A capacidade de adaptação e de reinvenção das empresas portuguesas durante a pandemia de COVID-19 e a forma como as ferramentas digitais podem abrir novas oportunidades de crescimento estiveram em destaque durante o segundo dia do Portugal Digital Summit, a conferência promovida pela ACEPI, e que decorre de 19 a 23 de outubro, este ano num formato totalmente online.
Veja a transmissão em direto do Portugal Digital Summit com o SAPO
A pandemia demonstrou que o ecommerce não está reservado apenas às grandes organizações. Durante a sessão sessão Strategy for digital - Digital Reinventing Local Economy, João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Maria José Campos, Administradora do Millennium BCP, João Sousa, Membro do Comité Executivo dos CTT, e António Lucena de Faria, Fundador e Presidente Executivo da Fábrica de Startups, debateram a forma como o digital pode ajudar as microempresas e PMEs a crescer.
Segundo João Vieira Lopes, a quebra em termos de negócio em zonas como a Grande Lisboa levou a uma maior promoção da iniciativa digital, refletindo-se na adoção de plataformas cloud para o trabalho remoto, mas também de meios de pagamento tecnologicamente mais avançados face às opções tradicionais
“Esta fase trouxe-nos o registo de mais pagamentos contacless, tendo os nossos comerciantes mais do que duplicado o número de transações por MB Way - algo que iria demorar um a dois anos a acontecer”, explicou Maria José Campos. “A UNICRE mostra que a taxa de pagamentos contacless é de 26%, quando há um ano era 13% e há dois era de 6%, o que é sem dúvida um crescimento muito acelerado”.
A mudança repentina obrigou os pequenos negócios a terem de ir ao encontro dos seus clientes. “Isto coloca uma oportunidade de digitalização e uma vantagem competitiva. Da nossa parte, registámos um crescimento dos TPA móveis e um crescimento no ecommerce”, salientou a responsável do BCP.
Além disso, o contexto da pandemia fez com que a faixa etária dos clientes das plataformas digitais subisse. “Há que adequar o produto ao mercado e entender que tem de haver uma correspondência entre consumidor e ponto de venda em termos de necessidades, por vezes como se fosse um comércio tradicional apesar de ser feito online – senão é só mais um”, considerou João Vieira Lopes
Segundo Maria José Campos, a integração é um aspeto fulcral. “É necessário investir na agregação de capacidades que permitam aumentar as capacidades dos empresários, e para tomar as decisões certas em tempo real”. Para a administradora do Millennium BCP, “o digital está a baixar as barreiras tradicionais entre os setores de atividade e nós queremos estar no centro para agregar mais valor”.
Já António Lucena de Faria afirmou que, embora se esteja a viver uma “fase muito difícil”, “as pessoas estão a reagir e o setor do turismo é prova disso mesmo”, dando o exemplo do programa Tourism Explorers, que conta hoje com 463 candidaturas.
O programa, “mais focado nas cidades do interior”, “gera todos os anos 150 novos negócios na área do turismo não só dentro de portas, mas também resolvendo problemas internacionais”, explicou António Lucena de Faria. Para ajudar o tecido de microempresas e PMEs a entrar no universo digital, os CTT tem um alargado portefólio de produtos, “desde a loja online aos pagamentos, publicidade, ofertas e logística”, elucidou João Sousa. O responsável sublinhou que os CTT dispõem de “ofertas segmentadas especialmente para pequenos produtores que vendem nos pequenos mercados e que nem conseguiriam chegar a estas lojas online”. “Trouxemos um ecossistema de empresários e microempresários para o universo online, e agora já não saem”, enfatizou.
Em destaque sob a mesa de debate esteve também o projeto que existe entre a ACEPI, a CPP e a Fábrica de Startups que permitirá atingir 15 mil PMEs em Portugal. O projeto “vai dar às PMEs a possibilidade de poderem aceder aprender gratuitamente a técnicas que têm de começar a dominar no digital” indicou António Lucena de Faria, acrescentando que há cada vez “mais pessoas a assistir, pelo que Portugal está a mexer”.
A importância da adaptação das estratégias
A capacidade de adaptação foi o elemento mais importante no processo de transformação digital que muitas empresas foram forçadas a fazer, perante o contexto criado pela pandemia de COVID-19. Durante o painel Consumer Experience in Times of Peak Demand, do conjunto de sessões DIGITAL MARKETING TALKS, com Inês Condeço, diretora de Marketing e Comunicação da FNAC Portugal, e Luís Mestre, diretor de Segmento B2C da MEO/Altice, deram a conhecer quais são as melhores práticas de gestão e experiência com os consumidores.
Segundo Inês Condeço, a FNAC olhou para o seu plano de marketing logo que regressou ao trabalho, de forma a perceber como é que as intenções previstas no início do ano podiam ser adaptadas ao contexto atual.
“Os nossos esforços foram no sentido de tentar colmatar alguns dos problemas que se verificaram em todas estas fases. Foi necessário agilizar uma série de iniciativas, de marketing de negócio, de produto, de operação de loja, armazém para fazer face a essas alterações”, sublinhou a responsável.
Embora já estivesse preparada para o ecommerce, o período de confinamento trouxe algumas surpresas para a FNAC. “Tivemos 400% de aumento de vendas no online, que é equivalente ao que costuma acontecer no pico de uma Black Friday, a que já estamos habituados”.
Com a reabertura das lojas, o digital continua a crescer, “embora não aos níveis verificados durante a epidemia”, revelou Inês Condeço, e a FNAC está agora a tentar perceber como é que a situação vai evoluir nos próximos meses para reequilibrar a equação na gestão de recursos.
De acordo com Luís Mestre, o plano de marketing da MEO/Altice foi neste ano “um ser vivo”. O responsável aludiu ainda às constantes alterações feitas, que mostraram “uma grande flexibilidade e uma grande capacidade de adaptação aos objetivos táticos de cada momento”.
Outro dos aspetos importantes no processo que permitiu à empresa ter a capacidade para se adaptar em tempo real à procura foi o “trabalho de casa” e o investimento feito a ex-ante. “Tínhamos condições para conseguir escalar, mas tivemos que adaptar muitas coisas. Houve muita criatividade para encontrarmos ‘formas de fazer”.
Agora, o caminho que a MEO/Altice está a percorrer é o da “desconstrução” de alguns shortcuts “encontrados para capitalizar as transformações ‘forçadas’ em algo mais estrutural, mais robusto, para conseguir garantir a experiência de cliente”, explicou o responsável.
A transmissão do Portugal Digital Summit pode ser acompanhada no website do evento, através do SAPO ou na posição 420 dos operadores de TV. Veja aqui o que ainda pode acompanhar hoje na conferência da ACEPI.
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