A operadora de Internet Exchange (IX) está este ano a comemorar os 30 anos de atividade depois de ter sido fundada em 1995 e o relatório do último ano mostra indicadores de crescimento que acompanham a evolução do tráfego de internet a nível global, e a maior necessidade de suporte a dados. Os resultados do relatório fiscal de 2024 mostram um crescimento a dois dígitos nas redes, tráfego de dados e capacidade, com mais de 4.000 redes ligadas a nível global e 170 terabits de capacidade.

A equipa da DE-CIX esteve em Lisboa para partilhar os últimos dados e num encontro com jornalistas Ivo Ivanov, CEO da operadora, destacou a aposta que está a fazer em Portugal e a confiança no papel que Lisboa tem num cenário onde a conetividade no atlântico sul se torna mais relevante. 

"Acredito no papel de Lisboa como um importante gateway para a América do Sul e África [...] o tráfego pode ser encaminhado por Lisboa e quanto maior for a necessidade de ter baixa latência mais importante vai ser", afirmou Ivo Ivanov num encontro com jornalistas.

A  DE-CIX já está em Portugal desde 1999 e reforçou a sua presença com a ligação no datacenter de Sines, que se prepara para ser o maior campus de data center da Europa,  e a parceria com a Altice Wholesale Solutions, no Altice LVD, que suportam os fluxos de tráfego transatlântico e transeuropeu.

No ano passado a DE-CIX Lisboa contabilizou 62 redes ligadas e em ligação , com o pico de tráfego a aumentar 14%, o que demonstra o crescimento da procura e melhoria das capacidades dos pontos de interligação de tráfego.

No sul da Europa a DE-CIX Lisboa faz parte de uma rede de seis Internet Exchanges, em conjunto com Madrid, Barcelona, Marselha, Palermo e a SEECIX em Atenas. Segundo os dados partilhados, a DE-CIX é o maior ecossistema de interligação neutro do sul da Europa, disponível em 17 data centers.

Deep Edge e conetividade de satélite na visão de futuro da DE-CIX

A necessidade de baixa latência gerada pelas aplicações de Inteligência Artificial (IA), em especial na fase de inferência, traz novos desafios às redes de comunicações e interligação, e Ivo Ivanov destaca que uma IA em tempo real exige uma infraestrutura em tempo real.

"A latência é um problema sério para as aplicações de IA", afirma o CEO da DE-CIX apontando os exemplos de carros autónomos ou os robots, que têm de reagir em milisegundos.

A plataforma da DE-CIX em Lisboa já está preparada para servir as necessidade de inferência dos modelos de IA e a empresa está a preparar-se também para o futuro e para uma "economia de latência zero", esticando os limites da física. A visão é de construir um triângulo de inferência para a IA, um ecossistema entre os modelos, dispositivos ligados (IoT, Edge) e as tecnologias de transmissão, que podem ser de fibra ótica, 5G/6G e satélites de baixa órbita (LEO).

DE-CIX necessidade de interligação
DE-CIX necessidade de interligação créditos: DE-CIX

A DE-CIX está a construir as bases para a IA no Deep Edge, com "um novo estilo de peering para satisfazer as necessidades da nova internet".

Ivo Ivanov sublinha que "para além das Trocas de Internet que criam densidade de rede nos principais pontos de agregação, os AI Exchanges serão necessários no Deep Edge para suportar o desenvolvimento da funcionalidade de inferência multi-IA na próxima geração de produtos e serviços. Assim sendo, veremos uma abordagem por camadas para a infraestrutura, integrando o hiperlocal, o regional, o pan-regional e o global".

As ligações de satélite são também uma das áreas em que a DE-CIX está a trabalhar e já tem contactos com as empresas que estão a criar constelações de baixa órbita (LEO), como a Starlink, o projeto Kuiper e a Rivada. O CEO da empresa lembra que a interligação no espaço pode ultrapassar o desempenho das redes em Terra para longas distâncias e tem potencial em diferentes áreas.

A empresa está também a preparar um estudo que será apresentado em outubro, na conferência Atlantic Convergence 2025 que volta a realizar-se em Lisboa, e que vai destacar as capitais de IA da Europa.