No final de 2021, a Santa Casa da Misericórdia anunciou o investimento em non-funglible token (NFT), procurando apanhar boleia numa das tendências tecnológicas promissoras do início da nova década. Foi criado o Marketplace digital Artentik e investidos quase 500 mil euros neste formato de arte visual. O objetivo era apresentar as primeiras relíquias religiosas do mundo em forma de NFTs, era referido na descrição da página do LinkedIn da Artentik, que, entretanto, já não funciona.
Em outubro de 2023, o Público avançava que ano e meio depois da aposta da Santa Casa no mercado de arte visual em NFT, os resultados foram fracos, levando a instituição a encerrar a Artentik. O acervo digital era constituído por gémeos digitais de várias relíquias disponíveis no Museu de São Roque, assim como peças da coleção de arte sagrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Uma das relíquias era uma versão digital na blockchain de um dos espinhos da coroa de Jesus Cristo, que está preservado num frasco de ouro e cristal no museu.
O projeto, que terminou no fim de 2023, tinha como objetivo angariar receitas para serem aplicadas no trabalho de boas causas e apoio às pessoas desfavorecidas. Apesar de ter investido meio milhão de euros no projeto de NFTs, o plano inicial seria mesmo de investir 4 milhões de euros.
Segundo o Jornal Económico, este negócio falhado de investimento no mercado de cripto foi identificado pela provedora Ana Jorge, que foi esta semana exonerada pelo novo Governo. A Santa Casa terá tido prejuízos de 50 milhões de euros, juntando-se os investimentos de Jogo no Brasil, assim como a compra de 55% da sociedade gestora do Hospital da Cruz Vermelha, que tinha passivos bancários de 30 milhões de euros.
Sobre o investimento nos NFTs, o primeiro alerta de que o negócio não estava a correr bem foi dado num relatório de avaliação das vendas dos tokens relativo ao primeiro mês (dezembro de 2021 a 5 de janeiro de 2022), que o Público teve acesso. No total, tinham sido vendidos 15 NFTs, somando um valor total de 6.200 euros.
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