O Banco de Portugal vai apresentar uma nova estratégia de literacia financeira digital. O plano será implementado durante os próximos cinco anos, até 2028 e tem como objetivo capacitar a população portuguesa a utilizar os serviços financeiros digitais, reduzindo a exclusão no sector, avança o jornal Público. Um estudo pedido pelo regulador à OCDE, revela que quase 10% dos portugueses que utilizam a internet já foram vítimas de fraudes financeiras. É nesse sentido que o Banco de Portugal pretende incentivar a utilização de serviços digitais com maior segurança.
O estudo apresenta algumas conclusões sobre a literacia digital dos portugueses, destacando que 76% da população utiliza internet. Mas apenas 21% dos portugueses que utiliza aplicações para smartphones de acesso ao banco diz mudar a password com frequência.
O relatório também foca os criptoativos, salientando que além da necessidade de formar a população que utiliza a internet, mas tem conhecimentos financeiros limitados, é também preciso destacar a idoneidade das entidades que prestam os respetivos serviços. A TSF avança que o Banco de Portugal vai criar uma lista de entidades confiáveis. O objetivo é apoiar a população no acesso a fontes fidedignas e imparciais sobre as entidades reguladas que prestam estes serviços, refere o documento que a rádio teve acesso.
A estratégia, que contará com 39 ações para os próximos cinco anos, pretende ainda criar uma campanha de informações básicas, assim como alertas em locais públicos, dos perigos da utilização de redes Wi-fi, durante a realização das operações financeiras online. Vão ser realizadas ações em escolas, nos meios de comunicação social e campanhas em locais públicos. Pretende-se dessa forma que as pessoas utilizem os serviços financeiros digitais com maior segurança, mas empregando comportamentos seguros. Só assim se conseguirá reduzir as tentativas de fraude online e eventuais ciberataques.
"A resposta à pandemia de COVID-19 provocou uma aceleração ainda maior da tendência para uma maior digitalização, o que levou muitas pessoas a utilizarem mais as ferramentas digitais, para cumprirem os requisitos de distanciamento social ou de confinamento. Muitos consumidores começaram a utilizar, pela primeira vez, canais digitais para realizar as suas operações financeiras diárias, mesmo os que estavam menos familiarizados com as novas tecnologias", destaca o documento da Estratégia da Literacia Financeira Digital para Portugal, hoje publicado.
A entrada dos novos fornecedores de serviços e produtos, como os criptoativos, sem fronteiras definidas, acabaram por contribuir para um aumento da exposição dos consumidores a fraudes e burlas online, refere o documento citado pela TSF. O Banco de Portugal considera que o conhecimento neste campo é limitado, sobretudo no que diz respeito aos riscos, assim como a distinção se os criptoativos têm regulamentação ou curso legal. O estudo indica que 57% dos inqueridos não sabia que estes ativos não são regulados em Portugal. E apenas 55% sabe que é possível perder dinheiro no investimento de criptomoedas.
As pessoas desempregadas são as mais afetadas pelas fraudes financeiras indicado no estudo. Mas também aqueles que têm maiores rendimentos, através de cartões de crédito ou débito, esquemas de phishing, fraudes nas vendas online ou esquemas em torno de produtos financeiros, destaca o Público, com base no estudo realizado através de um inquérito a 1.516 pessoas, em antecipação ao lançamento da estratégia.
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