A data já estava marcada e como é habitual, algumas fugas de informação foram dando conta do que a Huawei está a preparar para a conferência de hoje. O novo sistema operativo, que é a aposta da empresa chinesa desde que deixou de poder usar os Google Services, está no centro dos anúncios, mas esperam-se também novidades sobre equipamentos.

Os SAPO TEK vai estar a acompanhar a conferência, que pode segui aqui em direto a partir das 13h

As mensagens ecológicas e o compromisso de entregar tecnologia a todos, naquele que é um mundo cada vez mais digital têm vozes cada vez mais ativas. E a Huawei, no dia em que a Europa lançou o programa digital, também revelou os seus planos globais para o seu sistema operativo HarmonyOS, mas outros equipamentos. Richard Yu abriu a conferência com uma nova frase "Make it possible", referindo-se a como a tecnologia está a transformar a vida das pessoas, seja no trabalho, como as suas casas cada vez mais inteligentes. E por isso, revelou oficialmente o lançamento do HarmonyOS, o seu sistema operativo para smartphones, tablets, televisores, relógios inteligentes, automóveis e outros equipamentos inteligentes. O sistema operativo foi desenhado para ser transversal a todos os equipamentos. Pode ser utilizado em lâmpadas, câmaras de vigilância, e outros equipamentos domésticos, a funcionar num mesmo ecossistema.

O objetivo do sistema operativo é satisfazer e harmonizar a linguagem de todos os equipamentos, desde aos mais poderosos, aqueles que usam simplesmente 128kb de dados, apontando um simples liquidificador de cozinha como exemplo. O HarmonyOS serve como uma autoestrada de ligação aos equipamentos. No caso dos smartphones, embora a tecnologia não tenha evoluído muito ao longo dos anos, refere que as aplicações são cada vez mais complexas. Do smartphone pode controlar câmaras de outros equipamentos para obter novos ângulos, como por exemplo, a drones. Expandir a quantidade de equipamentos ligados, sejam computadores e tablets, permite aumentar a produtividade dos utilizadores. "Não interessa quantos equipamentos têm ligados, queremos que seja fácil de ligá-los como se fosse apenas um".

O controlo no painel do sistema operativo serve de portal unificador para todos os consumidores. E este pode fazer outras funcionalidades, desde a capacidade de juntar-se naquilo que chama de "super equipamento". Antes tinham fios para ligar diversos equipamentos, e agora através do painel pode ver todos os dispositivos interligados, podendo ser ligados com um simples toque. A Huawei afirma que ligar equipamentos através do HarmonyOS é muito fácil, dando o exemplo de quando estão a ouvir música num smartphone, o som do altifalante não tem muita qualidade. Mas ao ter uma coluna inteligente em casa, identificada no ecossistema, pode rapidamente ligar o som da mesma e obter um melhor som.  O mesmo no processo inverso, quando não quer incomodar ninguém, pode rapidamente alterar para os headphones emparelhados.

Encostar o smartphone e emparelhar

A Huawei fala em duas tecnologias para manter o som e imagem sincronizados, o primeiro é um relógio que ajuda a manter alinhado. O segundo reduz a latência e o ruído. Um smartphone, um tablet e um PC podem tornar-se facilmente num "super equipamento" bastando arrastar os respetivos periféricos. Imagine que está a conversar com um amigo no messanging no smartphone e precisa de enviar uma fotografia e vídeo que estão no PC. Basta "chamar" o PC, e explorar os ficheiros, e diretamente do computador arrastar os respetivos elementos para o amigo.

Os equipamentos domésticos estão cada vez mais inteligentes, e muitas pessoas não sabem como fazer o download das respetivas aplicações, instalar e registar desmotivam os consumidores a tirarem total partido dos mesmos. Muitas vezes têm de fazer configurações à mão, e isso desencoraja os utilizadores, referindo mesmo que apenas uma pequena percentagem utiliza os equipamentos no seu máximo potencial. E por isso, o HarmonyOS pretende corrigir isso. Basta encostar o smartphone a um microfone para fazer a conexão a um micro-ondas, por exemplo, e partir daí fica emparelhado. Os utilizadores passam a gerir as funcionalidades do eletrodoméstico via smartphone, sem a necessidade de procurar e instalar as respetivas apps.

A aplicação de saúde da Huawei também pode ser utilizada para conectar pessoas com restrições alimentares aos respetivos fornecedores de produtos, registando aconselhamento médico, por exemplo. E dessa forma facilitar o acesso aos alimentos especiais, como é o caso do leite sem lactose.

O painel de controlo não só permite controlar o próprio equipamento, mas todos os equipamentos em redor, assim como os "super equipamentos". No futuro a empresa espera que este painel de controlo seja estendido a outros equipamentos.

