O Multibanco é normalmente apontado como um dos principais casos de sucesso portugueses, pela capacidade de criação de uma rede de levantamento e pagamento de transações, e nos últimos anos a evolução foi significativa, como destacou Madalena Cascais Tomé, presidente da Comissão Executiva da SIBS no painel Estratégias para acelerar a Economia Digital, da conferência Portugal Digital Summit que está a decorrer em Lisboa.

Mas, apesar deste desenvolvimento, os pagamentos em dinheiro têm ainda um peso muito significativo, representando 70% dos pagamentos em Portugal, um número muito acima da média europeia que está nos 49%. “São sobretudo pequenas transações, abaixo dos 20 euros”, explica Madalena Tomé, lembrando que ainda assim os custos sociais são elevados, e são partilhados por todos os stakeholders da economia.

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Pelas contas da SIBS, estes pagamentos têm um custo de 1,6 mil milhões de euros, o que representa 1% do PIB. E há ainda os custos não mensurados, da informalidade, que têm um peso muito importante. Segundo os dados apresentados, em Portugal cerca de 20% do PIB, 40 mil milhões de euros, está ligado a esta economia informal, ou shadow economy.

A introdução de novas ferramentas está a ajudar a mudar os processos e a garantir mais utilização dos pagamentos digitais, e Portugal tem uma das maiores penetrações de POS (pontos de venda com pagamento eletrónico) na Europa. Como explica Madalena Tomé, quando há disponibilidade há uma clara preferência por esta forma de pagamento.

E como fazer a transição para um mercado onde a maioria das transações já é digital? A presidente da comissão executiva da SIBS diz que esta não é uma questão tecnológica mas de usabilidade. Um dos bons exemplos referidos por Madalena Tomé é o do MB Way, que está perto de chegar a um milhão de utilizadores e um milhão de transações por mês. “65% são abaixo dos 20 euros, onde está a resiliência da utilização do dinheiro”, explica a executiva que afirma que esta aplicação está a transformar hábitos de transferência de dinheiro entre pessoas, especialmente entre os jovens, e que tem vindo a provar em casos de uso a sua utilidade.

No comércio eletrónico os pagamentos digitais estão a ganhar aos POS e em 2017/18 representam 41% das transações, quando em 2015 só representavam 29%. Ainda assim a percentagem de compras online é de apenas 4% do total do retalho, quando na Europa sobe para 9% e deverá chegar a 14% em 2022.

A tendência é agora promover as opções de pagamentos digitais, com APIs abertas, serviços e parcerias, algo em que a SIBS está a apostar e que pode ajudar a desenvolver novos casos de uso, reforça Madalena Tomé.