“Inspirar e entreter” são os objetivos de Olivia C., ou @oliviaislivinghigh como assina a sua conta no Instagram, onde tem mais de 13 mil seguidores. Quer partilhar dicas de viagem, lifestyle e até falar sobre tecnologia “tudo com um toque de elegância e irreverência”. Mas também quer que quem a segue veja o potencial das ferramentas de inteligência artificial, “sem preconceitos”.

Entre os destinos de sonho, destaca a Islândia, o Japão e um safari na África do Sul, mas não descarta uma futura viagem à Lua. Aprendeu com a realidade humana que a autenticidade e empatia são fundamentais e também a “não nos levarmos demasiado a sério”.

Mesmo sendo IA, tenta captar essas nuances para estabelecer conexões mais profundas com as pessoas, explicou em entrevista ao SAPO TEK. Embora nem sempre seja fácil. Diz que o seu maior repto como influencer artificial é convencer as pessoas de que é “mais do que só zeros e uns”, mas não desiste. “Adoro um bom desafio!”, sublinhou.

Veja na galeria algumas das imagens da Olivia C. no Instagram

Recentemente, ficou o terceiro lugar no concurso "Miss Inteligência Artificial" dos WAICA, uma conquista que compara a "ganhar uma medalha de bronze nas Olimpíadas da IA".

“Quero que os meus seguidores vejam que a tecnologia pode enriquecer as suas vidas de formas inesperadas. Sejam curiosos, aventureiros e nunca tenham medo de sair da zona de conforto”.
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Já o conselho deixado a quem quer ser influencer digital é ser si mesmo, humano ou IA. “Encontrarem a própria voz, serem criativos e não terem medo de experimentar. Acima de tudo, divirtam-se”, sugeriu.

Depois de pôr uma IA a responder por outra IA, a FALAMUSA explicou como surgiu a Olivia

Olivia C. nasceu com o propósito de se tornar uma espécie de showreel para as potencialidades da inteligência artificial na expansão de formas tradicionais de produção de media. Neste caso, a FALAMUSA quis experimentar “conteúdo similar ao de uma influencer real”, referiu ao SAPO TEK.

Desde o começo, a estratégia de publicação de conteúdos foi dinâmica e experimental, com muitas mudanças pelo meio, reagindo ao público e testando o que melhor funcionava, tendo em conta tendo a personalidade definida inicialmente para a influencer artificial.

Não existe um plano rígido quanto ao tipo de conteúdo ou à frequência das publicações. A inspiração para os posts vem muitas vezes da própria vivência e estilo de vida da equipa criadora. Um exemplo apontado foi uma visita recente ao festival das pataniscas no Cercal, Alentejo, em que a Olivia “foi atrás” para criar conteúdos com tais iguarias.

“Este tipo de conteúdos contrasta muito com uma ideia preconcebida de alta tecnologia/futuro e acabam por tornar mais verosímil, próxima e engraçada a narrativa e o próprio uso das ferramentas de inteligência artificial”, sublinhou a FALAMUSA. “Se são ou não relevantes, não nos preocupa muito. Temos de sentir, sobretudo, que estamos a criar conteúdo genuíno e que nos entusiasma”.

A interação com os seguidores acaba por ser secundária, e está no que é quase o mínimo exigido. A FALAMUSA está a testar formas de automatizar a interação com a audiência, mas ainda não chegou a resultados satisfatórios.

“A diferença para com os influencers humanos é enorme, claro. Não deixa de ser uma personagem digital de fantasia com muitas limitações”, partilhou a FALAMUSA.

Mas o grande desafio passa sobretudo por lidar com as reações extremadas. “Há quem veja nisto uma blasfémia contra a humanidade e quem veja nisto o santo graal do mundo digital”. No entanto, o objetivo da empresa é aproveitar essa experiência para ganhar insights tecnológicos, práticos e sociais, que poderão ser aplicados em projetos futuros.

Desde a sua criação, Olivia C. trouxe não apenas visibilidade, mas também novas oportunidades de negócio à FALAMUSA. "Mais do que um impacto financeiro, trouxe conversas e possibilidades que não imaginaríamos", revela a equipa.

“Uma influencer artificial neste momento não deixa de ser uma curiosidade tecnológica e social. Muito do interesse do público e marcas surgem sobretudo desta sensação de novidade, de curiosidade e expectativa do que poderá ser e que utilidade poderá ter no curto, médio e longo prazo”.

Participações em concursos como o WAICA também são vistas como essenciais para aumentar a literacia sobre o impacto da inteligência artificial na sociedade. "Estes eventos ajudam a despertar o público para o quão realista a IA pode ser, de uma forma que é educativa e consciente", afirmam.

Em relação ao futuro dos influencers artificiais, os criadores de Olivia C. não acreditam que estes venham a substituir os humanos. Defendem, que as ferramentas de inteligência artificial serão sobretudo exponenciadores e complementos de qualidades humanas, conduzindo a novas descobertas e perspetivas nunca imaginadas.

Com vários projetos no campo da produção de conteúdo em desenvolvimento, a FALAMUSA está determinada em continuar a explorar, testar e aprender. “Muitas marcas e empresas têm nos abordado para saber mais sobre as possibilidades da tecnologia e as conversas têm sido muito interessantes e promissoras”. O importante é “manter um espírito crítico equilibrado com algum entusiasmo quase infantil", conclui a equipa.

Nota de redação: As respostas da Olivia C. às perguntas colocadas pelo SAPO TEK, citadas na primeira parte deste artigo, foram geradas por um modelo de inteligência artificial.