As aplicações dos smartphones são poderosas, diz a fabricante, que permitem conectar-se a amigos e família, entre outros serviços vitais dos cidadãos. E por isso, o sistema operativo quer facilitar a vida aos developers, de forma adaptarem facilmente as aplicações aos ecrãs de qualquer equipamento. Também do lado dos utilizadores, a gestão dos elementos do ecrã pretende ser mais fácil. Será possível ajustar as aplicações que utilizam mais frequentemente no lugar que seja mais acessível, criar pastas rapidamente para agrupar apps, ou mesmo criar thumbnails maiores caso deseje. Outro aspeto destacado é que quando está num equipamento com uma configuração ou com acesso ao serviço, basta arrastar a configuração de um para o outro. Ou mesmo o consumo de um vídeo, começar num smartphone e continuar num tablet está à distância de um toque e arrasto.

A Huawei destaca ainda as aplicações que não necessitam ser instaladas, as Service Widgets, que podem ser utilizadas em streaming. Algumas delas podem ser afixadas no ecrã principal. Por exemplo, pode estar a ler uma notícia de uma aplicação e quer passar o mesmo a um amigo, basta arrastar pelo chat, sem o destinatário ter que instalar nada para ver o artigo. O service Widgets pode ser utilizado nos smartphones, tablets e smartwatches, destaca a Huawei. A empresa tem vindo a registar um crescimento de developers e empresas a criarem aplicações para o HarmonyOS. Promete ainda que ao longo do tempo, o seu sistema operativo mantém os equipamentos "saudáveis", sem a degradação de velocidade notada nos seus rivais Android e iOS devido à sua utilização. Em termos de segurança, o "super equipamento" está protegido, e todos os aparelhos são autenticados antes de serem emparelhados, para que não haja invasões externas.

Através do sistema operativo, todos os equipamentos, independentemente da sua memória, podem ser conjugados no mesmo ecossistema, reforçou Richard Yu.

Os primeiros equipamentos alimentados por HarmonyOS

Huawei Watch 3 tem eSim para fazer chamadas sem smartphone

O primeiro equipamento a usufruir do novo sistema operativo é o Huawei Watch 3. A empresa esteve a maturar a sua tecnologia de smartwatches naquilo que é o seu mais recente modelo. O relógio tem o mesmo design clássico dos mecânicos, mas tem uma coroa rotativa que ganha nova vida: se antes servia para dar corda ou acertar ponteiros, este serve para navegar entre os menus. Tem um ecrã AMOLED de 1.43 polegadas a 60 Hz, 1.000 nits de brilho e 326 PPI.

O seu ecrã dinâmico pode ser caracterizado pelos seus utilizadores, e para completar a personalização pode escolher diferentes tipos de braceletes. A Huawei destaca que o relógio inteligente não é apenas um acessório para o smartphone, mas pode ser utilizado de forma independente. Por exemplo, o seu eSim permite fazer ou receber chamadas, mesmo quando está a nadar, longe do smartphone. O eSim permite partilhar o mesmo número telefónico entre dois equipamentos, embora este serviço esteja dependente de parcerias com telecoms.

O smartwatch pode ser utilizado para consultar rapidamente ao estado do tempo, aos dados da bolsa de valores, verificar os horários dos aviões quando viaja ou mesmo uma app de traduções em tempo real. E se quiser, pode utilizar o equipamento para registar memórias de voz. O relógio tem centenas de apps disponíveis na AppGallery. O relógio tem suporta mais de 100 atividades desportivas e tem seis modos, registando as pulsações e outros dados biométricos resultados dos exercícios.

Também lê os níveis de oxigénio, pressão sanguínea e vigia o sono dos utilizadores, através de um novo sensor na sua traseira. Vai também destacar os níveis de glucose para diabéticos, e tem sistema de emergência para assistência, caso seja necessário. O relógio tem também sistema avançado de GPS, assim como uma bateria prolongada, com 7 dias de utilização normal e 21 dias em modo ultra poupança.

Os preços do Huawei Watch 3 vão variar entre os 369,99 euros e os 599 euros. As pré-compras começam no dia 7 de junho com campanha de oferta de uns FreeBuds 4i e estará disponível em Portugal a partir do dia 1 de julho. Os preços podem variar mediante o tipo de bracelete escolhida.

MatePad Pro - flexibilidade é palavra de ordem

O novo MatePad Pro também será alimentado pelo novo HarmonyOS, e terá um ecrã OLED de 12,6 polegadas, semelhante a um portátil, sem qualquer notch e com uma proporção de ecrã de 90% em relação ao chassis. Tem Delta AE abaixo de 0,5%, e um contraste de 1.000.000:1, Suporta DCI-P3 de gama de cores, suportado pela certificação TUV Rheinland 2.0 para diminuição de luzes azuis nocivas aos olhos. O tablet segue a mesma filosofia dos restantes equipamentos, prometendo widgets e aplicações para todas as necessidades dos utilizadores, e claro, a mesma facilidade de emparelhamento.

