O feedback é uma forma direta de educar o algoritmo das plataformas que utilizamos diariamente. No YouTube, porém, o sistema não parece estar a funcionar da melhor forma. Se tem o hábito de dar feedback negativo aos vídeos de que não gosta, ou que não quer voltar a ver recomendados, o mais provável é que o site não tome ações substanciais com base no seu input. Esta é a conclusão de um estudo conduzido pela Mozilla.
Com recurso aos dados gerados pelas recomendações de conteúdo feitas a mais de 20 mil utilizadores do YouTube, a fundação descobriu que botões como o "não gosto", "não recomendar canal" ou "não me interessa" são praticamente inconsequentes a evitar que sugestões semelhantes voltem a ser feitas. Nos melhores casos, a utilização contínua destes botões impediu apenas 50% de recomendações derivadas; nos piores, não se notou qualquer diferença.
Para recolher estes dados, a Mozilla recorreu a um grupo de voluntários que, integralmente, instalou a extensão RegretsReporter no seu browser. O software adiciona um botão de aspecto generalista sobre todos os vídeos do YouTube e os participantes são comandados a clicar nele sempre que não gostarem de um vídeo.
Depois, estas pessoas são organizadas em grupos, sendo que o botão emite um feedback diferente à plataforma, em cada um deles (nuns casos, indica que o utilizador não quer ver mais recomendações do género, noutros, que o utilizador não quer ver mais vídeos daquele canal, etc). Adicionalmente, foi ainda criado um grupo de controlo, cujo botão não remete qualquer feedback ao YouTube.
A análise aos resultados indicou que a utilização dos botões teve um "efeito marginal" nos conteúdos que eram recomendados. Ainda assim, importa notar que os menos consequentes foram os botões "não gosto" e "não me interessa". O mais eficaz foi o botão "não recomendar canal".
"O YouTube devia respeitar o feedback que os utilizadores dão sobre a sua experiência na plataforma e tratá-lo como um sinal indicativo de como as pessoas querem passar o seu tempo no site", escrevem os investigadores.
Em resposta, Elena Hernandez, porta-voz do YouTube, afirma que este é comportamento intencional, uma vez que o site não tem quaisquer intenções de bloquear todo o conteúdo relacionado com determinado tópico visado por um feedback negativo do user. Para Hernandez, o estudo não considera a arquitectura lógica dos sistemas da plataforma.
"Os nossos botões não servem para filtrar tópicos ou pontos de vista por inteiro, uma vez que isso pode ter um efeito negativo nos utilizadores e criar câmaras de eco", justificou, em conversa com o The Verge.
Hernandez explica que, ao utilizar o botão "não me interessa", removerá um vídeo específico do circuito de recomendações; o botão "não recomendar canal" evita que um dado canal volte a ser recomendado. No entanto, nada é definitivo.
A ideia de que o feedback não é muito consequente nas recomendações do algoritmo é transversal a outras plataformas. Redes como o TikTok e o Instagram têm introduzido cada vez mais ferramentas que nos permitem comunicar o nosso nível de satisfação com dado conteúdo, mas os users continuam a reclamar, com frequência, da eficiência destes sistemas. Becca Ricks, investigadora da Mozilla, defende que o propósito destes botões nem sempre é claro e que as plataformas não são transparentes acerca da forma como este feedback pesa nos algoritmos.
Independentemente das nuances de cada plataforma, como as que Elena Hernandez trouxe para cima da mesa, o estudo serve para chamar à atenção dos utilizadores para um assunto que requer mais discussão e menos opacidade por parte das tecnológicas.
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