O relógio está em contagem decrescente para a chegada dos Vision Pro da Apple aos Estados Unidos, já em fevereiro. As pré-encomendas arrancaram a 19 de janeiro e as estimativas indicam que podem estar já vendidos entre 160 mil e 180 mil unidades do headset de realidade estendida. Os primeiros utilizadores do Vision Pro vão ter à espera uma oferta de conteúdos ainda tímida, se tivermos em conta que quem usa o iPhone pode escolher entre 1,8 milhões de aplicações.

Em teoria, quem usar o headset tem acesso também a todo o manancial da App Store, mas na prática não será assim. Seja porque nem todos os conteúdos para smartphone fazem sentido num dispositivo deste tipo, seja porque, sem alguma adaptação, muitos conteúdos provavelmente não vão assegurar uma experiência boa, nem para o cliente nem para a marca.

Veja as imagens do Vision Pro da Apple

Já se sabia que algumas marcas âncora para qualquer plataforma de conteúdos digitais escolheram não investir, pelo menos para já, no desenvolvimento de uma nova app, ou de uma app otimizada para os Vision Pro. É o caso da Netflix, do Spotify ou do YouTube.

Uma análise da AppFigures dá agora mais alguns dados sobre a adesão e as ausências do VisionPro nesta fase de lançamento, pelo menos tendo em conta os dados disponíveis até final da semana passada.

Mostra esta análise, relatada pelo TechCrunch, que só cerca de 150 apps estão marcadas na App Store como atualizadas para o Vision Pro, uma das opções que a Apple dá aos programadores. Quem não disser nada vê as suas apps por defeito disponíveis via Vision Pro, já que a compatibilidade está garantida. Outra opção é assinalar especificamente que não pretendem que as suas apps estejam acessíveis a quem usa o headset, como fez a Meta.

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A decisão afeta Facebook, Messenger, Instagram e WhatsApp. A Alphabet fez o mesmo para o Google Drive, YouTube, Gmail, Google Meet, Chrome ou Google Home e outras marcas como a Pandora, Amazon, Nike ou Nest também.

A contrapor com as ausências, estão garantidas muitas outras presenças. A própria Apple destacou algumas, para descarregar ou ver em streaming: Disney+, ESPN, MLB, PGA Tour, Max, Discovery+, Amazon Prime Video, Paramount+, Peacock, Pluto TV, Tubi, Fubo, Crunchyroll, Red Bull TV, IMAX ou MUBI.

Uber/Uber Eats, Tinder, Notion, CNN, Washington Post, Reddit ou Discord também vão estar acessíveis via Vision Pro. Não têm apps nativas mas estarão disponíveis. Desenvolvidas de propósito para a nova plataforma da Apple estão ainda mais algumas opções: Box, Carrot Weather, Webex, Zoom, Fantastical, entre outras.

Veja o vídeo da Apple que mostra o potencial do Vision Pro

A baixa adesão ao programa que a Apple manteve em curso nos últimos meses para incentivar o desenvolvimento de novas apps para os Vision Pro pode ter várias explicações. Desde logo o preço elevado do equipamento e respetivos acessórios, associado a tudo o que se tem escrito sobre a capacidade da empresa para produzir Vision Pro em massa nos primeiros meses.

Preço alto e baixa disponibilidade podem significar que o equipamento vai demorar a chegar a um número grande o suficiente de utilizadores para valer a pena o investimento. O facto dos Vision Pro ainda não estarem disponíveis, e por causa disso a possibilidade de testar as apps desenvolvidas ser mais limitada, pode ser outra explicação.

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O TechCrunch antecipa uma terceira e defende que a guerra Apple vs Epic Games na justiça expôs ainda mais uma política de relacionamento com os programadores que não agrada à comunidade. A batalha judicial obrigou a Apple a fazer mudanças na App Store e a permitir que os programadores passassem a gerar receita com as suas apps por outros canais que não a loja, ao mesmo tempo que mudou outras regras para garantir que a opção poucas vantagens iria trazer, nomeadamente a nível financeiro.

No site da Macstories, que fez uma busca detalhada de informação para 46 apps populares, pode ficar a conhecer em detalhe quais vão ou não estar nos Vision Pro e como.