Satya Nadella, CEO da Microsoft, admitiu numa entrevista recente que uma das decisões mais desafiantes da carreira e do cargo, enquanto presidente executivo da empresa, foi a da saída da companhia do mercado de telemóveis. Admitiu ainda que esta foi uma das piores decisões estratégicas da Microsoft.
"A decisão de que muitas pessoas ainda falam - e uma das decisões mais difíceis que tomei depois de me tornar Diretor Executivo - foi a nossa saída do que eu chamaria os telemóveis, como se referia na altura", reconheceu numa entrevista à Business Insider.
Em retrospetiva, Nadella reconhece que a Microsoft poderia ter seguido outras vias vingar no mercado dos telemóveis, que na altura começava a despertar para a economia das apps. Uma das estratégias que poderia ter sido seguida pela empresa, reconhece, era uma aposta mais forte na integração de ambientes, esbatendo as linhas entre dispositivos móveis, computadores pessoais e tablets. Inovar nesta área, diz agora o responsável, podia ter dado uma vantagem única à Microsoft, num mercado em crescimento acelerado.
O mesmo mea culpa tinha já sido feito por Bill Gates, cofundador da tecnológica, que já classificou este como o “maior erro” da história da empresa. Steve Ballmer, que durante anos liderou também os destinos da Microsoft, sempre com alguma polémica à mistura, já tinha reconhecido o mesmo erro.
Nadella assumiu o cargo de CEO da Microsoft, no mesmo ano em que foi aprovada a compra da marca e unidade de telemóveis da Nokia pelos reguladores, num negócio de 7,6 mil milhões de dólares, assinado no ano anterior, em setembro de 2013.
À data surgiram notícias a indicar que Nadella e Bill Gates, num primeiro momento, estiveram contra a proposta de Steve Ballmer, que foi quem trouxe ao conselho a proposta de uma entrada em força da Microsoft na vertente de hardware do mercado móvel, por via da aquisição do negócio de telemóveis da Nokia.
O negócio acabou por ser aprovado pela maioria dos acionistas e conselho da Microsoft e por se revelar mais um erro na estratégia da empresa na área dos telemóveis, que se seguiu a vários outros passos em falso.
A compra da Nokia, para poder acelerar a entrada do Windows no segmento móvel, foi o derradeiro movimento da Microsoft para disputar com a Apple e a Google, dona do Android, uma posição firme no mercado dos telemóveis mas, mais uma vez, a estratégia não produziu os resultados esperados.
Nos anos seguintes, a empresa foi-se desfazendo dos ativos móveis, desinvestindo no software e vendendo o negócio de hardware, o que acabou por conduzir a milhares de despedimentos na antiga Nokia e a novos encargos financeiros, a somar a todo o investimento sem retorno dos anos anteriores.
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