O INESC TEC, em parceria com a Universidade do Porto, criou uma tecnologia chamada C4MiR (Módulo de Controlo para Adaptação de Barramento de Comunicação ao Teste e Diagnóstico de Redes de Sensores), que diz ter um grande impacto na indústria eletrónica. A sua família de patentes já foi vendida internacionalmente. A tecnologia permitir testar e calibrar os sensores disponíveis nos equipamentos wearables, melhorando a sua utilização ao longo do seu ciclo de vida, para além de reduzir os custos e o tempo de produção dos chips eletrónicos.
É referido que o processo da venda das patentes do C4MiR começou em 2014, sendo agora concluído pela aquisição feita pela Allied Security Trust. Trata-se de uma associação tecnológica mundial, sediada nos Estados Unidos, que representa algumas das maiores gigantes de tecnologia, como a Microsoft, Google, Sony, Meta, Philips e Spotify.
O instituto explicou que o processo foi longo e demorado porque a venda de patentes é rara, acontecendo por norma via spin-offs, licenciamento do seu uso ou por investigação sob contrato com as empresas. Foi a primeira vez que a INESC TEC vende uma patente. Questionado pelo SAPO TEK sobre o valor da venda, o instituto afirmou que os valores são confidenciais e que não tinham autorização para revelar.
Segundo Daniel Marques Vasconcelos, responsável pelo Serviço de Apoio ao Licenciamento do INESC TEC, em 2020 verificou-se que 64% dos gabinetes de transferência de tecnologia europeus não reportaram qualquer venda durante 2020. Diz ainda que este acordo comercial confirma a importância e benefícios que os direitos de propriedade, ou neste caso as patentes, podem trazer à Sociedade em geral: ganhos de reputação par aos seus criadores, valor na angariação de financiamento, maior facilidade a realizar acordos ou parcerias comerciais.
Mas como pretende o C4MiR ter impacto na indústria dos wearables? O INESC TEC explica que todos os equipamentos wearables, como smartwatchs, pulseiras inteligentes ou óculos de realidade virtual, têm um grande número de sensores que medem os dados com precisão, seja a velocidade e distância de uma corrida, frequências cardíacas, calorias gastas ou mesmo as horas de sono.
Os equipamentos tendem a sofrer um desgaste com o seu próprio envelhecimento e dos respetivos esforços de utilização. E com isso dá-se desvios de calibração e danos que comprometem a sua fiabilidade e funcionalidade. E é aqui que entra a tecnologia portuguesa. Esta permite executar autodiagnósticos de eventuais falhas nos seus sensores, seja pelo mau contacto entre os elétrodos com a pele ou a degradação dos seus circuitos. E dessa forma aumentar a sua fiabilidade e facilidade de calibração e manutenção dos produtos em diferentes ambientes, assim como na ausência de profissionais que garantam a verificação e reparação de eventuais anomalias.
O instituto, nas palavras do cocriador da tecnologia, Miguel Velhote Correia, afirma que a tecnologia está pronta para ser incorporado no desenvolvimento de novos produtos e serviços. Esta tecnologia C4MiR pode ser utilizada durante as fases finais do fabrico de circuitos eletrónicos integrados, uma vez que é facilmente introduzido nos diferentes módulos e partes do sistema. E nesse sentido, reduzir significativamente o tempo e o custo das operações de teste dos equipamentos.
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