Add Fuel (Diogo Machado), Jorge Jacinto, Nadir Afonso, Regina Pessoa e Vhils (Alexandre Farto) fazem parte de uma extensa lista de artistas cujas obras terão sido usadas sem consentimento para treinar modelos de inteligência artificial utilizados por serviços como o Midjourney.
A lista, que conta com mais de 4.700 artistas internacionais, foi apresentada como uma das muitas provas num processo judicial contra empresas que detêm serviços de geração de imagem através de IA nos Estados Unidos. Ao todo, o processo menciona 16.000 artistas, tendo sido adicionadas mais provas suplementares no final do ano passado.
O caso remota a 2023, mas ganhou recentemente mais atenção no início do novo ano com um documento partilhado nas redes sociais X (antigo Twitter) e Bluesky. O documento mostra como a Midjourney terá criado uma base de dados, composta por artistas, géneros, estilos, técnicas e meios artísticos, entre outros elementos, para treinar o modelo de IA usado pelo seu serviço.
Como noticiou o website ARTNews, Jon Lam, artista a trabalhar para a Riot Games, partilhou também na rede social X um conjunto de capturas de ecrã com alegadas conversas entre developers da Midjourney onde se discutia a criação desta base de dados.
No processo judicial, interposto por um conjunto de artistas em janeiro de 2023, empresas como a Midjourney, mas também a Stability AI e DeviantArt, são acusadas de treinarem modelos de IA com recurso a obras de arte disponíveis online, mas protegidas por direitos de autor.
De acordo com informação avançada pela Lusa, partes da acusação foram rejeitadas em outubro, mas os artistas puderam avançar com uma nova moção, com o tribunal a dar um prazo de 30 dias para que novas provas fossem apresentadas.
As novas provas foram apresentadas em novembro e entre as empresas visadas passou a constar a Runway AI. O número de artistas que interpuseram o processo, originalmente três (Sarah Anderson, Kelly McKernan e Karla Ortiz), também aumentou para 10, incluindo Gregory Manchess, Adam Ellis, Gerald Brom, Grzegorz Rutkowski, Julia Kaye, H Southworth e Jingna Zhang.
Em declarações à agência noticiosa, Laura Afonso, viúva de Nadir Afonso, considerou lamentável o uso indevido de obras do pintor. “Não tivemos conhecimento, nem nos foi pedida qualquer autorização”, afirmou a presidente Fundação Nadir Afonso e detentora dos direitos de autor da obra do artista. Laura Afonso afirmou também que já deu indicações à Sociedade Portuguesa de Autores para se associar ao processo judicial.
As preocupações com as ferramentas que usam IA para transformar texto em imagens estão a crescer e são vários os artistas que têm avançado com processos judiciais contra tecnológicas, acusando-as de violarem direitos de autor e de roubarem os seus trabalhos para aumentarem as suas receitas.
Os dados “envenenados” poderão ajudar artistas a lutar contra o roubo de imagens para treinar modelos de IA e uma equipa de investigadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, desenvolveu uma ferramenta concebida para esse propósito, chamada Nightshade. Além da Nightshade, a Glaze, desenvolvida pela mesma equipa, permite fazer mudanças nos pixels das imagens, algo que gera confusão nos modelos de IA.
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