia de um foguetão Saturn V, num lançamento feito no Centro Espacial Kennedy, na Flórida. 11 dias depois chegava a bordo a primeira tripulação, composta pelos astronautas Pete Conrad, Paul Weitz e Joe Kerwin.

A primeira tripulação teve como missão reparar os danos causados na estação durante o lançamento. Além de consertarem os danos num dos painéis solares e no escudo térmico da Skylab, os três astronautas passaram 28 dias em órbita, estabelecendo um novo recorde para a NASA.

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Na segunda missão tripulada, composta por Alan Bean, Jack Lousma e Owen Garriott, os astronautas tiveram a oportunidade de aprofundar as experiências científicas e testar os limites da resistência humana num ambiente de microgravidade.

Se a segunda tripulação já tinha batido o recorde anterior, permanecendo no Espaço durante 59 dias, a terceira levou esse feito ainda mais longe. Ao todo, os astronautas Jerry Carr, Bill Pogue e Edward Gibson ficaram na Skylab durante 84 dias, um recorde que só viria a ser batido por astronautas americanos mais de duas décadas depois.

De acordo com o arquivo histórico da NASA, ao longo destas missões, as três equipas de astronautas ocuparam a Skylab por um total de 171 dias e 13 horas. Durante este período, a estação foi palco para quase 300 experiências científicas, incluindo estudos sobre a adaptação humana a ambientes de gravidade zero, mas também observações solares e investigações sobre os recursos naturais da Terra.

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Originalmente, os planos previam que a estação permanecesse no Espaço por mais 8 a 10 anos após o regresso da última tripulação à Terra. No entanto, um aumento significativo da atividade solar acabou por impactar a órbita da estação e, sem meios técnicos para resolver o problema, a Skylab ficou condenada a um fim antecipado.

Assim, a 11 de julho de 1979, após semanas de muita expetativa e cálculos da NASA, a estação reentrou na atmosfera terrestre. Partes da estação desintegraram-se durante a reentrada descontrolada, mas alguns fragmentos sobreviveram ao processo extremo, caindo numa zona do sudoeste da Austrália Ocidental, assim como no Oceano Índico.

NASA | Skylab
NASA | Skylab Destroço da Skylab encontrado por Pauline e Geoff Grewar em 1993 na Austrália. créditos: Geoff Grewar (via ABC News)

Embora ninguém tenha ficado ferido, o episódio chamou a atenção do mundo e chegou a gerar controvérsia. Apesar disso, as lições aprendidas durante a missão da Skylab foram fundamentais para o desenvolvimento dos programas espaciais seguintes, sobretudo no que toca a procedimentos mais rigorosos para garantir reentradas controladas de grandes estruturas em órbita.

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Recorde-se que o fim da atual Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) está previsto para 2030 e, de acordo com os planos da NASA, a SpaceX será responsável pela destruição da estação.

A operação obriga ao desenvolvimento de um veículo suficientemente potente para manobrar a ISS, que pesa cerca de 430 mil quilos. Segundo a agência, o veículo, que será desenvolvido pela empresa de Elon Musk, deverá permitir "desorbitar a Estação Espacial e evitar quaisquer riscos para áreas habitadas". Tal como a ISS, também o veículo que a vai empurrar deverá desintegrar-se ao reentrar na atmosfera da Terra.