A Klarna acaba de anunciar a criação de um novo centro de desenvolvimento de produto em Lisboa. A empresa, especialista em serviços de banca de retalho, pagamentos e compras a nível global, pretende criar 500 novos empregos, num plano previsto para os próximos anos, visando sobretudo a captação de talentos de topo, sejam locais ou internacionais, salienta a empresa.

A empresa conta com mais de 7 mil colaboradores espalhados pelo globo, dos quais 1.800 serão focados em engenharia. No último ano, a empresa expandiu-se por cinco novos mercados e prevê a continuação de expansão durante 2022, incluído Portugal.

Alexandre Fernandes, responsável das operações da Klarma em Portugal, salienta que a startup é uma das que mais cresceu na Europa e no mundo, com uma avaliação de 45,6 mil milhões de dólares. Tem 147 milhões de clientes, representando 169% de crescimento anual e 400 mil retalhistas mundiais. A empresa deseja oferecer experiências “smooth”, direcionando-se a um público sobretudo jovem, como é visível pelas cores vibrantes que a marca salienta. “No ano passado, quando comecei a trabalhar éramos 4.000 pessoas, atualmente somos 7.000, para demarcar o nosso crescimento”, destaca Alexandre Fernandes.

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Nas palavras do CTO da empresa, Yaron Shaer, apesar de ter os seus serviços disponíveis nos últimos seis meses, nos próximos anos salienta que o novo hub vai permitir atrair 500 postos, entre eles, Product managers e data scientists. A empresa conta com a presença em nove hubs espalhados pela Europa e Canadá, de Berlim, Estocolmo, Madrid, Frankfurt, Milão, Toronto, etc. Lisboa é o próximo passo na sua presença internacional.

Pretende introduzir novos produtos no mercado e a sua presença no mercado português representa um compromisso com Portugal. Vai procurar novas formas de impactar os serviços de pagamento, mas ao mesmo tempo ajudar a atrair talento internacional para Lisboa. Desde que chegou a Portugal, a empresa já captou 100 marcas, nacionais e internacionais, que já utilizam os seus serviços de pagamento. Entre elas a Prozis, que por si, expandiu os seus serviços pelos nove mercados onde já opera. -

Presente no evento esteve Carlos Moedas, o presidente da Câmara de Lisboa. O autarca salienta a importância deste dia, porque Lisboa tem como estratégia captar talento tecnológico, capitalizar inovação, dando as boas-vindas a empresas como a Klarna. Para a inovação funcionar tem de haver universidades no centro, e Lisboa tem várias, diz Carlos Moedas. Afirma que é preciso investir em ecossistemas, sentir que estão a fazer em Lisboa o que se faz em Nova Iorque ou outros centros mundiais. “Mas é preciso ir além da tecnologia, o banco do futuro é muito diferente do banco do passado e é isso que se têm de distinguir”.

Salienta a tecnologia da empresa, mas a cultura é igualmente importante, locais que atraem jovens para ficar em Lisboa. O terceiro ingrediente é a diversidade, salienta Carlos Moedas, referindo que a empresa está no bom caminho por atrair talento de todo o mundo. Lisboa já é uma das cidades de atração de talento digital, diz o autarca, destacando o bom tempo durante todo o ano que é uma das vantagens. Outro aspeto que salienta é o facto da cidade ser segura, as pessoas sentem-se seguras em Lisboa, da mesma forma que encontram tolerância e um ambiente tranquilo. O terceiro ponto é que há curiosidade sobre os estrangeiros, uma atração por aquilo que vem de fora, dando assim uma abertura para quem se instala em Portugal.

Klarna
Klarna Carlos Moedas e o CTO da Klarna, Yaron Shaer.

A desburocratização é outro aspecto salientado por Carlos Moedas, facilitado pelo digital que o país, e no caso de Lisboa, tornar o digital cada vez mais transparente. Salienta que quando era emigrante em França nos anos 1990, Portugal era olhado para de alto a baixo, mas agora, sente que conquistamos respeito internacional. E a prova disso são as tecnológicas que estão a instalar-se no país.

“Quando desafiei Lisboa com a fábrica dos unicórnios, todos apontaram-me como demasiado ambicioso, mas aos poucos, as empresas estão a chegar”, afirmando que é preciso acreditar, mas ter também processos e muito trabalho. Diz que é preciso mentoria, saber onde estão os investidores, as equipas de design, todos os meios para ligar ao objetivo de construir os projetos.

“Quando és um filho de um emigrante não tens nada, ou fazes ou nunca vais ter nada”, partilhou Carlos Moedas, parte da sua experiência pessoal. Esse exemplo diz que é isso que o motiva todas as manhãs, deixar um legado para as futuras gerações. E diz que vai prestar atenção às 500 pessoas que a empresa pretende contratar no futuro, como “promessa da sua chegada a Portugal”. Yaron Shaer devolveu o galhardete e a ambição do autarca.

Salienta que Lisboa tem uma luz única, um “céu sem limite”, diferente de outras capitais mundiais. Outro aspeto que Carlos Salienta é a comida e as pessoas, que são ingredientes para atrair talento.

A empresa já tem 20 pessoas, divididas em dois locais, mas pretende agora expandir. Os valores do investimento não foram anunciados, mas é destacado que é um grande investimento, considerando o número de pessoas que vai recrutar. Carlos Moedas diz que a câmara está aberta a ajudar a empresa a instalar-se em Portugal, mas não houve uma contrapartida de investimento concreta na vinda para Portugal. “É muito importante para mim, criarmos um departamento de transparência, digitalização de processos, para tratar todos da mesma forma, mas que seja a um nível muito bom”.

Quando se abre um hub é difícil conseguir logo atrair o talento, mas esse vai ser o desafio da empresa. Muitos engenheiros acabam por ir para fora, diz Carlos Moedas, porque este mercado é global. A vinda de empresas como a Klarna, é um motivo para manter o talento em Portugal, sobretudo com salários ao nível internacional. Lisboa tem diversas instituições de formação com engenheiros a serem formados por cá.

Respondendo ao SAPO TEK se a empresa já tinha algum produto concreto “made in Portugal”, a Klarna afirma que como está no início, o objetivo passa pela expansão de mercado, nacional e internacional. Mas no futuro diz que os produtos podem mesmo ser feitos em Portugal, ou pelo menos, com contribuição do hub nacional.

"A Klarna lançou os seus serviços de compras e pagamentos em Portugal em novembro de 2021, com o Pay in 3 e a aplicação completa de compras de próxima geração. Desde então, lançou também a opção Pay Now e atualmente trabalha com mais de 100 marcas globais e portuguesas no país, como a Prozis, Lanidor ou a Samsung, elevando a experiência de compra dos portugueses e proporcionando-lhes uma opção de pagamento sem juros", refere a empresa.