Segundo dados divulgados em comunicado pela organização não-governamental, o número é o recorde absoluto de denúncias novas (não repetidas) desse tipo de crime que recebeu ao longo de 18 anos de funcionamento da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos.
As denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil online, somadas a outras violações de direitos humanos na internet recebidas pela Safernet, também registaram outro recorde histórico. A Safernet informou que recebeu um total de 101.313 denúncias únicas em 2023. O recorde anterior era de 2008, quando a ONG recebeu 89.247 denúncias.
O total de denúncias novas de violações de direitos humanos recebidas em 2023 pela organização cresceu 48,7% face ao ano anterior.
Na avaliação do fundador e diretor-presidente da Safernet, Thiago Tavares, citado no comunicado, três fatores pesaram no aumento de denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil.
O primeiro deles foi a introdução da IA generativa para a criação desse tipo de conteúdo, a proliferação da venda de pacotes com imagens de nudez e sexo autogeradas por adolescentes e, em terceiro lugar, as demissões em massa anunciadas pelas grandes empresas tecnológicas, que atingiram as equipas de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas.
Entre os crimes de ódio online destaca-se o crescimento de 252,25% de denúncias de xenofobia e de 29,97% de denúncias de intolerância religiosa na rede. "O crescimento de denúncias desses dois crimes este ano está atrelado ao conflito no Oriente Médio", analisou Tavares.
Houve queda no número de denúncias de três crimes de ódio entre 2023 e 2022: de casos de racismo (20,36%), LGBTfobia (discriminação contra Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero, Queer ou Questionadores, Intersexuais, Assexuais) que caiu (60,57%) e a misoginia, (57,56%).
Segundo a organização não-governamental, a queda nas denúncias desses tipos de crime em 2023 já era esperada, uma vez que as denúncias de crimes de ódio aumentam em anos eleitorais, comportamento registado em 2018, 2020 e 2022.
"A queda expressiva de denúncias desses indicadores, contudo, não foi suficiente para frear a tendência de alta no número de denúncias recebidas pela Safernet", concluiu.
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