O tablet foi desenhado para funcionalidades de multitasking, permitindo colocar lado a lado duas aplicações, e utilizá-las de forma independente. O teclado magnético também foi melhorado, introduzindo um tamanho real, permitindo transformar o tablet num PC portátil. A Pen permite aos utilizadores escreverem livremente, e o texto será reconhecido automaticamente. A simbiose do tablet com o smartphone, permitindo tirar uma fotografia num equipamento, editar no outro e devolver o resultado, como se estivesse num único dispositivo. Também pode ser emparelhado com outro ecrã, ou tornar-se a extensão de um portátil, por exemplo.

Para as videoconferências, o tablet tem quatro microfones e um sistema de redução de ruído. Na traseira tem um conjunto de três câmaras, tem ligação Wi-fi 6. A sua bateria é de 10.050 mAh, prometendo 14 horas de uso.  A acompanhar o tablet, a nova M Pencil promete mais flexibilidade aos artistas na criação das suas animações ou escrita, facilitando tarefas como apagar sem carregar em botões adicionais.

O MatePad Pro será acompanhado pelo MatePad 11 e chega a Portugal em agosto, com preços ainda por confirmar.

Monitor MateView e FreeBuds 4

O novo monitor promete ser a extensão dos equipamentos da marca. Tem 28,2 polegadas, com molduras minimalista, o que lhe oferece maior área de imagem. O ecrã de 4K+ suporta HDR400, tem 500 nits de brilho e oferece 98% de palete de cores DCI-P3. O monitor tem uma barra inteligente na parte inferior para aceder às funcionalidades e definições do equipamento, descartando qualquer botão. Já a versão MateView GT é destinado a gamers, com um ecrã panorâmico de 3K a 165 Hz, tem uma barra de som para uma maior envolvência dos conteúdos. Os dois monitores chegam a Portugal em agosto.

Já os pequenos FreeBuds 4 prometem uma melhoria de performance de 50% em relação aos modelos anteriores. O auricular promete melhorias no cancelamento de ruído, autonomia e eficácia no emparelhamento.

Mais de 100 modelos compatíveis com HarmonyOS

No final da apresentação, a Huawei confirmou que o seu sistema operativo iria chegar a mais de 100 equipamentos da marca nos próximos meses e até 2022. A partir de hoje, os smartphones Mate 40, P40, Mate 30 e MatePad Pro serão atualizados, incluindo todas as variações da respetiva família. A partir do terceiro trimestre, serão adicionados os Mate 20, Nova 6, 7 e 8 e o MatePad. No quarto trimestre seguem as séries V e S, assim como o M6 e o Mate 20 X. Por fim, a começar no início de 2022, serão atualizados o Mate 10, P20, Nova 5, Mate 9, P10, M5 e série V.

Veja na galeria todos os modelos compatíveis com HarmonyOS e a data de atualização:

Huawei P50 - Sem data definida

Já se fala há muito tempo do Huawei P50, mas que Richard Hu destaca não ter data de lançamento, devido aos problemas atuais em torno da tecnologia: a falta de componentes, e claro as restrições impostas pelos Estados Unidos. O tom da apresentação pareceu mostrar que a empresa tem o produto e a tecnologia, mas nesta fase encontra-se de "mãos atadas" devido à situação atual. Assim, apenas foi confirmado o design, de forma a desmistificar os rumores existentes, mas sem revelar qualquer detalhe técnico do mesmo. Confirma-se o conjunto de câmaras num módulo circular, alimentado por lentes da Leica.

Em antevisão

Os rumores apontam para o lançamento do tablet MatePad Pro 2, assim como o novo smartwatch Huawei Watch 3, que podem ser já alimentados pelo novo sistema operativo, de forma a demonstrar as suas potencialidades, em vez do EMUI 11, a versão provisória do seu OS, desde que deixou de poder utilizar os Google Services, no seguimento de ter sido colocada na lista negra pelos Estados Unidos.

Há muito tempo que a Huawei está a testar o seu sistema operativo HarmonyOS, questionando-se qual será o primeiro equipamento a estreá-lo. Anteriormente houve rumores de que seria o smartphone P50 a estrear o SO em abril, mas não se confirmou. Em dezembro, a Huawei apontava um lançamento para 2021 e até estabeleceu metas de ter o HarmonyOS instalado em 100 milhões de equipamentos, e mais tarde subiu a parada, apontando para 300 a 400 milhões de dispositivos.

Apesar de ainda não ter sido lançado oficialmente, o HarmonyOS já tem uma versão 2.0 que já está nas mãos dos programadores, tendo sido disponibilizada em dezembro e está a ser usada em equipamentos para casas inteligentes. Como a empresa tem sublinhado desde que apresentou a plataforma, o HarmonyOS é muito mais que um sistema operativo criado para responder às restrições que os EUA impuseram às empresas locais, na sua relação com interlocutores chineses. É uma plataforma desenhada para um leque alargado de dispositivos, a pensar num futuro dominado pela Internet das Coisas.

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