A cidade de Sines vai receber o ambicioso projeto da start campus, um megacentro de dados que conta com um investimento total de 3,5 mil milhões de euros. A empresa é detida pela americana Davidson Kempner Capital Management e a britânica Pioneer Point Partners, referindo em abril que o projeto pretende criar 1.200 pontos de trabalho diretos altamente qualificados e até 8.000 empregos de forma indireta até 2025, ano em que se espera a sua inauguração.
O megacentro de dados terá diferentes fases, sendo a primeira peça do “puzzle” o edifício Nest, que se espera começar a operar no primeiro trimestre de 2023, representando um investimento entre os 100 e 110 milhões de euros, avança o Jornal de Negócios. É referido que a limpeza do terreno e os primeiros alicerces serão colocados ainda durante 2021. O jornal avança também que o projeto inicial já sofreu alterações, tornando-se ainda mais ambicioso.
Inicialmente previa-se a criação de cinco edifícios com capacidade de fornecimento de 450 MW de energia aos servidores, mas agora prevê-se que sejam nove. Ou neste caso, oito edifícios mais o Nest, que vai funcionar como projeto-piloto, por ser o mais pequeno do campus, contendo apenas um piso e uma capacidade de 15 MW. Os restantes edifícios terão quatro pisos, com uma capacidade de 495 MW, ainda que mais pequenos que inicialmente estava previsto.
Veja na galeria imagens do empreendimento Sines 4.0:
Em entrevista ao Negócios, Afonso Salema, diretor de gestão da start campus, diz que a mudança permitiu um reforço das valências ambientais do terreno, tendo como objetivo uma integração mais suave com o parque natural, de forma a que o complexo não tenha um aspeto industrial. O reforço da densidade energética dos edifícios procurou responder às necessidades dos seus clientes futuros, onde se incluem a Amazon, a Netflix e a Google. Mas ao mesmo tempo, a mudança dos planos permite acelerar o prazo de entrega do projeto e tornar Sines mais competitiva na oferta a nível europeu.
Afonso Salema acredita que Sines 4.0 será um produto único e atrair clientes entre a grande competição de oferta de grandes centros de dados na Europa. Nesse sentido, o Nest será uma espécie de chamariz, uma “demonstração” do potencial do investimento em Sines, enquanto o resto do empreendimento empresarial continua a ser construído. E nas suas palavras a certeza de que o campus vai ser um dos maiores criadores de valor acrescentado bruto do país, “se não o maior”.
É descrito que Sines 4.0 terá 60 hectares, com a garantia do parque sul do terreno ser integrado com a paisagem natural do parque da Costa Vicentina. O empreendimento terá espaços sociais exclusivos aos trabalhadores, visto que todo o perímetro de segurança será apertado. Afonso Salema diz que as instalações serão de importância crítica e por isso vão ser altamente guardados durante os três turnos de oito horas de atividade.
Além da proteção física, o centro será igualmente “blindado” a ataques cibernéticos, por isso vão ser contratados engenheiros altamente especializados. A área da cibersegurança será também fornecida pela start campus, mas os clientes podem optar por utilizar as suas soluções de segurança e especialistas. É referido que a empresa vai aproveitar a localização geográfica estratégica de Sines para vender o seu centro de dados tanto ao Sul da Europa, como África, América Latina e até Médio Oriente.
Quando o Nest estiver pronto, estima-se que sejam empregados 70 a 100 pessoas, dependendo do número de clientes, considerando que o edifício pode acolher seis empresas. Mas não está descartado que uma única empresa contrate o edifício por completo, ou mesmo todo o empreendimento quando estiver concluído, ao comparar com o centro de dados que a Amazon está a construir em Espanha de 350 MW.
De salientar ainda que a start campus pretende comprar terrenos para construir uma quinta de painéis solares para alimentar o empreendimento Sines 4.0. São 1.500 hectares de painéis solares que a empresa está a negociar com a EDP o uso da sua infraestrutura central. Isso faz parte do plano de resiliência do empreendimento, garantindo aos seus clientes que esteja seja resistente a sismos e tsunamis, e no caso do país entrar em blackout, a garantia de energia por 72 horas.
Quando a quinta dos painéis estiver pronta, a empresa admite operar de forma totalmente autónoma e com base em energias renováveis. Até lá, a energia vai ser comprada a empresas promotoras de energias verdes. O uso de baterias para armazenar a energia será outra peça estratégica do centro de dados. E o oceano Atlântico, mesmo ao lado, será a matéria-prima essencial utilizado no sistema de refrigeração do complexo.
Para já, a start campus ainda não terá fechado nenhum contrato, mas as abordagens informais. Até porque a empresa ainda não concluiu os termos comerciais de oferta.
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